A
temperatura média global foi de 15,10°C, representando um aumento de 1,6°C.
O
índice ficou acima de 1,5°C ao longo de 11 meses do ano.
O
ano passado foi marcado por sucessivos recordes mensais de temperaturas.
O
limite de 1,5°C é considerado um alerta crítico para evitar consequências
graves no clima. O Acordo de Paris estabelece esse limite como uma fronteira
entre um planeta habitável ou não. No entanto, o acordo considera a média de 20
anos, o que significa que o limite não foi ultrapassado de forma definitiva.
O
aquecimento global é atribuído sobretudo à ação humana e ao fenômeno
meteorológico El Niño no Oceano Pacífico.
Má notícia: 2024 foi o ano mais quente da história, anunciaram cientistas em 10/01/25. Mas não só: pela primeira vez nos registros, a Terra ficou 1,5ºC mais quente do que a temperatura registrada na era pré-industrial.
O limite de 1,5°C é significativo porque os cientistas o consideram um ponto de inflexão fundamental para o planeta.
O
número é bastante impactante por si só, mas também tem um caráter simbólico:
1,5ºC foi adotado pelo Acordo de Paris, em 2015, como uma espécie de limite
máximo de aquecimento – acima desse teto, o mundo passaria a enfrentar as
piores consequências da crise climática, como o desaparecimento de ilhas
inteiras, intensificação de secas, mais eventos climáticos extremos (como as
chuvas do Rio Grande do Sul). E, segundo os novos dados, cruzamos o tal limite
em 2024.
Não
é o fim da linha, por ora. O “estouro” do limite aconteceu em apenas um ano
isolado, mas cientistas costumam levar em conta a média da temperatura de uma
década como referência, a fim de filtrar anomalias (anos pontuais que são
anormalmente frios ou quentes).
Nessa
métrica de 10 anos, a Terra ainda está “só” 1,3ºC mais quente do que na era
pré-industrial, ou seja, ainda dentro do limite do Acordo de Paris.
Mesmo
assim, a medição de 2024 acende um enorme alerta vermelho, que pode indicar que
não só o planeta continua esquentando como que esse processo está acontecendo
ainda mais rápido do que prevíamos.
A notícia foi divulgada pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), que, por sua vez, contou com seis bases de dados diferentes que calculam de forma independente a temperatura da Terra, incluindo aí organizações como a NASA e a Agência Meteorológica do Japão. Embora haja pequenas variações entre as medições dessas seis iniciativas, a média entre elas mostra que 2024 ficou 1,55ºC mais quente do que a temperatura pré-industrial.
]Temperaturas anuais da superfície global em comparação com diferentes médias de longo prazo. Para o conjunto de dados de temperatura global da NOAA, “pré-industrial” é definido como o período de 1850-1900. Para relatórios mensais de rotina, a NOAA compara as temperaturas mensais com a média do século 20.
Usa-se
a temperatura registrada entre 1850 e 1900 como referência porque o período é
anterior a industrialização massiva do mundo (ou seja, a tal era
pré-industrial); a partir do século 20, a humanidade passou a queimar
combustíveis fósseis em grande escala, emitindo assim gases do efeito estufa
que levam ao aquecimento do globo.
O limite de 1,5ºC foi estabelecido pelo Acordo de Paris em 2015, no qual quase 200 países concordaram em manter o aquecimento global abaixo desse teto. Como explicamos, esse número é calculado por década, e não em anos individuais, então o fato de 2024 ter passado do limite não significa necessariamente que esse objetivo já falhou – mas indica que está cada vez mais difícil atingi-lo.
As alterações climáticas são o principal desafio que a humanidade enfrenta. E, como tal, requer medidas drásticas, não remendos.
Meta
foi definida porque tanto modelos como dados paleoclimáticos mostram que acima
de 1,5°C o risco de impactos graves torna-se maior do que o mundo estava
disposto a tolerar.
Além
disso, a medição de 2024 foi atipicamente quente, mostrando um aumento
significativo em relação a 2023, que, por sua vez, já havia batido o recorde de
ano mais quente já registrado. Isso levanta uma enorme questão: será que esses
dois anos de rápido aquecimento são uma anomalia pontual, ou será que, daqui
para frente, a temperatura vai seguir aumentando ainda mais rápido do que o
previsto?
Por
isso, a divulgação do dado acendeu o alerta vermelho entre especialistas.
Cientistas e autoridades, porém, lembraram que isso não é motivo para jogar a
toalha e desistir de tentar reverter o pior cenário. Pelo contrário; é hora de,
mais do que nunca, diminuir o uso dos combustíveis fósseis e as emissões totais
de carbono.
“A história climática está se desenrolando diante dos nossos olhos. Não tivemos apenas um ou dois anos de quebra de recordes, mas sim uma série completa de dez anos. Isso foi acompanhado por eventos climáticos extremos e devastadores, além da elevação do nível do mar e do derretimento do gelo, tudo isso alimentado por níveis recordes de gases de efeito estufa devido às atividades humanas”, disse, em comunicado, a Secretária-Geral da OMM, Celeste Saulo.
Impactos globais com 1,5°C e 2°C de aquecimento sobre a temperatura média do período de dias mais quentes e de noites mais frias do ano. Em ambos os cenários, tanto os dias quanto as noites ficarão mais quentes, com maior impacto no cenário de 2ºC e no Hemisfério Norte no caso das noites. (msn)
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