Brasil compensa o dobro das emissões de gases de efeito
estufa das obras da Copa
O Brasil compensou aproximadamente
o dobro das emissões diretas de gases de efeito estufa geradas durante os preparativos
visando a Copa do Mundo de 2014. Ao todo, foram compensadas 115 mil toneladas
de gás carbônico equivalente (tCO2eq), unidade usada para medir as substâncias
capazes de agravar o aquecimento global. O índice superou em quase duas vezes
as 60 mil tCO2eq resultantes de atividades programadas, como obras, consumo energético
e deslocamentos de veículos oficiais.
A ministra do Meio Ambiente,
Izabella Teixeira, afirmou que os números reforçam o compromisso ambiental com
o torneio de futebol. “No início do primeiro jogo, já estarão compensadas 100%
das emissões diretas, que é o nosso compromisso formal de compensação”,
comemorou. “Nenhuma Copa anterior tratou a mitigação dessa maneira, com a nossa
metodologia. O que está no domínio do governo, como as construções e a
estrutura de segurança, foi compensado.”
O objetivo é ir além. Realizada
pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), a Chamada Pública que possibilitou a
compensação ficará aberta até o fim do ano e, com isso, mais empresas poderão
doar créditos de carbono. Até agora, quatro empresas já aderiram ao edital de
doação de mecanismos que neutralizam os gases de efeito estufa. A operação não
envolveu recursos financeiros e as companhias participantes serão certificadas
com o selo Baixo Carbono.
Voos
O deslocamento de espectadores será
o principal responsável pela pegada de carbono da Copa. O inventário coordenado
pelo MMA prevê que as emissões totais do Mundial cheguem a 1,406 milhão de
tCO2eq. Do total, 87,1% vêm do transporte aéreo internacional (emissões
indiretas). Outros 9,2% correspondem aos voos domésticos. O restante se divide
entre hospedagem (1,8%), obras (0,5%) e operações (1,4%).
A neutralização das emissões
diretas alavancará a posição brasileira de liderança no cenário internacional.
De acordo com Izabella, a metodologia usada pelo país foi reconhecida pela
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em
inglês). “Os resultados facilitarão a negociação global na questão climática”,
avaliou a ministra. “Isso mostra, por exemplo, que é preciso haver uma
discussão maior sobre o setor aéreo.”
Com o fim da Copa, será concluído
um inventário definitivo com a consolidação das emissões de gases de efeito
estufa geradas pelo evento. Além disso, estão em curso ações desenvolvidas
pelos estados e pelas cidades-sede na mitigação das emissões. Entre elas, estão
a certificação ambiental das arenas, as iniciativas de mobilidade urbana, o uso
de combustíveis menos poluentes como biodiesel e etanol e os projetos de
ciclovias e de compartilhamento de bicicletas.
Saiba mais
O Protocolo de Kyoto, acordo
internacional com metas de redução de gases de efeito estufa para os países
desenvolvidos, criou um mercado voltado para a criação de projetos de redução
da emissão desses gases na atmosfera. Os projetos desenvolvidos no âmbito do
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) geram Reduções Certificadas de Emissões
(RCEs), também conhecidas como créditos de carbono.
A chamada pública do MMA busca,
portanto, empresas que queiram doar RCEs provenientes de projetos brasileiros
aprovados pelo MDL. O montante de RCEs doadas deverá ter sido cancelado das
contas dos participantes de projetos, garantindo que elas não sejam usadas
futuramente para outros fins. O cancelamento poderá ser monitorado através do
sistema de registro do Comitê Executivo do MDL, o que garante transparência
para o processo.
Apesar de ser considerado um
fenômeno natural, o efeito estufa tem sido intensificado nas últimas décadas
acarretando mudanças climáticas. Essas mudanças decorrem do aumento
descontrolado das emissões de gases de efeito estufa, entre eles o dióxido de
carbono e o metano. A emissão desses gases na atmosfera ocorre por conta de
diversas atividades humanas, entre elas o transporte, o desmatamento, a
agricultura, a pecuária e a geração e consumo de energia. (ambienteenergia)
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