Água pode acabar em novembro, diz presidente da Sabesp
Dilma Pena afirmou que as previsões, porém, indicam que a
chuva volta a cair a partir do dia 20. E que o órgão conta com segunda cota do
volume morto.
Funcionário caminha pela área da represa Jaguari, que faz
parte do Sistema Cantareira, em Bragança Paulista, no interior de São Paulo,
que está 8 metros abaixo do seu nível de vazão devido à falta de chuvas.
A presidente da Sabesp, Dilma Pena,
afirmou nesta quarta-feira que com o atual ritmo de consumo e a falta de
chuva, a água do primeiro estoque do "volume morto" deve acabar em
meados de novembro. Apesar de admitir a crise hídrica, ela prevê a volta das
chuvas a partir do dia 20 deste mês e conta com as obras para a captação
da segunda cota do volume morto no Sistema Cantareira para evitar o
desabastecimento generalizado. “Temos disponibilidade suficiente para
atender a população na atual situação até meados de novembro”, disse a presidente
do órgão, em seu segundo depoimento à CPI da Sabesp na Câmara Municipal da
capital paulista.
A previsão de Dilma está em linha
com a do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que apontou o clima quente
e seco na capital até o final desta semana. Depois, a chegada de uma frente
fria deve provocar chuvas na região. A Sabesp está à espera de autorização
judicial para usar a segunda cota do volume morto do Sistema Cantareira, que
opera a 4,5% da sua capacidade. Desde o início do ano, o nível do reservatório,
que abastece 6,5 milhões de pessoas da Grande São Paulo, vem caindo
exponencialmente. Ela disse ainda que a companhia está fazendo uma obra
capaz de aumentar o nível do Sistema Cantareira em até 12%, com a captação da
segunda cota do volume morto. “Temos uma obra já licenciada, em fase de
finalização, para disponibilizar 106 milhões de metros cúbicos para o
Cantareira", afirmou.
Indagada sobre frequentes queixas
de falta d’água em diversas regiões de São Paulo, ela voltou a negar que
haja racionamento e disse que a situação está "sob controle". No
primeiro depoimento, ela negou o racionamento, mas admitiu que a empresa estava
reduzindo o bombeamento de água durante a noite. A ação teria afetado
principalmente as partes mais altas da cidade.
Questionada se dividia a
responsabilidade do desabastecimento com o governador reeleito Geraldo Alckmin
(PSDB), Dilma Pena respondeu que tanto o governador como os funcionários da
companhia estão empenhados em resolver a questão. "Este problema eu divido
com a diretoria colegiada da Sabesp, com os nossos superintendentes, que estão
trabalhando de 12 a 18 horas ininterruptas por dia, com o governo de
administração, com o governo do Estado de São Paulo e com a sociedade
paulista”, disse.
Dilma Pena disse ainda que
o objetivo central da companhia não é gerar lucro, mas que não falte água.
"Temos uma companhia eficiente, que não visa lucro, mas usa de seu status
de empresa para obter financiamentos mais baratos", disse a executiva,
procurando defender a Sabesp das acusações de que a administração financeira
como vem sendo conduzida se chocaria com a sustentabilidade do recurso hídrico
e com a ideia de que o abastecimento de água é um serviço público fundamental.
Depois, questionada sobre sua declaração de que a Sabesp "não visa
lucro", Dilma esclareceu que se referiu ao fato de que a missão da
companhia inclui item que diz que não pode faltar água."Essa é a primeira
premissa da Sabesp,e fazemos tudo pra que não falte", disse.
Em 10/10/14 a Sabesp enviou plano
de operação aos órgãos reguladores no qual afirma que reduzirá a vazão do
Cantareira para 18.500 litros por segundo a partir de novembro e que isso
possibilita o aumento de ocorrências de falta d'água. Na prática, contudo, a
Sabesp já tem retirado 18.300 litros por segundo do manancial neste mês.
Vista do reservatório Jaguari, que
faz parte do Sistema Cantareira, na região de Vargem
Justiça
Há duas semanas, o Ministério
Público Federal e o Ministério Público de São Paulo entraram com uma ação civil
pública na Justiça pedindo a "revisão imediata" da retirada de água
do Sistema Cantareira pela Sabesp e a proibição da captação integral da segunda
cota do volume morto do manancial, além da exclusão da estatal da função de
assessoramento do comitê contra a crise. Além da Sabesp, a ação citava como
réus a ANA e o Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE),
órgãos reguladores.
Em 10/10, o juiz federal Miguel
Florestano Neto, da 3ª Vara Federal em Piracicaba, acolheu parcialmente a ação
e determinou que a ANA e o DAEE revissem as vazões de retirada do Sistema
Cantareira pela Sabesp e proibiu a captação da segunda cota do volume morto do
manancial. Segundo a decisão judicial, ANA e DAEE, que são os órgãos
reguladores do manancial, deverão definir limites para as novas vazões de
retiradas realizadas pela Sabesp com o objetivo de que o Cantareira chegue ao
final de abril de 2015, quando começa o próximo período de estiagem, com, no
mínimo, 10% do volume útil original. (OESP)
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