Das secas persistentes no sul
da África e na América Central no início do ano até as recentes chuvas
devastadoras na Espanha e no Rio Grande do Sul, e o mortal Furacão Helene na
costa leste dos Estados Unidos, 2024 tem sido um ano marcado por eventos
climáticos que afetaram a vida de bilhões de pessoas.
Em um artigo publicado na
revista Advances in Atmospheric Sciences, uma equipe internacional de
cientistas do Instituto de Física Atmosférica, da Academia Chinesa de Ciências,
apresentou uma visão geral das características e impactos dos eventos extremos
mais notáveis do ano, incluindo chuvas intensas e inundações, ciclones tropicais
e secas.
Além disso, eles discutem as
causas desses eventos, o papel do aquecimento global e os desafios que
enfrentaremos no futuro para sermos “resilientes ao clima”.
Muitos dos eventos extremos
de chuva e seca de 2024 foram relacionados às configurações atmosféricas
associadas ao El Niño no inverno de 2023/24. No entanto, o fenômeno ENSO (El
Niño-Southern Oscillation) não explica completamente os eventos individuais.
Além disso, de acordo com estudos de atribuição de eventos extremos, ou “ciência da atribuição”, sabemos que as mudanças climáticas induzidas pelo homem desde a eram pré-industrial agravaram, em muitos casos, chuvas extremas, ciclones tropicais e secas, bem como seus impactos socioeconômicos associados.
Apesar de nossa compreensão sobre o motivo pelo qual o mundo está enfrentando eventos climáticos extremos cada vez mais fortes e frequentes, a equipe de pesquisa por trás deste estudo deixa claro que ainda há desafios cruciais no conhecimento e na atribuição desses fenômenos — especialmente as inconsistências frequentemente observadas entre extremos medidos e modelados (principalmente para chuvas intensas), o que limita nossa confiança nos resultados de atribuição.
Outro aspecto crucial dessa
história em constante desenvolvimento sobre nosso clima é a capacidade de
prever e comunicar com precisão a ocorrência de eventos extremos e, então, agir
de forma apropriada. Fazer isso poderia salvar muitas vidas que, de outra
forma, seriam perdidas em enchentes e furacões como os de 2024.
À medida que nos adaptamos a
uma sensação quase inevitável de que este é o mundo em que vivemos agora,
cresce a percepção de que é necessário agir para nos protegermos e, ao mesmo
tempo, prevenir o problema em sua origem.
Vimos em Valência, na Espanha, após as devastadoras enchentes e deslizamentos de terra em outubro ou as inundações no Rio Grande do Sul, não é preciso muito para que os impactos dos eventos climáticos extremos se traduzam em frustração e raiva entre as pessoas afetadas.
Fica claro que é mais urgente do que nunca não apenas trabalhar para compreender melhor os fatores que impulsionam o clima extremo, mas também prever melhor sua ocorrência e desenvolver sistemas eficazes para agir rapidamente com base nas informações disponíveis.
Só assim poderemos estar
melhor preparados para anos como 2024. (ecodebate)
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