A economia e o
reaproveitamento da água são preocupações crescentes entre a população. Em São
Paulo, medidas de racionamento de água adotadas nos últimos meses mostraram que
o uso irracional dos recursos hídricos já atinge índices que comprometem o
abastecimento e precisa de soluções eficazes no longo prazo.
Com essa crise
hídrica, o tratamento e o descarte responsável de efluentes no Brasil é muito
mais que uma necessidade operacional. Trata-se de uma obrigação socioambiental.
A Resolução Conama 430, que é uma legislação federal, determina que todos os
efluentes gerados por um empreendimento devem respeitar às normas ambientais de
descarte. Há ainda as normas estaduais, poderia ser ainda mais restritivas. Em
São Paulo, por exemplo, é preciso respeitar o decreto número 8.468, de 1976.
Uma medida que começa
a ganhar adeptos no meio corporativo por ser ecologicamente correta é o reuso
de água. Em alguns empreendimentos, como centros comerciais, condomínios
residenciais, universidades e indústria, a prática, aos poucos, começa a se
tornar uma forte tendência. A grande vantagem da utilização da água de reuso é
a preservação da água potável, que será usada somente para atendimento de
necessidades que exigem a sua potabilidade, como para consumo humano.
Outras vantagens vão
desde proteção dos mananciais, diminuição da demanda por água, menos poluição
do ambiente com produtos químicos, até a redução dos gastos com a compra de
água, além da redução do volume de esgoto descartado e a redução dos custos com
água e esgoto. No caso da indústria, por exemplo, a água utilizada para geração
de vapor, uma utilidade fundamental em algumas linhas de produção, não precisa
ser uma água nobre.
Nestes casos, o reuso
é um processo que otimiza custos e tem impacto positivo direto sobre meio
ambiente e, consequentemente, para a sociedade, já que a água é um recurso que,
cada vez mais, tende a se tornar escasso. Além da utilização para geração de
vapor, a água de reuso em plantas industriais pode ser direcionada para outros
procedimentos comuns e praticamente diários que não requerem potabilidade, como
em banheiros (em mictórios e bacias sanitárias), paisagismo, lavagem de pátios,
frotas e peças.
A tecnologia para
tratamento é definida a partir da qualidade do efluente a ser tratado e da
qualidade necessária para reuso. Quando precisa de uma água de menor qualidade
e o efluente é de baixa carga, o processo pode envolver apenas filtragem e
cloração. Em processo mais nobres, há modelos mais sofisticados e várias
tecnologias altamente difundidas.
Com o aumento da
consciência sobre a escassez dos recursos hídricos, a utilização de água de
reúso começou a ser percebida como produto. Além de ser ecologicamente correto,
ajuda algumas companhias a serem reconhecidas pela sustentabilidade de suas
instalações.
O conceito de Green
Building e a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design),
desde 2007, mostram a disseminação e a fomentação destas práticas. Ser
sustentável não envolve apenas o processo de construção, mas também a operação
das instalações de tratamento. E a otimização dos recursos naturais, entre eles
os hídricos, é uma das premissas mais importantes para poder, de fato, ser
considerado um empreendimento sustentável.
O fato é que, com
reuso, deixamos de usar água nobre para fins não potáveis. Em outras palavras,
a solução para a escassez de água existe e pode tornar a operação muito mais
sustentável. (ecodebate)
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