Pesquisadores da Universidade
da Califórnia em Santa Barbara (UCSB) mapearam pela primeira vez a pressão
cumulativa de atividades humanas sobre os ecossistemas marinhos e projetam um
futuro alarmante se não houver mudanças urgentes.
Um estudo inédito realizado
por cientistas da Universidade da Califórnia em Santa Barbara (UCSB) soa um
alarme para o futuro dos oceanos: o impacto humano sobre a vida marinha global
está a caminho de dobrar até o ano de 2050. A pesquisa, que oferece a visão
mais abrangente já feita sobre o tema, atribui a projeção principalmente ao
aquecimento das águas provocado pelas mudanças climáticas.
A investigação, publicada na
renomada revista Nature Sustainability, não se limitou a analisar fatores
isolados, como poluição ou pesca. Pela primeira vez, os pesquisadores criaram
um modelo que integra e sobrepõe 16 diferentes fatores de estresse
antropogênico – desde a acidificação dos oceanos e o transporte comercial até a
pesca de arrasto e a poluição por fertilizantes. O objetivo foi calcular a
“pegada” humana total nos ecossistemas marinhos.
Os resultados mostram que,
atualmente, a atividade humana já exerce pressão significativa em quase todos
os cantos dos oceanos do mundo, o equivalente a 95% da área marinha. No
entanto, a projeção para as próximas décadas é o que mais preocupa.
O estudo também identificou
os “pontos quentes” de maior pressão, que incluem regiões costeiras densamente
povoadas, mares fechados como o do Norte e o da China Oriental, e até mesmo
áreas remotas, como o Atlântico Norte e o Oceano Antártico, devido às rotas de
transporte e aos efeitos climáticos.
Uma descoberta crucial, e
socialmente relevante, é a desigualdade do impacto. A pesquisa conclui que as
nações desenvolvidas geram, em média, uma pressão duas vezes maior por pessoa
sobre os oceanos do que os países em desenvolvimento. No entanto, os efeitos
mais severos dessa pressão recaem desproporcionalmente sobre as comunidades
costeiras de nações insulares e em desenvolvimento, que dependem diretamente do
oceano para sua subsistência e segurança alimentar.
Poluição oceânica por plásticos quadruplicará até 2050
O cenário da ação imediata
Apesar do cenário sombrio, os
cientistas enfatizam que a projeção não é um destino inevitável. O estudo
modelou um segundo cenário, no qual a humanidade adota políticas agressivas
para combater as mudanças climáticas (seguindo o caminho de baixas emissões do
IPCC) e implementa gestões eficazes de conservação marinha.
Neste caminho alternativo, a
projeção de crescimento do impacto cai drasticamente. Em vez de dobrar, o
aumento seria de apenas 50% – um número ainda alto, mas significativamente mais
gerenciável, que daria uma chance de recuperação para os ecossistemas marinhos.
“Esta não é uma sentença, é
um alerta”, afirma o pesquisador. “Os dados nos mostram com clareza as
consequências de continuarmos no caminho atual, mas também nos mostram que
temos uma escolha. A janela para agir é pequena, mas ainda está aberta. Ações
decisivas contra as mudanças climáticas e a favor da conservação marinha podem
mudar radicalmente o futuro que aguarda nossos oceanos”.
A mensagem final do estudo é
clara: o que acontecer nos próximos anos determinará se a pressão sobre os
oceanos atingirá níveis críticos ou se começará a ser controlada, garantindo a
saúde do maior ecossistema do planeta para as gerações futuras.
Impactos de pressão
cumulativos e individuais atuais e futuros sobre os ecossistemas costeiros e
offshore.
Impacto humano no oceano duplicará até 2050, alertam cientistas
(A) Gráfico de densidade de estimativas de células rasterizadas offshore e costeiras de impactos cumulativos; as células rasterizadas offshore foram amostradas aleatoriamente para ter o mesmo tamanho de amostra que a região costeira (valores relatados no quadro S2).
(B) Estimativas médias de impactos de pressão para as regiões offshore e costeiras, a seta descreve a direção da mudança (valores comunicados no quadro S3). As regiões costeiras representam águas oceânicas dentro de 20 km da costa. (ecodebate)
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