domingo, 13 de julho de 2014

Crise da água se agrava

Crise da água se agrava; bônus deve continuar em 2015
Comitê anticrise que monitora o Sistema Cantareira revela que, em 10/07/14, o volume médio de água que chegou aos reservatórios foi 64% menor do que no mês passado.
Embora já tenha chovido nas represas em dez dias mais do que choveu em junho inteiro, a crise hídrica no Sistema Cantareira se agravou neste mês. Dados do comitê que monitora o manancial revelam que, até esta quinta-feira, 10, o volume médio de água que chegou aos reservatórios foi 64% menor do que no mês passado, que é considerado o mais seco da história do sistema. Ainda ontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que pretende estender o bônus para quem economizar água até o próximo ano. 
Um balanço parcial mostra que o déficit do Cantareira, que abastece parte da Grande São Paulo e a região de Campinas, já cresceu 26% neste mês, chegando a 20,8 mil litros por segundo. Isso ocorre porque a vazão média afluente até agora é de apenas 2,4 mil litros por segundo, 9% da média do mês, diante de uma retirada de 23,2 mil litros por segundo para abastecimento público. Se o ritmo permanecer, o manancial deve perder em julho cerca de 54 bilhões de litros, o equivalente a 5,5% de sua da capacidade total.
Os números indicam que os 22,1 milímetros que choveram até esta quinta no sistema - em junho, foram apenas 15,8 milímetros -, não surtiram efeito no nível das represas por dois motivos: os rios que nascem no sul de Minas e alimentam o Cantareira, como Jaguari e Jacareí, continuam com vazão baixíssima; e a água das chuvas que cai sobre os reservatórios praticamente secos acaba sendo absorvida pela terra.
Em 10/07 técnicos da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) estavam com receio de que a população deixasse de economizar água por causa da chuva. Conforme o Estado antecipou, esta quinta marcou o esgotamento dos 981,5 bilhões de litros do volume útil do manancial. Agora, restam 182,5 bilhões de litros do volume morto, reserva profunda abaixo das comportas.
Prorrogação
Segundo a Sabesp, até o mês passado, 87% dos clientes abastecidos pelo Cantareira já haviam reduzido o consumo, dos quais 55% atingiram a meta de 20% de economia e conseguiram desconto de 30% na conta por meio do programa de bônus lançado em fevereiro. Foi alegando a “ampla adesão” ao uso racional da água que Alckmin desistiu de multar quem aumentasse o consumo de água. Neste mês, ele iniciou sua campanha pelo reeleição ao governo. 
Nesta quinta, em visita à região de Ribeirão Preto, onde vistoriou obras e fez gravações para seu programa do horário eleitoral gratuito, o governador afirmou que deve manter o bônus até 2015. A Sabesp havia anunciado o programa de descontos até dezembro. “O bônus vai continuar e estamos estudando prolongá-lo mesmo no período das chuvas para poder recuperar as represas”, disse o governador, que garante abastecimento sem rodízio até março.
Perspectivas
A prorrogação indica que o próprio governo trabalha com a hipótese de a crise do Cantareira se estender no próximo ano. No início desta semana, o Estado revelou que uma análise estatística feita pelo comitê anticrise mostra que o manancial tem apenas 25% de chance de acumular, entre dezembro e abril do ano que vem, um volume de água (546 bilhões de litros) suficiente para se recuperar e sair da crise.
A estimativa considera previsões da própria Sabesp de que o volume morto dos reservatórios que já está sendo captado deve se esgotar entre outubro e novembro deste ano. Sendo assim, se o Cantareira acumular 546 bilhões de litros nos cinco meses seguintes, ele chega a maio de 2015 com 37,3% da capacidade, nível considerado confortável para atravessar a estiagem do próximo ano.
Os cálculos do comitê anticrise apontam, contudo, que há 50% de probabilidade de o manancial atingir ou exceder um saldo de 394 bilhões de litros no período e 75% de alcançar ou ultrapassar 219 bilhões de litros. Nesses cenários, o Cantareira começaria o próximo período seco, respectivamente, com 21,7% ou 3,8% da capacidade, ambos insuficientes para tirá-lo da crise de estiagem. (OESP)

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