Levantamento mostra que morador do Rio gastou, em média,
329,78 litros por dia em 2013, ante 188,03 do consumidor de São Paulo.
Um diagnóstico nacional sobre
saneamento recém-divulgado pelo Ministério das Cidades revela que cariocas
consumiram 75% mais água do que paulistanos em 2013, antes da pior crise
hídrica da história dos mananciais que abastecem os dois municípios. Segundo o
levantamento, cada habitante da cidade do Rio gastou, naquele ano, 329,78
litros de água por dia, ante uma média de 188,03 litros diários registrada pelo
morador de São Paulo.
Os números mostram que o consumo de
água das populações das maiores e mais ricas cidades do País ficou acima da
média brasileira em 2013, que foi de 166,3 litros diários por pessoa, e
extrapolou de longe os 110 litros per capita por dia recomendados pela
Organização das Nações Unidas (ONU), com base em padrões europeus de consumo.
Os dados do Sistema Nacional de
Informações sobre Saneamento (SNIS) são fornecidos pelas próprias companhias de
abastecimento, Cedae, no Rio, e Sabesp, em São Paulo.
Consumo
A gerente de projetos Ingrid Lins
da Silva diz tomar quatro banhos 'rápidos' por dia: 'Nem de longe é abusivo'
Tanto Rio quanto São Paulo sofrem
com a seca extrema em seus mananciais, o Paraíba do Sul e o Sistema Cantareira,
respectivamente. A situação paulista, contudo, é bem mais crítica, porque desde
maio de 2014 a Sabesp já capta água do volume morto do Cantareira, o principal
sistema, para garantir o abastecimento na Grande São Paulo. Hoje, ele é
responsável por atender 6,2 milhões de pessoas e está com nível 23% abaixo do
mínimo operacional, além de a estiagem nas represas neste mês estar pior do que
no início do ano passado. O Alto Tietê, o segundo maior, também está próximo do
colapso.
O Rio depende exclusivamente da
Bacia do Rio Paraíba do Sul, cujas represas ficam em São Paulo, para abastecer
dez milhões de pessoas. A capacidade de armazenamento do manancial chegou a 2%,
a pior da história. A situação é melhor porque as represas são maiores e ainda
preservam suas reservas profundas.
Em 16/01/15 a Agência Nacional de
Águas (ANA) e os secretários estaduais de São Paulo e Rio aprovaram novas
regras de operação da bacia e a obra de transposição de água da Represa
Jaguari, no Paraíba do Sul, para a Represa Atibainha, no Cantareira.
O novo secretário do Ambiente do
Rio, André Corrêa, disse na semana passada que o Estado está discutindo novas
regras tarifárias para o consumo de água que beneficiem quem gasta pouco e
sobretaxem quem consome mais. "Essa fórmula tem de ser permanente, não
usada apenas nos momentos de racionamento", disse no discurso de posse.
Desde fevereiro de 2014, a Sabesp dá desconto de até 30% na conta para quem
economizar água e neste mês começou a vigorar multa de até 100% para quem
gastar mais do que a média antes da crise. A medida é questionada na Justiça.
Os dados do SNIS mostram que o
Estado do Rio aumentou o consumo em 3,7% em relação a 2012 e foi novamente o
campeão em gasto no País em 2013, com uma média de 253,1 litros por dia, 52,2%
acima da média nacional. Além do Rio, Maranhão, Amapá, Espírito Santo, Distrito
Federal, São Paulo e Rondônia apresentaram em 2013 um consumo maior do que a média
do País, de 166,3 litros por habitante/dia.
Banhos
Sob o calor escaldante do Rio,
mesmo com o risco de faltar água em um futuro próximo, é difícil alguém que
resista a tomar vários banhos por dia.
A gestora de projetos Ingrid Lins
da Silva, de 33 anos, costuma tomar quatro por dia. "Não tenho
ar-condicionado e a obra de instalação exigiria a reforma da fiação elétrica do
apartamento, que é alugado. Por enquanto, os banhos são a melhor forma de me
refrescar", afirmou Ingrid. "Em geral gasto pouquíssima água e me
preocupo em tomar banhos rápidos. Nem de longe é um gasto abusivo." (OESP)
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