Dados
do observatório Copernicus, da União Europeia, divulgados em 10/02/2 indicam
que a temperatura média global no ano passado foi 1,6°C superior aos valores de
1850 a 1900, o parâmetro para os termômetros antes da emissão em larga escala
de gases-estufa.
Em
2024, a temperatura média no planeta foi de 15,10°C, ficando 0,12°C acima do
que foi registrado em 2023, o até então recordista de calor da série histórica.
Também no Brasil 2024 bateu o ano anterior como o mais quente já computado,
segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), considerando medições
desde 1961.
Os
resultados indicam que a Terra segue em trajetória de rápido aquecimento, alimentado
pela concentração recorde de CO2 e de outros gases que ampliam o
efeito estufa.
"Honestamente, eu estou já estou ficando sem metáforas para explicar o aquecimento que nós estamos vendo", disse Carlo Buontempo, diretor do serviço de mudanças climáticas do Copernicus.
Assista ao vídeo Eventos climáticos extremos serão o novo normal: https://www.youtube.com/shorts/PZiZzHs8FxA
Eventos
climáticos extremos são o novo normal, de acordo com a Organização
Meteorológica Mundial (OMM). Em relatórios divulgados pela OMM nos últimos
anos, há descobertas alarmantes. A média de temperatura até 2032 deverá
ultrapassar 1ºC acima dos níveis pré-industriais pela primeira vez.
"O
que apresentamos hoje não são nossas opiniões pessoais nem cálculos de modelos
complexos. Estes são dados baseados em observações, milhões de observações, que
mais uma vez nos dizem de forma inequívoca que o clima continua
aquecendo", completou o cientista durante a apresentação do relatório à
imprensa.
Todos os 366 dias de 2024 tiveram aquecimento acima de 1,25°C, enquanto três quartos deles superaram 1,5°C.
Além
de ser o consenso científico para limitar as piores consequências das mudanças
climáticas, como o fim de países insulares, o aquecimento de 1,5°C também é a
meta preferencial pactuada pela comunidade internacional no Acordo de Paris, de
2015.
Embora
considerem que o resultado seja um sinal de alerta, os pesquisadores destacam
que essa barreira ainda não foi definitivamente ultrapassada. Para isso, seriam
necessárias duas décadas com temperaturas acima desse patamar.
Além do recorde nos termômetros aferido pelo observatório europeu, outras instituições, incluindo a NASA (agência espacial americana) e a OMM (Organização Meteorológica Mundial), vinculada à ONU (Organização das Nações Unidas), confirmaram que 2024 foi o ano mais quente da história da humanidade.
As instituições trabalham com diferentes fontes de dados, além de usarem metodologias distintas, por isso, há diferenças quanto aos níveis de aquecimento identificados em cada uma.
A
OMM, que analisa os seis principais conjuntos de dados internacionais, indicou
que esse aquecimento foi de 1,55°C. Já a NASA estimou que o incremento em
relação aos níveis pré-industriais foi de 1,47°C.
Todas
as entidades foram unânimes, contudo, em destacar que os níveis de calor são
sem precedentes. Os últimos dez anos (2015-2024) foram os mais quentes já
computados.
"Cada
ano na última década está entre os dez mais quentes já registrados. Estamos
agora à beira de ultrapassar o nível de 1,5°C definido no Acordo de Paris, e a
média dos últimos dois anos já está acima desse nível", pontuou Samantha
Burgess, líder estratégica para o clima do Centro Europeu de Previsões
Meteorológicas a Médio Prazo.
"Essas
altas temperaturas globais, juntamente com níveis recordes de vapor d’água
atmosférico em 2024, resultaram em ondas de calor e eventos de chuva intensa
sem precedentes, causando sofrimento para milhões de pessoas", completou.
A
quantidade total de vapor d’água na atmosfera chegou a níveis máximos, ficando
cerca de 5% acima da média de 1991 a 2020. O resultado também foi 1% maior do
que o registrado em 2016 e 2023, os recordistas anteriores.
O relatório indica que esse suprimento abundante de umidade no ar contribuiu para ampliar o potencial de ocorrência de chuvas extremas. Combinado às altas temperaturas na superfície do mar, o cenário também foi favorável ao desenvolvimento de "grandes tempestades, incluindo ciclones tropicais".
Por todo o globo, houve ocorrências de eventos climáticos extremos, que foram desde grandes inundações até ondas de calor severo.
"Os
muitos eventos recordes que vimos ao longo dos últimos 12 meses não são meras
casualidades estatísticas, mas sim uma consequência direta do aquecimento
generalizado do nosso sistema climático. Esse aquecimento é, em grande parte,
impulsionado pelo aumento constante das concentrações atmosféricas de gases de
efeito estufa", disse Buontempo.
Além
disso, a conjugação de temperaturas elevadas e alta umidade contribuiu para
níveis elevados do chamado estresse térmico, que representa um grave risco à
saúde. Em 10 de julho de 2024, o planeta atingiu um novo pico histórico desse
indicador, com 44% do globo afetado por estresse térmico forte ou extremo.
Ainda
que o fenômeno atmosférico El Niño tenha favorecido as temperaturas
particularmente altas no primeiro semestre de 2024, os pesquisadores consideram
que a alta concentração de gases-estufa foi a principal responsável para o ano
de aquecimento recorde.
Os
primeiros seis meses de 2024 foram de calor intenso, com cada mês registrando
temperaturas globais recordes para o respectivo período. Isso acabou
contribuindo para uma sequência de 13 meses de recordes mensais de
temperaturas, encerrada em junho.
Ainda assim, os termômetros globais permaneceram significativamente acima da média. Em 22 de julho, foi registrado um novo recorde para o dia mais quente da série histórica: 17,16°C.
Eventos Climáticos Extremos causados pela mudança climática
Nos
oceanos, o aquecimento também atingiu valores máximos na série histórica. Em
2024, a temperatura média anual da superfície do mar chegou a 20,87°C: um novo
recorde que está 0,51°C acima da média de 1991 a 2020. (msn)
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