De acordo com as estimativas
municipais do IBGE, a população de São Gonçalo estaria em 1.084,8 milhão em
2019 e, sem incorporar o efeito da pandemia da covid-19, estaria em 1.098,4
milhão de habitantes em 2021. O número mais atualizado será divulgado após a
conclusão do censo demográfico 2022.
Mas há outros dados sobre
registros civis para os anos mais recentes. O Portal da Transparência do
Registro Civil fornece dados de nascimentos e de mortes, mas não os dados sobre
migração que só estarão disponíveis após a publicação dos resultados do censo
demográfico de 2022, do IBGE. Desta forma, o gráfico abaixo mostra o número de
nascimentos e óbitos e a variação vegetativa em São Gonçalo, para os anos de
2018 a 2022. São Gonçalo tinha crescimento vegetativo antes de 2020.
Nota-se que o número de nascimentos estava pouco acima de 7 mil bebês entre 2018 e 2020 e ficou abaixo de 7 mil em 2021 e 2022, refletindo a queda das taxas de natalidade durante a pandemia (pode refletir também um aumento de uma certa evasão de registros de nascimentos que são contabilizados em outros municípios, como a cidade do Rio de Janeiro e Niterói). O número de mortes que estava em torno de 6,6 mil óbitos em 2018 e 2019, passou para 8,3 mil em 2020, 9,3 mil em 2021 e é estimado em 7,7 mil em 2022. Consequentemente, São Gonçalo apresentou declínio vegetativo (nascimentos – mortes) nos 3 últimos anos.
A situação de São Gonçalo não é única. A cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, também apresentou decrescimento demográfico entre 2020 e 2022, sendo a única capital do país registrando taxa negativa no período. A cidade do Rio de Janeiro, capital fluminense, apresentou decrescimento demográfico em 2021.
No Estado do Rio de Janeiro, as projeções populacionais do IBGE indicam que as curvas de nascimentos e óbitos estão programadas para se encontrar em 2040, com números de nascimentos e óbitos em torno de 180 mil, conforme mostra o gráfico abaixo. A partir daí as curvas se invertem e o estado do Rio de Janeiro iniciará um processo de decrescimento populacional estrutural no restante do século. A estimativa é que haverá 153 mil nascimentos e 231 óbitos, com redução vegetativa anual de 78 mil pessoas em 2060.
De fato, a pandemia da covid-19 antecipou as tendências. Os registros da pandemia mostram que o estado do Rio de Janeiro já registrou cerca de 80 mil mortes da covid-19 e também houve uma redução do número de nascimentos, pois muitas mulheres e casais adiaram suas decisões reprodutivas em função da gravidade do quadro pandêmico.
No caso da cidade de São
Gonçalo, com o fim da pandemia, pode ser que haja uma diminuição no número de
mortes e um aumento do número de nascimentos nos próximos anos (de 2023 a
2030). Mas também pode ser que o início do decrescimento demográfico já tenha
começado e, talvez, indicando que o fim do crescimento da população gonçalense
já teve início e irá se aprofundar ao longo do restante do século.
Outra característica que foi
muito citada no período eleitoral se refere à presença de evangélicos na
cidade. Muitos jornalistas falaram que a cidade de São Gonçalo é a cidade mais
evangélica do país (e até do mundo). Mas isto carece de verdade e pode ser
classificado na categoria de fake news.
Segundo o censo demográfico de 2010 (último dado disponível) a população de São Gonçalo era de 999,7 mil habitantes, com 325,3 mil se declarando evangélicos (das diversas denominações). No mesmo ano de 2010, a cidade do Rio de Janeiro, com 6,3 milhões de habitantes, tinha 1,47 milhão de evangélicos (23,4%). A cidade de São Paulo com 11,3 milhões de habitantes tinha 2,49 milhões de evangélicos (22.1%). A cidade de Guarulhos com 1,22 milhão de habitantes, tinha 346,5 mil evangélicos (28,4%). Portanto, a maior cidade fluminense tem um número muito maior de evangélicos do que a segunda maior cidade fluminense, assim com as cidades de São Paulo e até Guarulhos.
A tabela abaixo mostra que o percentual de católicos caiu de 49,3% para 41,8% em São Gonçalo entre 2000 e 2010, enquanto o percentual de evangélicos (26,5% para 32,5%) e outras religiões (5,5% para 8,2%) aumentou e o percentual de pessoas que se declaram sem religião se manteve mais ou menos estável (em torno de 18%). Assim como o Brasil, a cidade de São Gonçalo está passando pelo fenômeno da transição religiosa e isto ocorre com mais rapidez nas gerações mais jovens.
Percentagem de pessoas, por grupos de idade e segmentos religiosos, São Gonçalo: 2000 e 2010.
Total grupos etários |
Católica |
Evangélica |
Outras |
Sem
religião |
||||
2000 |
2010 |
2000 |
2010 |
2000 |
2010 |
2000 |
2010 |
|
Total |
49,3 |
41,8 |
26,5 |
32,5 |
5,5 |
8,2 |
18,7 |
17,5 |
0-14 |
44,7 |
37,8 |
28,5 |
36,3 |
4,8 |
6,8 |
22,1 |
19,1 |
15-64 |
50,4 |
41,9 |
25,7 |
31,6 |
5,6 |
8,4 |
18,3 |
18,1 |
65 –
+ |
55,9 |
51,0 |
27,5 |
30,9 |
6,7 |
9,2 |
9,9 |
9,0 |
Fonte: Censos demográficos do IBGE de 2000 e 2010
Porém, existem diversas cidades fluminenses mais avançadas na transição religiosa. Por exemplo, em 2010, o percentual de evangélicos era de 46,2% em Paty do Alferes, de 44% em Seropédica, de 42,8% em Queimados, de 36,9% em Nova Iguaçu e de 36,8% em Duque de Caxias.
Portanto, São Gonçalo não é a cidade com maior número de evangélicos, nem em termos absolutos e nem em termos relativos. E como a população gonçalense já se estabilizou e está inclusive em decrescimento vegetativo é exagero considerar a cidade como a “capital” evangélica do país. (ecodebate)
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