A conclusão é de
estudo realizado pelos pesquisadores Antonio Carlos Oscar Júnior, da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e Francisco de Assis Mendonça,
da Universidade Federal do Paraná (UFPR)
A pesquisa, publicada
em 2021 utiliza modelos de previsão climática para as próximas décadas e uma
avaliação sobre o potencial impacto à eclosão de ovos do mosquito Aedes,
transmissor da dengue, e ao ciclo de vida do inseto, para estimar a ocorrência
da doença até 2070.
Segundo a pesquisa, um dos principais fatores para o aumento da proliferação do mosquito é a temperatura. No Rio de Janeiro, a previsão é de aumentos das temperaturas média e mínima nos próximos anos, o que favoreceria o ciclo de reprodução do Aedes.
Com isso, o período de inverno, quando historicamente há menos infecção pelo vírus da dengue, deverá passar a ter dias mais quentes, o que ampliará a janela de temperatura ótima para a infestação pelo mosquito Aedes e, consequentemente, o potencial para novos casos da doença nessa estação.
O aumento da
temperatura no estado também poderá expandir a ocorrência do mosquito em locais
do território fluminense onde hoje é limitada por causa do frio, como a região
serrana, o sul fluminense e o noroeste do estado.
“Provavelmente, até
2070, vai ser ampliada a população do estado exposta à dengue. Eu não posso
falar que vai ter um aumento no número de infecções ou um aumento no número de
mortes. O que posso dizer é que são desenvolvidas condições ambientais
adequadas para um aumento da população do mosquito. Como aumenta o vetor, tem
uma maior difusão do vírus e uma maior exposição da população ao vírus”,
afirmou.
A publicação do estudo, em 2021, não encerrou a pesquisa, que continua coletando dados climáticos e sua relação com a ocorrência do Aedes aegypti. O professor Oscar Júnior coordena uma rede de estações que fazem monitoramento meteorológico e possuem ovitrampas (armadilhas para mosquitos).
No Brasil, diretor-geral da OMS fala em “ressurgimento global” da dengue por conta de mudanças climáticas
Tedros Adhanom disse
ainda que a organização pretende auxiliar no processo de desenvolvimento de
imunizantes.
A rede de
monitoramento hoje funciona em cerca de dez estações no Grande Rio e nas
regiões sul, serrana e dos Lagos. A meta é expandi-la para outras regiões do
estado. Além de contribuir para o entendimento entre a relação do mosquito com
o clima, o sistema poderá ser usado para alertar autoridades sanitárias sobre
riscos de infestação de Aedes aegypti, através de relatórios periódicos.
“Através dessa rede
de monitoramento, a gente quer criar um sistema de alerta para que a gente
possa diuturnamente, semanalmente avaliar o risco de desenvolvimento do Aedes
aegypti e, portanto, de infecção”, explica Oscar Júnior. “A gente acredita que
esse sistema de alerta vai ser um produto útil e prático para fornecer
informações semanalmente para que sejam tomadas decisões e possam atuar em
relação ao risco de um aumento do número de casos de dengue”.
A ideia é começar a emitir relatórios semanais, a partir dos dados coletados na rede de monitoramento, já no próximo semestre.
Mudanças climáticas podem ampliar infestação de mosquito Aedes no Rio.
Segundo Oscar Júnior,
independentemente da imunização da população contra a dengue, que deve começar
neste mês em algumas cidades brasileiras, o monitoramento do mosquito continua
sendo importante, não só por causa da dengue, mas também devido a outras
arboviroses transmitidas pelo Aedes, como a zika, a chikungunya e a febre
amarela. (ecodebate)
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