A
restauração florestal em grande escala na Amazônia é uma importante “solução
baseada na natureza” para a mudança climática, um dos principais focos da
Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática COP26, organizada no
Reino Unido em novembro.
Recuperação
florestal, o processo de nova floresta que cresce em terras que já havia sido
desmatadas em seguida, abandonada desde a agricultura, pode rapidamente
capturar grandes quantidades de gás CO estufa – 2 da atmosfera.
É
a chave para o sucesso das políticas globais de mudança climática que visam
reduzir as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera, e como uma
forma de alcançar emissões “zero líquido”.
No
entanto, um novo estudo de uma equipe internacional de pesquisadores do Reino
Unido e do Brasil revela que as regiões com maior potencial para recuperação
florestal em grande escala – aquelas que sofreram o maior desmatamento –
apresentam atualmente os menores níveis de recuperação.
Essas
paisagens amazônicas altamente desmatadas também não mostram nenhum sinal de
recuperação, mesmo 20 anos após o desmatamento da floresta.
O
estudo, publicado na Environmental Research Letters, mostra que menos de 10%
das emissões de carbono do desmatamento na Amazônia foram compensadas pelo
crescimento de novas florestas.
Também
há uma grande diferença nessa compensação de carbono entre os nove países amazônicos.
O Brasil, que contém mais da metade da floresta amazônica, é responsável pela
maior parte do desmatamento e suas emissões de CO2 associadas.
Apenas um de seus estados (Pará) registrou mais desmatamento do que os outros 8
países amazônicos juntos.
No
entanto, o Brasil também está ficando para trás na recuperação florestal, com
apenas 25% das terras anteriormente desmatadas ocupadas por novas florestas e
apenas 9% das emissões de CO2 do desmatamento sendo compensadas.
Equador, por outro lado, está liderando o caminho com quase 60% de suas terras desmatadas em recuperação. Na Guiana, onde as florestas em recuperação são mais antigas e recapturaram mais CO2, quase um quarto das emissões do desmatamento foram compensadas.
Charlotte Smith, uma pesquisadora PhD na Lancaster University e principal autora do estudo, disse: “A pesquisa na Amazônia geralmente se concentra no Brasil porque ele contém a maior parte da floresta. Mas existem outros oito países amazônicos. Entender como a recuperação florestal difere entre os países pode nos ajudar a entender quais políticas dos países estão ajudando a manter o sumidouro de carbono florestal e quais não estão”.
Ela
acrescentou: “Os dados de satélites são cruciais para monitorar o desmatamento
em áreas tão grandes como a Amazônia e são a base para monitorar o sucesso dos
países em atingir suas metas internacionalmente acordadas para reduzir as
emissões de gases de efeito estufa. Este novo estudo é a primeira comparação de
perda e recuperação florestal entre países da Amazônia. Usamos imagens de
satélite de alta resolução para mapear seu desmatamento, recuperação e estoques
de carbono de 1986 a 2017”.
John
Healey, Professor de Ciências Florestais da Bangor University e coautor do
estudo, comentou: “Os resultados do estudo destacam três desafios principais
para o futuro das florestas amazônicas, a necessidade de:
(1)
incentivar a floresta em grande escala restauração em regiões altamente
desmatadas,
(2)
proteger novas florestas sem colocar em desvantagem os pequenos proprietários
que dependem da terra desmatada para a agricultura e,
(3)
evitar mais desmatamento”.
Ele
enfatizou que: “Enfrentar todos esses desafios com sucesso é essencial para
garantir que a Amazônia alcance seu potencial de mitigação das mudanças
climáticas”.
Os pesquisadores preveem que, à medida que dados mais precisos se tornam disponíveis sobre a quantidade de perda e recuperação florestal, de escalas nacionais a locais, isso permitirá um melhor direcionamento das intervenções para proteger e restaurar as florestas amazônicas remanescentes.
Os autores do artigo são Charlotte Smith (Lancaster University, UK), John Healey (Bangor University, UK), Erika Berenguer (Oxford University, UK), Paul Young (Lancaster University, UK), Ben Taylor (Lancaster University, UK), Fernando Elias (Embrapa Amazônia Oriental, Brasil), Fernando Del Bon Espírito-Santo (Universidade de Leicester, Reino Unido) e Jos Barlow (Universidade de Lancaster, Reino Unido). (ecodebate)
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