SP: A quantidade de lixo recolhido nas rodovias sob
concessão aumentou 40% entre 2010 e 2012.
Volume jogado
pelos motoristas e população vizinha às estradas equivale à quantidade
produzida em cidades como Cubatão ou Jaú; parte do material é destinada à
reciclagem.
Nas rodovias sob
concessão do Estado de São Paulo são recolhidas diariamente 67 toneladas de
lixo jogadas pelos motoristas e população vizinha às vias. Só em 2012 foram
jogados 24,6 mil toneladas de detritos. São aproximadamente 310 quilos de
resíduos mensais recolhidos em média em cada um dos 6.500 quilômetros de
estradas concedidas. Entre o material descartado está lixo orgânico, latas de
alumínio, papel, vidro e plástico, entre outros, além de restos de poda de
vegetação. Há casos até de móveis e eletroeletrônicos quebrados deixados na
beira da rodovia. Para dar conta de todo esse material, diariamente um batalhão
de quase 500 funcionários (entre coletores, motoristas e outros profissionais)
percorre a malha para recolher e transportar esses detritos a um depósito. O
trabalho é estabelecido nos contratos de concessão, mantido com o dinheiro dos
pedágios, e fiscalizado pela ARTESP – Agência de Transporte do Estado de São
Paulo.
A quantidade de lixo
recolhido pelas 19 concessionárias é semelhante à produção de resíduos de
cidades como Botucatu (62,7 toneladas/dia), Cubatão (60,1), Franco da Rocha
(60,2), Itapetininga (66,8), Jaú (64,8) e Mogi Guaçu (66). O volume de detritos
produzidos nas cidades paulistas é registrado no Inventário Estadual de
Resíduos Sólidos Urbanos 2012, elaborado pela CETESB. Outra comparação possível
através dos dados da companhia ambiental é que nas estradas é produzido mais
que o dobro de lixo do que em cidades turísticas litorâneas como Peruíbe (24,1
toneladas/dia), São Sebastião (30,1) e Ubatuba (31,4).
Segurança. A coleta
de lixo nas rodovias tem aspecto muito mais amplo do que de limpeza
propriamente dito, contribuindo para a segurança e fluidez do tráfego.
Acidentes podem ser causados, por exemplo, por animais em busca de alimentos
atraídos por lixo orgânico, por isso é importante que o motorista ou os
passageiros não arremessarem restos de comida pela janela, e que os vizinhos
das rodovias não depositarem o lixo em local inadequado. Acidentes também
ocorrem quando motoristas, em alta velocidade, tentam desviar de resíduos de
maior porte ou se assustam com lixo jogado pela janela de carros à frente. O Código
de Trânsito Brasileiro (CTB) prevê multa para quem arremessa lixo pela janela
do veículo. O artigo 172 prevê que atirar do veículo ou abandonar na via
objetos ou substâncias é infração média, sujeita a multa e perda de quatro
pontos na Carteira de Habilitação. E, dependendo do volume de dejetos
abandonados, o motorista pode responder a processo por crime ambiental.
Outro aspecto
importante é que o material pode entupir o sistema de drenagem de água pluvial,
provocando alagamento nas pistas na época de chuva, o que torna a
dirigibilidade mais difícil e muitas vezes provoca lentidão. A ocorrência de
incêndios também é potencializada pelo acúmulo de lixo à beira das rodovias,
que pode servir de combustível para o fogo. Uma bituca de cigarro arremessada pela
janela pode ser o detonador das chamas, por exemplo. A fumaça que se
origina dos focos de incêndio prejudica a visibilidade do motorista, tornando-se outro fator de risco. Em áreas urbanas, resíduos podem até mesmo se tornar armas para bandidos, que arremessam nos carros com a intenção de fazê-los parar e, assim, praticar crimes.
origina dos focos de incêndio prejudica a visibilidade do motorista, tornando-se outro fator de risco. Em áreas urbanas, resíduos podem até mesmo se tornar armas para bandidos, que arremessam nos carros com a intenção de fazê-los parar e, assim, praticar crimes.
Maior incidência.
Apesar de boa parte do lixo ser arremessada pelos usuários de dentro dos
carros, os pontos onde são mais comum o descarte de lixo nas rodovias são
próximos a áreas urbanas, onde vizinhos da rodovia descartam os resíduos
domésticos, entulho e outros materiais (como móveis e eletrodomésticos velhos)
segundo as concessionárias. A Ecovias, que administra o Sistema
Anchieta-Imigrantes, estima que 60% dos resíduos que suas equipes recolhem são
provenientes de comunidades localizadas no entorno das rodovias. Em 2012, a
concessionária recolheu 821,5 toneladas de lixo, e no primeiro semestre deste
ano foram 494, 7 toneladas. A Ecovias até criou um programa com objetivo de
incentivar moradores de comunidades da região de Planalto por onde passa a
Rodovia dos Imigrantes a fazer o descarte correto do lixo.
Outro foco importante
de produção de resíduos, informam as concessionárias, são as usinas de produção
de açúcar e etanol. De acordo com a Cart – concessionária que administra parte
do corredor Raposo Tavares – e com a Autovias – que administra trecho da
Rodovia Anhanguera (SP-330), Rodovia Antovia Antônio Machado Sant’Anna
(SP-255), Rodovia Engenheiro Thales de Lorena Peixoto Júnior (SP-318), Rodovia
Cândido Portinari (SP-334) e Rodovia Engenheiro Ronan Rocha (SP-345), nos
trechos que passam por áreas onde essa atividade se desenvolve há grande
concentração de resíduos orgânicos. As praças de pedágio e pontos de paradas de
veículos de cargas também são pontos comuns de descarte.
A falta de
consciência do motorista que joga ou permite que o passageiro jogue lixo pela
janela é responsável, ainda, por danos à natureza. Há objetos que levam
milhares de anos para se decompor – o vidro, por exemplo, demora de cerca de
quatro mil anos. Mesmo restos orgânicos levam bastante tempo para se
deteriorarem, uma fruta que pode demorar 12 meses. Outros exemplos de materiais
normalmente jogados do carro que levam muito tempo para se decompor são: pontas
de cigarro (um a cinco anos); plástico (100 a 450 anos); e alumínio (200 a 400
anos).
Reciclagem. A grande
maioria das concessionárias desenvolve trabalhos visando a reciclagem de lixo,
seja através da contratação de empresas especializadas ou parcerias com
cooperativas e prefeituras. A Cart – que no ano passado coletou 5.177 toneladas
de lixo em sua área de concessão (e no primeiro semestre deste ano atingiu
2.256 toneladas) – estima que cerca de 50% do lixo que recolhe é destinado à
reciclagem. O material orgânico é encaminhado pelas concessionárias a aterros
sanitários credenciados pela CETESB. Parte das concessionárias, como a
ViaOeste, Rodoanel, Ecopistas e Colinas, desenvolve trabalho junto a empresas
para reaproveitamento de borracha de pneus (ressolagem) recolhidos nas
rodovias. (EcoDebate)
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