quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Presidente da Sabesp e os alertas sobre crise hídrica

Presidente da Sabesp diz que ações para alertar sobre crise hídrica foram barradas
Ações da Sabesp na mídia para economia de água foram barradas.
Em áudio obtidos pelo ‘Estado’, Dilma Pena admite que ‘superiores’ não permitiram campanhas sobre consumo racional; diretor desabafa e diz que colegas terão de tomar banho com ‘água mineral’.
A presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Dilma Pena, admitiu em uma reunião interna da companhia que seus "superiores" barraram ações na mídia para estimular a população de São Paulo a economizar água. Em áudios obtidos pelo Estado, a executiva diz que gostaria de informar aos paulistas "reiteradamente" sobre a necessidade de consumo racional, mas tem de seguir orientação contrária.
A gravação, de um minuto e 18 segundos, é de uma discussão administrativa entre a diretoria da Sabesp e o Conselho de Administração sobre estratégias de comunicação. Durante o encontro, Dilma diz que a companhia de abastecimento deveria aparecer mais na mídia, em veículos como rádios comunitárias, o que não estava ocorrendo contra sua vontade.
"Acho que, por uma orientação superior, a Sabesp tem estado muito pouco na mídia. Acho que é um erro", reclamou, citando os superintendentes da empresa e ela própria como potenciais porta-vozes.
Segundo ela, a mensagem "Cidadão, economize água" deveria estar "reiteradamente na mídia". "Mas nós temos de seguir a orientação. Nós temos superiores. A orientação não tem sido essa. Mas é um erro, é um erro", repetiu.
Questionada, a Sabesp confirmou a reunião, mas não quis precisar a data e quem seriam os superiores. O Estado apurou que ela ocorreu em agosto.
A presidente da empresa diz estar ciente de que a estratégia de comunicação é equivocada. Na gravação, a palavra "erro" é repetida quatro vezes ao se referir à falta de divulgação. "Tenho consciência absoluta e pauto as pessoas com quem eu converso sobre esse tema, mesmo os meus superiores", insistiu ela.
Mas em fevereiro deste ano, a Sabesp lançou o programa de bônus para estimular a população a economizar, remanejou água de outros sistemas, incluindo Alto Tietê e Guarapiranga, e reduziu a pressão da água na rede à noite. A ação de comunicação da Sabesp incluiu, assim, o estímulo a medidas de restrição de consumo de água, que já vinham sendo discutidas.
Nos últimos dias, a crise da água entrou na propaganda de TV da presidente Dilma Rousseff, candidata do PT à reeleição, com o objetivo de desgastar o modelo de gestão tucana e recuperar terreno no eleitorado paulista. No horário eleitoral, a presidente ligou o PSDB do adversário Aécio Neves à falta de planejamento. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi reeleito no primeiro turno, em 05/10.
Em sua propaganda, Dilma Rousseff disse que o PT está "há dez anos" alertando o PSDB sobre o problema. "É preocupante e também muito triste saber que os brasileiros que vivem em São Paulo, Estado mais rico do país, estão passando por uma crise de falta de água sem precedentes na sua história", comentou a candidata do PT.
No último dia 15, em depoimento à CPI da Sabesp na Câmara Municipal, Dilma Pena afirmou que a empresa tem disponibilidade suficiente para abastecer a população até meados do mês que vem.
Dilma participou apenas da primeira parte da reunião, quando foi discutida a estratégia de comunicação da companhia. Em outro trecho de gravação obtido pelo Estado, da segunda parte do encontro, quando Dilma estava ausente, o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, reconheceu que o governo enfrenta "ações desafiadoras" para prolongar a vida útil do Sistema Cantareira e "esticar um pouco mais" o abastecimento de água. (OESP)

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