Levantamento mostra mudança na emissão de gases de efeito estufa no Brasil
Levantamento
divulgado em 07/11/13 pelo Observatório do Clima indicou uma mudança no perfil
das emissões brasileiras de gases de efeito estufa de 1990 a 2012. Apesar de
ainda ser a principal responsável pelas emissões, a mudança do uso da terra,
item relacionado ao desmatamento, está agora em um patamar muito próximo da
poluição gerada pelos setores de energia e agropecuário.
Em 1990, o Brasil
emitiu 1,39 bilhão de toneladas de gás carbônico, sendo 815,8 milhões por
mudanças no uso do solo. Em 2012, foi enviado para a atmosfera 1,48 bilhão de
toneladas do poluente, 476,5 milhões ligados ao desmatamento. Apesar do
crescimento das emissões brutas no período ser apenas 7%, a evolução da geração
de poluentes é irregular e chegou a registrar elevações expressivas, como os
2,85 bilhões de toneladas verificados em 1995.
“A redução do
desmatamento na Amazônia nos últimos anos acaba tornando a contribuição do
setor de uso da terra menor em relação ao que era registrado anteriormente,
quando a gente tinha cerca de dois terços das emissões vindos desse setor”,
ressalta o secretário executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl. O
observatório reúne 35 organizações não governamentais e da sociedade civil
interessadas nos efeitos das mudanças climáticas. “Hoje, a gente tem uma
participação muito maior da agropecuária e do setor de energia, onde as
emissões estão crescendo significativamente, e isso significa uma mudança do
perfil de emissões”, completa.
O setor de energia
era responsável, em 1990, pela emissão de 193,1 milhões de toneladas de gás
carbônico. Em 2012, passou a gerar 436,7 milhões de toneladas de poluentes.
Carlos Rittl alerta que há a tendência de que o setor aumente ainda mais a emissão
de gases de efeito estufa. Ele destaca, por exemplo, que o plano colocado para
consulta pública pelo Ministério de Minas e Energia prevê prioridade nos
investimentos em combustíveis fósseis nos próximos dez anos. “Ele indica 72% de
investimentos em combustíveis fósseis, em todos os investimentos para a área de
energia. Isso é preocupante”, diz, ao lembrar das expectativas em relação aos
rendimentos do petróleo do pré-sal. “A gente viu a celebração do governo pelo
leilão do Campo de Libra, o primeiro grande leilão das reservas do pré-sal”.
Em relação ao setor
agropecuário, Carlos atribui o crescimento das emissões principalmente ao
aumento do rebanho bovino com práticas pouco eficientes. “Essa nossa pecuária
pouco eficiente, com um animal por hectare, com práticas de manejo muito
precárias, acaba nos levando a esse aumento significativo de emissões”,
ressalta.
Segundo o secretário,
a intenção é que a divulgação dos dados ajude a promover um debate mais
objetivo e eficiente sobre as maneiras de reduzir a poluição em todos os
setores avaliados. “A gente está disponibilizando esses dados e as planilhas
para que a sociedade, o cidadão interessado e o tomador de decisão possam ter
ciência da trajetória de emissões nos últimos anos, já que os dados oficiais vão
somente até 2010”, explica. (ecodebate)
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