INPE: mortes por raios
aumentam na Região Norte por causa do aquecimento global
O
número de mortes por raios na Região Norte está aumentando e a tendência é que
a incidência do fenômeno continue crescendo na região, por causa do aquecimento
global. Os dados foram divulgados em 23/10/15 pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE) e fazem parte do livro Brasil: Que raio de história,
que está sendo lançado na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em andamento
até 25/10 em Brasília.
O
estudo, realizado pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do INPE,
compara dados do primeiro levantamento de mortes por raios, de 2000 a 2009, com
dados do segundo, de 2000 a 2014. De 2000 a 2014, 1.789 pessoas morreram
atingidas por raios em todo o país. O número médio de mortes por ano caiu de
132 para 111, mas, apesar da redução nacional, as mortes na Região Norte
aumentaram e passaram de 18% para 21% dos casos.
O
Sudeste continua com o maior número de vítimas, por ter maior população, mas
agora com 26% dos casos, contra 29% antes. Nas demais regiões, os dados seguem
o padrão nacional de diminuição. Segundo o coordenador do Elat, Osmar Pinto
Júnior, a falta de acesso à informação pode ser a causa para o aumento de
mortes no Norte, por ser uma região com cidades pequenas e muito distantes dos
centros urbanos. Segundo Osmar, na região Norte existe também a tendência de
aumento da população, assim como o aumento da incidência do número de raios,
porque é a região que mais está esquentando, devido ao aquecimento global
(cerca de 7ºC até o fim do século).
Em setembro,
o INPE lançou um sistema de previsão de raios que pretende informar onde eles
irão cair no dia seguinte. Osmar conta que o sistema deve entrar em operação em
janeiro de 2016 e a ideia é firmar parceria com as emissoras de televisão para
que, assim como a previsão do tempo, seja divulgado o serviço de previsão de
raios.
Apesar
de registrar a maior incidência de raios no mundo, por ser o maior país
localizado na região tropical, o Brasil é o sétimo em número de mortes, atrás
da China (média de 700 mortes por ano), Índia (450), Nigéria (400), México
(220), África do Sul (150) e Malásia (150). Osmar explica que o padrão de
ventos e a alta temperatura da região influem diretamente na formação de
tempestades.
O
coordenador do Elat alerta ainda que, apesar da tendência de aumento de raios
no Norte, de forma pontual neste verão, por causa do fenômeno El Niño, a Região
Sul será muito atingida. “No inverno, já tivemos 500% mais raios se comparado a
2014. No Sudeste o aumento foi 100%”, diz Osmar.
Circunstâncias
das mortes
Apesar
do número de mortes em atividades agropecuárias ser maior, com 25% dos casos,
uma das preocupações do INPE é com o aumento, de 12% para 19%, do número de
pessoas que morrem por raios dentro de casa. Segundo Osmar é um número muito
alto. Ele cita os Estados Unidos que tem uma média de 30 mortes por ano por
raio e 1% delas é dentro de casa.
“É
verdade que dentro de casa a pessoa está mais protegida que ao ar livre, mas
não completamente, pois o problema vem pelas redes elétrica e telefônica.
Precisamos melhorar a segurança dessas redes com apoio do governo e das
empresas”, diz o coordenador do Elat.
Osmar
orienta as pessoas a evitar banhos no chuveiro elétrico, falar ao telefone com
fio e ficar próximo a eletrodomésticos e grandes objetos metálicos, durante
tempestades. Falar ao celular não é perigoso, desde que ele não esteja
conectado ao carregador.
Além
das citadas, as principais circunstâncias de mortes por raios são no
transporte, embaixo de árvores, em campo de futebol e na praia.
Perfil
das vítimas O INPE destaca ainda que a idade das vítimas tem diminuído
consideravelmente. O índice daqueles com menos de 24 anos mortos por raios
passou de 40% para 68%. Segundo Osmar, as orientações sobre como se proteger de
raios chegam mais fácil à população adulta do que aos jovens e crianças.
“Ou
o jovem não recebe ou negligencia a informação, o que sugere que devemos fazer
ações votadas para esse público. Uma sugestão é que os livros didáticos tragam
informações para que as crianças percebam o perigo dos raios e ao longo das
próximas gerações tenhamos crianças mais protegidas”, afirma Osmar.
Além
dos dados de mortes por raios, o livro traz a evolução do significado desse
fenômeno natural, que antes era visto como uma manifestação mais mística e hoje
está mais ligado à ciência e em como os raios podem ajudar a prever o futuro do
clima. (ecodebate)
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