Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas projeta clima mais
quente para este século
No ano de 2013, foram
divulgados os três volumes do primeiro relatório de avaliação nacional sobre
mudanças climáticas do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC). No
início de setembro, o organismo científico, criado pelo governo federal em 2009
por meio dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação e do Meio Ambiente,
revelou que as projeções mostram que haverá alta nas temperaturas do país no
decorrer do século, mais períodos de seca no Norte e Nordeste e aumento das
chuvas no Sul e Sudeste.
As mudanças no volume
de chuva podem oscilar entre 5% e 20% e de 1°C a 5°C na temperatura até o final
do século, dependendo do aquecimento global e da emissão de gases de efeito
estufa. As projeções indicam mais secas prolongadas, principalmente nos biomas
da Amazônia, do Cerrado e da Caatinga. Ao divulgar as estimativas sobre o
perfil das emissões de gás carbônico entre 2005 e 2010, o PBMC informou que a
produção de energia foi a responsável por 32% das emissões em 2010 contra 16%
do total de emissões em 2005 e foi o setor que mais cresceu no total das
emissões de gás carbônico no país.
Para a rede
WWF-Brasil, as informações científicas do PBMC são mais do que suficientes para
demonstrar ao governo brasileiro que as mudanças climáticas não podem mais ser
tratadas como tema de segunda importância em políticas públicas. “Temos de
investir nos recursos abundantes de fontes renováveis de energia de baixo
impacto que temos à nossa disposição, como as energias solar, eólica e de
biomassa, em vez de colocar 70% dos nossos investimentos em combustíveis
fósseis. O governo federal não deve oferecer incentivo a combustíveis como o
carvão mineral”, disse o coordenador do Programa de Mudanças Climáticas e
Energia do WWF-Brasil, Carlos Rittl.
A agricultura deve
ser o setor da economia mais afetado pelas mudanças climáticas ao longo do
século 21, de acordo com a segunda parte do primeiro relatório nacional do
PBMC. Segundo o estudo, o prejuízo do agronegócio com problemas climáticos pode
chegar a R$ 7,4 bilhões em 2020, e R$ 14 bilhões em 2070. Até 2030, a produção
de soja, por exemplo, pode ter perdas de até 24%.
O estudo prevê que as
mudanças nos regimes de chuva e a elevação da temperatura média prejudicarão a
agricultura, principalmente em áreas secas como o Nordeste, região em que a
distribuição de chuvas pode cair até 50%, segundo o relatório.
O terceiro volume,
divulgado no início de novembro, ressaltou a necessidade de adoção de ações
imediatas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. “O benefício da
ação imediata para mitigar a mudança do clima supera o custo da inação”,
destacou a pesquisa.
“Nesse relatório,
mostramos as opções para os tomadores de decisão para reduzir as emissões, de
forma que a gente não gaste tanto em adaptação [maneiras de amenizar o
impacto]. Existe realmente a possibilidade de redução das emissões, mas depende
de decisões muito mais políticas do que econômicas,” disse a presidente do
comitê científico do PBMC, Suzana Kahn Ribeiro. (ecodebate)
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