quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Pan-Amazônia já perdeu 17% de sua cobertura nativa

Mapa da Pan-Amazônia. In Guimarães, Filipe & Porto, Jadson & Pizzio, Alex. (2022). Política pública em turismo na Amazônia Legal: Metodologia para análise da atividade política dos Deputados Federais.

Os dados de desmatamento da Amazônia surpreendem por extensão e velocidade. Quase 125 milhões de hectares de vegetação nativa do bioma foram destruídos até 2021.

Só que em 1985 a área desmatada ocupava 50 milhões de hectares. Isso significa que em apenas 37 anos foram desmatados 75 milhões de hectares de vegetação nativa – 50% a mais do que havia sido desmatado historicamente até 1985.

Desse total, 74 milhões de hectares foram convertidos para atividades agropecuárias e silvicultura, que passaram de 49 milhões de hectares em 1985 para 123 milhões de hectares em 2021.

O Brasil, que responde por 61,9% do território amazônico, perdeu 61,5 milhões de hectares de vegetação natural, ou 82% do que foi devastado no período de 1985 a 2021.

Os dados fazem parte da Coleção 4 de mapas anuais de cobertura e uso da terra do Projeto MapBiomas Amazônia, iniciativa resultante da colaboração entre a RAISG (Rede Amazônica de Informações Socioambientais Georreferenciadas) e a Rede MapBiomas, que mapeia as mudanças de uso da terra em todos os nove países amazônicos (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela).

Segundo os autores, as perdas têm sido enormes, praticamente irreversíveis e sem perspectiva de reversão dessa tendência. Os dados acendem a luz amarela e dão um sentido de urgência à necessidade de uma ação internacional integrada, decisiva e contundente.

Em 2021, a Amazônia havia perdido 17% de sua cobertura vegetal natural. No Brasil a área de vegetação nativa do bioma amazônico é de 79% em 2021, ou seja, a devastação já adentrou a faixa de risco traçada pelos cientistas, entre 20% e 25% de perda da cobertura florestal.

Se a tendência atual verificada pelo MapBiomas Amazônia continuar, o bioma, que é um sumidouro de carbono de importância planetária, chegará a um ponto sem volta, afetando irreversivelmente seus serviços ecossistêmicos.

O mapeamento também mostra que as geleiras dos Andes amazônicos, que fornecem água para milhões de pessoas e alimentam as nascentes dos grandes rios da região, perderam 46% de seu gelo no período analisado.

A atividade minerária, por sua vez, expandiu-se 1107% (mais de 1.000%, passando de 47 mil hectares em 1985 para mais de 571 mil hectares em 2021).

BOLÍVIA

Na Bolívia, que responde por 8,4% do território amazônico, a área coberta por vegetação florestal nativa caiu de 48 milhões de hectares para 43 milhões de hectares entre 1985 e 2021. Nesse período, a área de agropecuária e silvicultura na parte boliviana do bioma saltou de 2 milhões de hectares para 8 milhões de hectares. A área de vegetação nativa do bioma amazônico boliviano é de 85,5% em 2021.

BRASIL

No Brasil, que responde por 61,9% do território amazônico, a área coberta por vegetação florestal nativa caiu de 442 milhões de hectares para 382 milhões de hectares entre 1985 e 2021 – uma perda de 60 milhões de hectares, ou 80% do total perdido no período no bioma como um todo. Nesse período, a área de agropecuária e silvicultura na parte brasileira do bioma praticamente triplicou, passando de 36 milhões de hectares para 98 milhões de hectares. A área de vegetação nativa do bioma amazônico brasileiro é de 79% em 2021 – a mais baixa entre todos os países amazônicos.

COLÔMBIA

Na Colômbia, que responde por 6% do território amazônico, a área coberta por vegetação florestal nativa caiu de 45,1 milhões de hectares para 42,6 milhões de hectares entre 1985 e 2021. Nesse período, a área de agropecuária e silvicultura na parte colombiana do bioma passou de 2,4 milhões de hectares para 4,6 milhões de hectares. A área de vegetação nativa do bioma amazônico colombiano é de 89,5% em 2021.

EQUADOR

No Equador, que responde por apenas 1,6% do território amazônico, a área coberta por vegetação florestal nativa caiu de 10,3 milhões de hectares para 9,8 milhões de hectares entre 1985 e 2021. Nesse período, a área de agropecuária e silvicultura na parte equatoriana do bioma passou de 1,3 milhão de hectares para 1,9 milhão de hectares. A área de vegetação nativa do bioma amazônico equatoriano é de 83% em 2021.

GUIANA

A Guiana, que responde por apenas 2,5% do território amazônico, a área coberta por vegetação florestal nativa caiu de 18,8 milhões de hectares para 18,7 milhões de hectares entre 1985 e 2021. A área de vegetação nativa do bioma amazônico guianense é de 97,4% em 2021.

GUIANA FRANCESA

A Guiana Francesa, que responde por apenas 1% do território amazônico, a área coberta por vegetação florestal nativa caiu de 8,21 milhões de hectares para 8,16 milhões de hectares entre 1985 e 2021. Nesse período, a área de agropecuária e silvicultura na parte guianense do bioma passou de 200 mil hectares para 400 mil hectares. A área de vegetação nativa do bioma amazônico guianense é de 98,1% em 2021 – a mais alta entre todos os países amazônicos.

PERU

No Peru, que responde por 11,4% do território amazônico, a área coberta por vegetação florestal nativa caiu de 73 milhões de hectares para 70 milhões de hectares entre 1985 e 2021. Nesse período, a área de agropecuária e silvicultura na parte peruana do bioma passou de 6 milhões de hectares para 9,5 milhões de hectares. A área de vegetação nativa do bioma amazônico peruano é de 87% em 2021.

SURINAME

No Suriname, que responde por 1,7% do território amazônico, a área coberta por vegetação florestal nativa caiu de 13,8 milhões de hectares para 13,7 milhões de hectares entre 1985 e 2021. Nesse período, a área de agropecuária e silvicultura na parte surinamesa do bioma passou de 110 mil hectares para 150 mil hectares. A área de vegetação nativa do bioma amazônico surinamês é de 96,7% em 2021.

VENEZUELA

Na Venezuela, que responde por 5,6% do território amazônico, a área coberta por vegetação florestal nativa caiu de 38,6 milhões de hectares para 37,9 milhões de hectares entre 1985 e 2021. Nesse período, a área de agropecuária e silvicultura na parte venezuelana do bioma passou de 0,9 milhão de hectares para 1,3 milhão de hectares. A área de vegetação nativa do bioma amazônico venezuelano é de 94% em 2021. (ecodebate)

Nenhum comentário:

Poluição plástica pode matar embriões de animais oceânicos

Oceanos em 2050 vão ter mais plástico do que peixes, alerta Fórum de Davos. Altos níveis de poluição plástica podem matar os embriões de uma...