Para
o MPF a Samarco sabia dos riscos de rompimento de barragem desde 2013
Em
audiência na Câmara dos Deputados, MPF discutiu ações para mitigar danos da
tragédia em Minas Gerais.
A
subprocuradora-geral da República Sandra Cureau afirmou que a mineradora
Samarco sabia dos riscos a que os moradores e moradoras do distrito de Bento
Rodrigues estavam expostos/as, pelo menos desde 2013. Por essa razão, deve
responder por todos os danos causados pelo rompimento da Barragem de Fundão, em
Minas Gerais. A subprocuradora fez a afirmação ao representar o Ministério
Público Federal (MPF) em audiência pública na Câmara dos Deputados em 18/11/15,
que discutiu as ações de reparação ao meio ambiente e às vítimas da tragédia em
Minas.
No
inicio de novembro, a barragem da mineradora se rompeu e levou uma onda de lama
com rejeitos de mineração a invadir o distrito de Bento Rodrigues e diversas
comunidades próximas. Além disso, os rejeitos penetraram na bacia do Rio Doce.
Dali, a corrente hídrica seguiu até o estado do Espírito Santo, em direção ao
mar. Os peixes, que serviam de sustento para as populações ribeirinhas, estão
mortos. A flora e a fauna foram duramente afetadas.
Para
a subprocuradora, se a Samarco tivesse um plano de contingencia contra
desastres como esse, os danos poderiam ter sido evitados, ou, pelo menos
mitigados. “E a Samarco sabia que tinha que elaborar o plano, porque foram
feitas recomendações pelo MPF neste sentido. Mas constatou-se que a empresa não
tinha nenhum”, disse.
Entre
as providências recomendadas à Samarco e que não foram seguidas, estava a
instalação de uma sirene ou alarme para alertar as comunidades em caso de
rompimento. “Não havia nada. No rompimento, a empresa acabou não avisando
ninguém”, completou. Pelo fato da empresa conhecer os riscos a que os moradores
da região estavam expostos, Sandra Cureu defendeu que a Samarco seja
responsabilizada, civil e criminalmente, pelos danos ocasionados ao meio
ambiente e às vítimas do desastre e indenize moradores/as e famílias atingidas
pelo rompimento.
Também
as famílias das vítimas têm direito à indenização pela perda de seus entes
queridos.
Garantias
– O Ministério Público Federal já está atuando no sentido de que a empresa
recupere o meio ambiente e para que as pessoas atingidas não fiquem
desamparadas. O órgão montou uma força tarefa, que reúne MPs Federal e
Estaduais de Minas Gerais e do Espirito Santo. Essa atuação conjunta já
resultou em um acordo com a Samarco de R$ 1 bilhão, que deve garantir,
provisoriamente, a recuperação inicial dos danos ambientais.
No
entanto, a subprocuradora alertou que, mesmo a empresa tendo assinado o acordo,
não significa que o MPF abrirá mão de valores maiores que venham a ser apurados
no desastre. “Não dá para dizer neste momento quanto vão pagar, ou deixar de
pagar, porque não temos como avaliar ainda todos os danos causados. Os rejeitos
continuam seguindo pelo rio Doce até o mar e atingindo as regiões vizinhas”,
avaliou.
Acrescentou
que, por se tratar de direitos e interesses indisponíveis, o MPF deve buscar a
condenação da Samarco na reparação de todos os danos e, se não for possível,
sua compensação.
Emergencial
– O general Adriano Pereira Júnior, do Ministério da Integração Nacional,
detalhou o plano emergencial para garantir, de forma imediata, apoio às
famílias que perderam suas casas. Em Bento Rodrigues, o general explicou que as
famílias, inicialmente, foram alojadas em um ginásio de Mariana. Logo após,
foram para hotéis e pousadas da região. “E já está em curso a transferência das
pessoas para casas alugadas pela Samarco”, explicou.
Sobre
o abastecimento de água, vários municípios de Minas foram afetados pela onda de
lama da barragem. O caso mais crítico foi o de Governador Valadares, que ficou
sem água em seus reservatórios por alguns dias. Segundo Adriano Pereira,
inicialmente, a única forma de garantir o abastecimento do município foi por
meio de carros pipa. “No entanto, notamos posteriormente que essa medida não
seria suficiente para garantir água à população. Tínhamos capacidade para
transportar apenas 700 mil litros de água e a população consome, diariamente,
15 milhões de litros”.
A
partir daí, estudos foram feitos para analisar se a estação de tratamento local
teria capacidade para tratar a água do Rio Doce, mesmo nas condições em que se
encontrava, com alto grau de turbidez. Segundo disse, após a coleta de dados,
os resultados mostraram que o rio já estava mais “limpo” e, desde sábado, a
companhia de tratamento local voltou a receber água do manancial. “Com isso, as
residências da cidade, desde segunda-feira, voltaram a receber normalmente a
água tratada do Rio Doce”, concluiu. (ecodebate)
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