O
aquecimento global é a principal ameaça à humanidade, às espécies e aos
ecossistemas no século XXI. Alguns países vão sofrer mais do que outros.
Matéria do The Huffington Post mostra que o Sudão pode se tornar inabitável e
desértico até 2100. Os cientistas preveem que a temperatura da região aumente
em 3 graus Celsius até 2060. O Sudão já iniciou o processo de desertificação e
vem enfrentando tempestades intensas de poeira. A escassez de água se agrava a
cada dia, pois a bacia do Nilo é incapaz de abastecer aos 10 países que
dependem de suas águas.
Mas
a demanda por água do rio Nilo não vem apenas do Sudão. A bacia hidrográfica do
rio Nilo, abrange uma área de 3.349.000 km² e já não dá conta de abastecer as
populações dos 10 países que, em maior ou menor proporção, dependem de suas
águas. A população conjunta de Uganda, Tanzânia, Ruanda, Quênia, República
Democrática do Congo, Burundi, Sudão, Sudão do Sul, Etiópia e Egito era de 84,7
milhões de habitantes em 1950, passou para 411,4 milhões em 2010, devendo
chegar a 877,2 milhões em 2050 e 1,3 bilhão de habitantes em 2100, segundo
dados da divisão de população das Nações Unidas. Os problemas da
desertificação, da fome e da perda de biodiversidade e pobreza humana e
ambiental são, cada vez mais, graves na região.
A população do Sudão era de 5,7 milhões de
habitantes em 1950, passando para 28 milhões no ano 2000 e 40,2 milhões em
2015. Para 2100 há três cenários, conforme projeções da Divisão de População da
ONU. No cenário médio, a população chegará a 127,3 milhões de habitantes no
final do século XXI. No cenário alto (redução mais lenta da queda da
fecundidade), a população do Sudão pode chegar a 181,2 milhões de habitantes. E
no cenário de fecundidade mais baixa, a população pode ficar em 86,3 milhões de
habitantes.
O
colapso ambiental do Sudão vai ter um forte impacto sobre o número de
refugiados climáticos. A tendência é que boa parte destes refugiados busquem a Europa
como refúgio e salvação da crítica situação do país. Mas uma coisa é resolver o
problema de 5 a 6 milhões de habitantes (o que era a população do Sudão em
1950) outra é equacionar os 40 milhões atuais ou a demanda de 127 milhões de
habitantes, conforme previsto para 2100.
Na
verdade, o crescimento populacional agrava os problemas ambientais e o elevado
aumento demográfico do Sudão e da África pode gerar um grande colapso da
fertilidade do solo e da segurança hídrica. Reduzir as taxas de fecundidade é
uma necessidade inadiável.
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que existam 225 milhões de mulheres
no mundo sem acesso aos métodos de regulação da fecundidade. A proposta de
universalização do acesso aos métodos contraceptivos foi aprovada na CIPD do
Cairo, em 1994. Esta proposta foi referendada nos Objetivos do Desenvolvimento
do Milênio (ODM) e nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Mas a
universalização dos serviços de saúde sexual e reprodutiva continua sendo
apenas um sonho, enquanto o pesadelo da degradação ambiental se torna cada vez
mais universal.
Enquanto
quase nada é feito na área da universalização de acesso aos meios de regulação
da fecundidade, quase 1,4 milhão de crianças estão em “risco iminente” de
morrer em decorrência da fome na Nigéria, Somália, no Sudão do Sul e no Iêmen,
como alertou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF, na sigla em
inglês) no dia 21 de fevereiro de 2017. As pessoas já estão morrendo de fome
nestes quatro países, e o Programa Mundial de Alimentos disse que mais de 20
milhões de vidas correm perigo nos próximos seis meses.
Mulheres esperam na fila para serem atendidas
na clínica móvel da UNICEF no vilarejo de Rubkuai, no Norte do país.
O
Unicef afirmou que 270 mil crianças sul-sudanesas estão gravemente desnutridas.
Também na segunda-feira, a instituição de caridade Save the Children disse que
mais de 1 milhão de crianças do país correm risco de passar fome. O Sudão do
Sul ainda vem sendo assolado pela mesma seca do sudeste africano que deixou a
Somália vivendo um surto de fome seis anos depois de 260 mil pessoas morrerem
de desnutrição. Portanto, a situação já é crítica atualmente e tende a piorar
com os efeitos do aquecimento global.
Para
piorar mais ainda as coisas, um relatório das Nações Unidas mostra que o
governo do Sudão do Sul gasta uma grande parte de sua renda petroleira na
compra de armas, enquanto o país enfrenta uma epidemia de fome. Fica difícil
resolver os problemas sociais com base no aumento dos gastos militares e sem
garantir a universalização dos direitos reprodutivos. (ecodebate)
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