segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Brasil compensa emissões de gases das obras da Copa

Brasil compensa o dobro das emissões de gases de efeito estufa das obras da Copa
O Brasil compensou aproximadamente o dobro das emissões diretas de gases de efeito estufa geradas durante os preparativos visando a Copa do Mundo de 2014. Ao todo, foram compensadas 115 mil toneladas de gás carbônico equivalente (tCO2eq), unidade usada para medir as substâncias capazes de agravar o aquecimento global. O índice superou em quase duas vezes as 60 mil tCO2eq resultantes de atividades programadas, como obras, consumo energético e deslocamentos de veículos oficiais.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou que os números reforçam o compromisso ambiental com o torneio de futebol. “No início do primeiro jogo, já estarão compensadas 100% das emissões diretas, que é o nosso compromisso formal de compensação”, comemorou. “Nenhuma Copa anterior tratou a mitigação dessa maneira, com a nossa metodologia. O que está no domínio do governo, como as construções e a estrutura de segurança, foi compensado.”
O objetivo é ir além. Realizada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), a Chamada Pública que possibilitou a compensação ficará aberta até o fim do ano e, com isso, mais empresas poderão doar créditos de carbono. Até agora, quatro empresas já aderiram ao edital de doação de mecanismos que neutralizam os gases de efeito estufa. A operação não envolveu recursos financeiros e as companhias participantes serão certificadas com o selo Baixo Carbono.
Voos
O deslocamento de espectadores será o principal responsável pela pegada de carbono da Copa. O inventário coordenado pelo MMA prevê que as emissões totais do Mundial cheguem a 1,406 milhão de tCO2eq. Do total, 87,1% vêm do transporte aéreo internacional (emissões indiretas). Outros 9,2% correspondem aos voos domésticos. O restante se divide entre hospedagem (1,8%), obras (0,5%) e operações (1,4%).
A neutralização das emissões diretas alavancará a posição brasileira de liderança no cenário internacional. De acordo com Izabella, a metodologia usada pelo país foi reconhecida pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês). “Os resultados facilitarão a negociação global na questão climática”, avaliou a ministra. “Isso mostra, por exemplo, que é preciso haver uma discussão maior sobre o setor aéreo.”
Com o fim da Copa, será concluído um inventário definitivo com a consolidação das emissões de gases de efeito estufa geradas pelo evento. Além disso, estão em curso ações desenvolvidas pelos estados e pelas cidades-sede na mitigação das emissões. Entre elas, estão a certificação ambiental das arenas, as iniciativas de mobilidade urbana, o uso de combustíveis menos poluentes como biodiesel e etanol e os projetos de ciclovias e de compartilhamento de bicicletas.
Saiba mais
O Protocolo de Kyoto, acordo internacional com metas de redução de gases de efeito estufa para os países desenvolvidos, criou um mercado voltado para a criação de projetos de redução da emissão desses gases na atmosfera. Os projetos desenvolvidos no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) geram Reduções Certificadas de Emissões (RCEs), também conhecidas como créditos de carbono.
A chamada pública do MMA busca, portanto, empresas que queiram doar RCEs provenientes de projetos brasileiros aprovados pelo MDL. O montante de RCEs doadas deverá ter sido cancelado das contas dos participantes de projetos, garantindo que elas não sejam usadas futuramente para outros fins. O cancelamento poderá ser monitorado através do sistema de registro do Comitê Executivo do MDL, o que garante transparência para o processo.
Apesar de ser considerado um fenômeno natural, o efeito estufa tem sido intensificado nas últimas décadas acarretando mudanças climáticas. Essas mudanças decorrem do aumento descontrolado das emissões de gases de efeito estufa, entre eles o dióxido de carbono e o metano. A emissão desses gases na atmosfera ocorre por conta de diversas atividades humanas, entre elas o transporte, o desmatamento, a agricultura, a pecuária e a geração e consumo de energia. (ambienteenergia)

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