sábado, 7 de novembro de 2009

Poluição não aquece, e sim "esfria" a Terra

Estudo indica complexidade de gás-estufa Interação com partículas em suspensão muda estimativas sobre aquecimento global, afirma americano As negociações internacionais sobre mudança climática estão baseadas em dados incompletos sobre os verdadeiros efeitos das emissões de gás que causam o aquecimento do planeta, aponta um estudo publicado na última edição da revista americana "Science". Tanto os dados previstos no Protocolo de Kyoto, de 1997, quanto os disponíveis para o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática não levam em consideração a complexa interação entre partículas de poluição do ar e os gases que ajudam a aquecer a Terra. Sabia-se que algumas dessas partículas ou "aerossóis", contribuem para diminuir a temperatura do planeta. Novo estudo feito por pesquisadores nos EUA, demonstrou agora como essa interação na atmosfera pode alterar o acúmulo desses gases causadores do efeito estufa. As negociações internacionais estão centradas no dióxido de carbono, o principal causador das mudanças climáticas, tanto pela quantidade quanto pelo acúmulo no passado desde a Revolução Industrial. A principal descoberta agora foi que o gás metano tem um maior impacto no aquecimento do planeta do que se considerava. Fica clara a complexa relação entre o combate à poluição do ar e seu efeito no clima. Como alguns aerossóis poluidores, como os sulfatos (compostos que contém óxido de enxofre), contribuem para esfriar o planeta, sua eliminação do ar tenderia, ironicamente, a aquecer a Terra. A simulação feita em computador pela equipe de Drew Shindell, do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa, sugere que, embora a interação possa alterar mais a quantidade de aerossóis do que de gases, o efeito de aquecimento do metano aumentaria em um terço. "Se o metano aumentar no futuro, teremos mais aquecimento do que foi projetado. E se ele diminuir, teremos menos aquecimento do que projetado", disse Shindell à Folha. Fuligens e fuligens Já o irônico dado de que, quanto mais limpo o ar, mais aquecimento haverá, "é uma questão mais complicada", diz ele. "Depende muito de como o ar será limpo e vai variar de região para região e ao longo do tempo também." Um exemplo são os veículos movidos a diesel. "A transição de combustíveis ricos em enxofre usados em muitos países em desenvolvimento para combustíveis com baixo teor de enxofre vai levar a ar mais limpo, mas a mais aquecimento. Contudo, os filtros de partículas só podem ser aplicados a veículos usando combustíveis com baixo enxofre, e esses resultam em ar limpo e esfriamento, pois captam a fuligem, que é um agente de aquecimento", afirma Shindell. Quanto ao metano, o pesquisador da NASA aposta que o "GWP" -sigla em inglês para "potencial de aquecimento global", termo adotado pelo Protocolo de Kyoto- deverá ser recalculado para levar em conta a interação gás-aerossol. "Nós fizemos isso no nosso artigo. Outros, esperamos, farão cálculos semelhantes logo. Do contrário, estaremos fazendo escolhas ineficientes na redução das nossas emissões de gases-estufa", afirma Shindell.

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