Efeitos da mudança climática podem ser combatidos com adaptação do
ecossistema
Além das recomendações para que os países invistam em infraestrutura para aumentar a capacidade de resistência às mudanças climáticas, ganhou espaço uma alternativa mais barata que pode, em alguns locais, conseguir efeitos parecidos: a adaptação baseada em ecossistemas.
Além das recomendações para que os países invistam em infraestrutura para aumentar a capacidade de resistência às mudanças climáticas, ganhou espaço uma alternativa mais barata que pode, em alguns locais, conseguir efeitos parecidos: a adaptação baseada em ecossistemas.
O tema aparece em cerca de metade dos
capítulos do novo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
(IPCC), divulgado no domingo, 30, em Yokohama, no Japão. E teve destaque no
capítulo regional de América Central e do Sul, onde técnicas como criação de
áreas protegidas, acordos para conservação, pagamento por serviços ambientais e
manejos comunitários de áreas naturais estão sendo testadas.
De acordo com o
ecólogo Fabio Scarano, da Conservação Internacional, e um dos autores desse
capítulo, a ideia é fortalecer serviços ecossistêmicos que são fundamentais. Um
ambiente bem preservado tem a capacidade de prover um clima estável, o
fornecimento de água, a presença de polinizadores. "Como se fosse uma
infraestrutura da própria natureza", diz.
Como premissa, está
a conservação da natureza aliada ao incentivo do seu uso sustentável - a fim
também de evitar a pobreza, que é um dos principais motores da vulnerabilidade
de populações.
"Normalmente,
quando se fala em adaptação, se pensa na construção de grandes estruturas, como
um dique, por exemplo, para evitar uma inundação. O que, em geral, é muito
caro, mas em uma adaptação baseada em ecossistemas, conservar a natureza e
usá-la bem é uma forma de diminuir a vulnerabilidade das pessoas às mudanças
climáticas", afirma.
Ele cita como
exemplo uma região costeira em que o mangue tenha sido degradado. "Esse
ecossistema funciona como uma barreira. Mas, sem ele, em um cenário de ressacas
mais fortes, de elevação do nível do mar, a costa vai ficar mais vulnerável e
será necessário construir diques. Mas se o mangue é mantido em pé e se oferece
um auxílio para que as pessoas possam ter uma economia básica desse mangue, com
técnicas mais sustentáveis, e elas recebam para mantê-lo assim, vai ser mais
barato do que depois ter de fazer um dique", explica. (OESP)
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