Novo estudo associa ondas de calor nos EUA e as mudanças no clima pela ação humana
Anomalias –
Aquecimento
Cientista da NASA vê
relação entre verões extremos e aquecimento global
O diretor do
Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA, James Hansen, considerado um
dos cientistas que mais tem alertado ao longo dos anos sobre os impactos das
mudanças climáticas, disse nesta semana que o problema é maior do que se
pensava.
“Minhas projeções
sobre o aumento da temperatura global demonstraram ser verdadeiras. Mas falhei
em prever a rapidez (das mudanças)”, disse Hansen em um artigo publicado no
jornal americano The Washington Post.
No texto “A mudança
climática está aqui e é pior do que pensávamos”, o cientista diz que, quando
testemunhou diante do Senado americano, no verão de 1988, traçou “um panorama
obscuro sobre as consequências do aumento contínuo da temperatura impulsionado
pelo uso de combustíveis fósseis”.
“Tenho uma confissão
a fazer”, disse, no artigo. “Fui muito otimista.”
O novo estudo teve
sua publicação pela revista da Academia de Ciências dos EUA (Proceedings of
the National Academy of Sciences) antecipada após o artigo de Hansen no
jornal.
‘Verões extremos’
Segundo Hansen, os
verões de calor extremo registrados recentemente em diversos pontos do planeta
provavelmente são resultado do aquecimento global.
Entre os episódios
atribuídos à mudança climática, ele cita a seca do ano passado nos Estados
americanos do Texas e de Oklahoma, as temperaturas extremas registradas em
Moscou em 2010 e a onda de calor que atingiu a França em 2003.
As variações
climáticas naturais podem ser muito amplas e a relação entre fenômenos extremos
e aquecimento global é tema de intensa controvérsia.
No entanto, Hansen
afirma que as recentes ondas de calor estão vinculadas à mudança climática e
que a nova análise estatística realizada por ele e outros cientistas da NASA
mostra claramente esse vínculo.
Os cientistas da Nasa
analisaram a temperatura média no verão desde 1951 e mostraram que em décadas
recentes aumentou a probabilidade do que definem como verões “quentes”, “muito
quentes”, e “extremamente quentes”.
Cientistas da NASA
analisaram a temperatura média no verão desde 1951
Os verões “extremamente
quentes”, dizem, se tornaram mais frequentes. Desde 2006, cerca de 10% da
superfície em terra (não sobre o mar) no hemisfério norte tem registrado essas
temperaturas extremas em todos os verões.
Hansen disse que é
necessário que o público entenda o significado do aquecimento global devido à
ação humana.
“É pouco provável que
as ações para reduzir as emissões de gases alcancem os resultados necessários
enquanto o público não reconhecer que a mudança climática causada pela ação
humana está ocorrendo”, disse.
“E perceber que
haverá consequências inaceitáveis se não forem tomadas ações eficazes para
desacelerar este processo.”
Reações
De acordo com o
analista de meio ambiente da BBC, Richard Black, o estudo de Hansen foi
recebido com reações diversas pela comunidade científica.
Andrew Weaver, da
Universidade Victoria, no Canadá, disse que o estudo é um trabalho “excelente”,
que requer uma pergunta diferente da feita por Hansen e seus colegas.
“Perguntar se isso se
deve à mudança climática é equivocado”, disse Weaver.
“O que podemos
perguntar é o quão provável é que isso pudesse ocorrer na ausência do
aquecimento global. É tão extraordinariamente improvável que a causa tem que
ser o aquecimento global.”
Mules Allen,
professor da Universidade de Oxford, disse que o estudo concorda em linhas
gerais com análises prévias, mas observa que a interpretação vai “além do que
muitos cientistas aceitariam sem problemas”. (EcoDebate)
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