A água é encontrada
no estado líquido, constituindo-se em recurso natural renovável por meio do
ciclo hidrológico. Os recursos hídricos são caracterizados em função de sua
quantidade e qualidade, estando estas características intimamente relacionadas,
pois a qualidade da água depende diretamente da quantidade existente para
dissolver, diluir e transportar as substâncias que serão aproveitadas nas
cadeias alimentares (Braga et al., 2002).
O total de água doce
explorável sob o prisma tecnológico e econômico representa menos de 0,5% do
total da água disponível (Braga et. al. 2002).
A alteração da
qualidade da água agrava o problema da escassez. A OMS (Organização Mundial da
Saúde) estima que 25 milhões de pessoas no mundo morram anualmente em função de
doenças transmitidas pela água, tais como as gastroenterites, leptospirose,
salmonelose, entre outras.
A água é uma das
raras substâncias inorgânicas a se apresentar no estado líquido nas chamadas
Condições Normais de Temperatura e Pressão. A densidade da água diminui com o
aumento da temperatura e também é afetada pelos sais e demais substâncias
químicas dissolvidas.
A água apresenta
calor específico bastante elevado e por isso pode tamponar a temperatura,
absorvendo ou liberando diferentes quantidades de calor. Por isso as variações
de temperatura nos meios aquáticos costumam ser brandas.
Outra característica
física muito importante da água é a viscosidade. Isto permite que organismos
mais densos, como as algas permaneçam flutuando devido à força de atrito entre
a sua superfície e a água.
A cor e a turbidez
também são características físicas importantes na regulação, pois permitem
controlar a entrada de luz no meio aquático. A cor pode ser real ou aparente. A
cor real está associada a substâncias dissolvidas na água e pode afetar a
penetração de luz.
Este é o caso do rio
Negro, afluente do Amazonas, cujas águas apresentam coloração escura devido à
presença de ácidos húmicos dissolvidos nas águas.
A cor aparente do
meio aquático está associada a reflexos originados na paisagem adjacente ou
referenciados com a cor de seu fundo, se o mesmo se encontrar visível.
Uma última
característica física notável é a polaridade. Cada molécula no meio líquido
sofre e exerce atração elétrica das moléculas ao seu redor. Este fenômeno é
responsável pela geração da tensão superficial da água, que constitui o
“habitat” de muitas espécies de pequenos organismos.
Os detergentes podem
enfraquecer esta película e alterar profundamente as populações de
microrganismos.
A principal
característica química da água é a sua propriedade de solvente universal, capaz
de dissolver um grande número de substâncias orgânicas e inorgânicas, que podem
ser essenciais para a sobrevivência de organismos aquáticos.
A presença de
oxigênio dissolvido, dentre outros gases, é fundamental para que ocorram vida e
fotossíntese no meio aquático. Os monitoramentos ambientais devem enfatizar o
controle do oxigênio dissolvido, além de características físicas e químicas
básicas.
Havendo condições
físicas e químicas apropriadas a água desenvolve uma importante associação
biológica, constituindo cadeias alimentares compostas por produtores e
consumidores de várias ordens e decompositores. O meio aquático hospeda vírus,
bactérias, fungos, algas, macrófitas, protozoários, rotíferos, insetos
aquáticos, vermes, moluscos, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.
Dentre estes, a
avaliação dos microrganismos presentes é de extrema importância para
caracterização da qualidade dos recursos hídricos superficiais ou subterrâneos.
As águas são
fundamentais para a vida. Por isso torna-se desnecessário enfatizar sua
importância. Cerca de 70% do volume total do corpo humano é formado por água, e
esta proporção varia nos demais seres vivos.
O uso mais nobre da
água é o abastecimento humano. A qualidade de vida das populações humanas está
diretamente vinculada com a oferta e qualidade de água, que é usada para
higiene pessoal, preparo de alimentos e outros usos como irrigação de jardins,
lavagens de veículos e pisos e usos cotidianos diversos.
Após esta prioridade,
vem o uso industrial da água e o uso na agropecuária, para irrigação de culturas
e dessedentação e higiene nas criações extensivas ou intensivas de espécies de
pecuária tradicional, avicultura e suinocultura, muito desenvolvidos em grande
escala nas últimas décadas no país, que é um dos grandes atores no comércio e
oferta mundial de proteínas.
Os maiores riscos
nesta área estão na falta de adequado tratamento e disposição de resíduos de
várias espécies, principalmente aves e suínos, responsáveis por degradação de
mananciais hídricos superficiais e poluição de aquíferos subterrâneos.
Os dejetos de suínos,
por exemplo, produzem índices de DBO (Digestão Biológica de Oxigênio) que
chegam a ser dez vezes superiores aos dos excrementos humanos. Vale dizer, 10
vezes mais poluentes ou impactantes.
O uso maciço das
águas em irrigação também pode trazer conflitos no gerenciamento de bacias
hidrográficas. O uso indiscriminado de pesticidas, herbicidas e fungicidas,
polui os solos, sendo solubilizados pela água, que acaba transportando e
ampliando a contaminação para as drenagens superficiais e mananciais hídricos
subterrâneos.
O Brasil tem vocação
eminentemente agropecuária. O denominado “agribusiness” não encontra outro
local com tanta vocação natural de seu povo, recursos pedológicos, climáticos e
hídricos. Logo, mais do que em qualquer outra área, é nossa função preservar os
recursos hídricos em condições de exercerem ações sinérgicas com os demais
fatores para a preservação da alta produtividade e competitividade neste setor.
Por isso, talvez
fosse aconselhável, que as ações de licenciamento fossem mais voltadas a
atividades pedagógicas e de extensão rural, do que propriamente a ações
burocráticas ou punitivas.
Está chegando o
momento de o país discutir e implantar esta nova concepção de forma efetiva,
eficiente e eficaz. Sob pena de comprometer seus recursos e a própria função
dos mesmos na obtenção de resultados que favoreçam o país e atinjam sua plena
consecução.
Outro uso que merece
discussão é a geração de energia elétrica. Primeiro a questão das grandes
barragens. Seria ambientalmente muito mais sustentável, a construção de
pequenas e médias barragens, em quantidade muito maior. Estas intervenções
geram menores lâminas de água nos depósitos de acumulação, atingem menos áreas
e menor quantidade de pessoas, produzem impactos ambientais muito mais
reduzidos sobre os meios físico e biológico, e eventualmente ainda contam com
descargas de fundo, capazes de manter a capacidade de acumulação hídrica com o
decorrer do tempo.
O fato é que temos
uma tradição em grandes barragens, com todas as consequências, e não temos
trabalhado suficientemente na mudança conceitual, na alteração de paradigmas e
padrões, que mais cedo ou mais tarde serão impostos pelo consenso social.
Os corpos de água são
usados também para o lançamento e despejo de esgotos urbanos, tratados ou não e
efluentes industriais dos mais diversos tipos, dentro de padrões aceitáveis ou
não. O comportamento dos corpos de água com os despejos varia em função de suas
características físicas, químicas e biológicas e da natureza das substâncias
lançadas.
Outro uso antrópico
que deve ser citado é o transporte de cargas e passageiros por via fluvial,
lacustre ou marítima. A navegação pode causar perturbações ambientais, ao
despejar substâncias poluidoras das embarcações, de modo deliberado ou acidental.
Também pode necessitar produzir alterações de morfologia ou velocidade de
corrente, com impactos ambientais.
O equilíbrio
ecológico do meio aquático deve ser preservado, qualquer que sejam os usos que
se faça dos recursos hídricos. Por isso, monitoramentos e sistemas de controle
devem ser incentivados e implantados para que a água nunca contenha substâncias
tóxicas além das concentrações críticas para os organismos aquáticos.
Por último, merecem
ser citados os usos dos recursos hídricos para aquicultura, ou, seja a criação
de organismos aquáticos com finalidade econômica e a utilização para recreação
humana.
Atualmente, com o
gerenciamento de bacias hidrográficas, cresce a necessidade de compatibilizar
este recurso natural com a crescente demanda que tem sofrido, gerando
conflitos. (ecodebate)
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