O aquecimento global é uma ameaça, de plantações de café às
raposas do Ártico
Mudança climática
ameaça desde cafeicultores a raposas do Ártico – A mudança climática é uma
ameaça para tudo, de plantações de café às raposas do Ártico, e até mesmo um
aumento moderado das temperaturas mundiais vai ser prejudicial para plantas e
animais em algumas regiões, disseram especialistas.
Habitats como os
recifes de coral ou a região do Ártico estão entre os mais vulneráveis ao
aquecimento global, afirmaram cientistas em uma conferência em Lillehammer, sul
da Noruega, organizado pela Global Biodiversity Information Facility (GBIF).
Quase 200 governos
concordaram em 2010 com uma meta de limitar o aquecimento global a menos de 2
graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, visto como um limiar para
mudanças perigosas, como secas, inundações, desertificação e elevação dos
níveis dos mares.
“Com 2 graus você tem
impactos. A ideia de que 2 graus é um nível seguro realmente não se sustenta”,
disse Jeff Price, coordenador da Iniciativa Wallace, um grupo internacional que
busca modelar os efeitos das mudanças climáticas sobre 50.000 tipos de plantas
e animais.
“E quando você começa
a ir além dos 2 graus, os impactos sobre a biodiversidade começam a aumentar
rapidamente em grande parte do mundo”, afirmou ele. Gases de efeito estufa pela
queima de combustíveis fósseis são a principal causa do aquecimento, de acordo
com um painel científico da ONU.
Price disse que
plantações de café da Colômbia, por exemplo, teriam que ser deslocadas para
altitudes mais elevadas e para encostas mais sombreadas ao norte conforme as
temperaturas sobem. Isso poderia colocar o café em maior competitividade com os
habitats de animais e plantas tropicais raros.
RAPOSAS E LÊMINGUES
Na Escandinávia, a
raposa do Ártico está entre os animais sob pressão desde que a mudança
climática passou a reduzir a disponibilidade de sua principal presa, o
lêmingue. E as raposas vermelhas, maiores do que suas primas do Ártico, estão
migrando para o norte conforme as temperaturas sobem.
Temperaturas mais
quentes também são uma ameaça para muitas plantas do norte. O mirtilo do norte,
por exemplo, pode ganhar nichos, tais como na costa da Groenlândia, nas
próximas décadas, mas perderá áreas muito maiores para o sul.
“Não há muitos
lugares para onde as plantas do norte possam se mudar. O Ártico é
principalmente oceano”, disse Inger Greve Alsos, da Universidade de Tromsoe, na
Noruega. “Esperamos uma perda de variedade para muitas plantas.”
Price, da
Universidade de East Anglia, na Inglaterra, disse que um pico nas emissões
globais de gases de efeito estufa nos próximos anos, o mais tardar em 2030, ajudaria
a ganhar tempo para a ajuda às espécies a se adaptarem à mudança climática.
“No geral, você reduz
pela metade os impactos à vida selvagem se deixar as emissões atingirem seu
pico nos próximos anos, em comparação às políticas que permitem que elas continuem
subindo”, explicou ele. Mas os benefícios não seriam sentidos mundialmente.
Um pico antecipado
nos gases de efeito estufa daria o maior alívio para os animais em locais como
a bacia do Amazonas, sul da África, sul da Austrália, partes da Rússia e da
Ásia.
Plantas também se
beneficiariam mais nos Andes, sul da África e na Austrália, de acordo com a
modelagem da Iniciativa Wallace, nomeada em homenagem ao naturalista britânico
Alfred Russel Wallace, coautor com Charles Darwin da teoria da evolução em 1858.
Os governos têm o
objetivo de chegar a um pacto até 2015 para desacelerar a mudança climática,
com a entrada em vigor até 2020. China, Estados Unidos, Índia e Rússia são os
principais emissores nacionais de gases de efeito estufa. (EcoDebate)
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