WWF e Greenpeace pressionam pelo fim de emissões de gases
Organizações ambientais pedem acordo global para zerar o uso
de combustível fóssil, durante painel do clima.
As organizações ambientalistas WWF
e Greenpeace começaram a pressionar pelo fim das emissões de gases do efeito
estufa causadas por combustíveis fósseis em 2050.
A demanda soma-se a outras pressões
como a assinatura de um acordo global sobre redução das emissões em 2015,
durante a Conferência das Nações Unidas das Partes sobre Mudança Climática
(COP21) de Paris. Mas as organizações ambientalistas querem mais: o acordo deve
conter compromissos de adoção imediata, sem carência até 2020, como tem sido
ventilado.
“Todo o mundo tem de zerar o uso de
combustível fóssil. Essa é a mensagem bem vinda do Painel Intergovernamental
sobre Mudança Climática (IPCC)”, afirmou Kaisa Kosonen, conselheira do
Greenpeace, referindo-se aos três mais recentes relatórios elaborados por
cientistas.
“Chegou a hora de os governos
ouvirem os cientistas do IPCC porque ninguém ficará intocável aos efeitos da
mudança do clima. O combustível fóssil deve ser deixado onde está. A energia
nuclear e o gás xisto não são opções”, disse Gitte Seeberg, secretária-geral do
WWF na Dinamarca.
Tanto o Greenpeace como o WWF
participaram nesta semana das discussões em Copenhague do IPCC sobre a montagem
de uma síntese dos três relatórios sobre a mudança climática, que será
apresentada amanhã. Com linguagem e tópicos revisitados pelos governos, essa
síntese tende a servir como base de referência para as negociações globais, que
começam no próximo mês em Lima, no Peru.
Baseados em pesquisas científicas,
os textos originais do IPCC mostram que a concentração de dióxido de carbono na
atmosfera, atualmente, é a mais alta dos últimos 800 mil anos e já vem
provocando eventos extremos, como secas, ciclones, derretimento no Ártico e em
geleiras e inundações. Os oceanos, agora mais ácidos, não são capazes de
absorver tamanho volume de carbono.
O responsável por esse quadro,
acentuou o IPCC, é o próprio homem. Para o período de 2081 a 2100, a
temperatura do planeta deverá subir entre 1,0 e 2,8ºC, na previsão mais
otimista, e entre 2,8 e 7,8ºC, na mais pessimista. E, para que a temperatura
não avance mais do que 2ºC até 2100, será preciso puxar a concentração de
dióxido de carbono equivalente na atmosfera para cerca de 500 gigatoneladas.
Caso contrário, ilhas e países inteiros podem ser submersos pelos oceanos,
inundações afetarão ainda mais as populações costeiras e ficarão comprometidas
as reservas de água potável e a produção agropecuária. Espécies e biomas
desaparecerão, e a pobreza e desigualdade social do mundo vão aumentar, segundo
o IPCC.
A pressa das organizações
ambientalistas em ver os compromissos de governos celebrados em 2015 e adotados
logo em seguida tem justificativa. “Até 2029, o avanço tecnológico conseguirá
compensar os efeitos da mudança climática. A partir de 2030, já não terá essa
mesma capacidade”, afirmou Stephan Singer, líder da delegação do WWF no
encontro do IPCC em Copenhague. “Se os governos esperarem até 2020 para adotar
as primeiras medidas, será tarde demais. Temos de começar agora”, completou
Samantha Smith, líder da Iniciativa do WWF sobre Clima e Energia.
Renovável
Segundo Kaisa Kosonen, zerar as
emissões geradas pelos combustíveis fósseis em 2050 tende a se tornar menos
traumático nos próximos 25 anos, quando os investimentos nesse setor já não
serão tão vantajosos. Sigurd Lauge Pedersen, conselheiro da Agência de Energia
da Dinamarca, confirmou haver tendência de queda do custo do investimento em
energia renovável nas próximas décadas e de aumento, no caso dos combustíveis
fósseis. Em 2050, informou ele, 95% da energia disponível no mundo serão renováveis.
“A partir de 2020, não será mais
permitida a construção de residências na União Europeia que não sejam neutras
em termos de emissões dos gases de efeito estufa”, afirmou Pedersen, referindo-se
a recente normativa que previu também a redução de 40% das emissões europeias
até 2030. (OESP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário