Marcas
do derretimento do gelo sobre glaciares na Groelândia
O
aquecimento global está subindo a temperatura do Ártico a um ritmo recorde,
reduzindo o gelo na região e impulsando importantes mudanças ambientais em todo
o planeta, alertou em 11/12/18 uma agência do governo americano.
O
ano 2018 é o segundo mais quente no Ártico desde que se começou a registrar as
temperaturas, em 1900, segundo um informe da Administração Oceânica e
Atmosférica (NOAA, sigla em inglês), que alertou que o aquecimento alimentou
"mudanças profundas" no ecossistema.
A
agência informou que só 2016 foi historicamente mais quente que 2018, quando o
Ártico registrou uma temperatura 17°C acima da média das últimas três décadas,
com um aquecimento duas vezes mais rápido que a média mundial.
A
tendência é clara: os últimos cinco anos foram os mais quentes já registrados,
segundo a NOAA, que coordenou este informe de referência escrito por mais de 80
cientistas de 12 países.
A
agência depende diretamente da administração do presidente Donald Trump, que em
novembro rejeitou um informe sobre os efeitos das mudanças climáticas por parte
de cientistas federais.
"O
Ártico está experimentando uma transição sem precedentes na história da
humanidade", disse Emily Osborne, do Programa de Pesquisa do Ártico da
NOAA.
No
oceano Ártico, o gelo se forma de setembro a março, mas esse intervalo se reduz
inexoravelmente com o passar dos anos. O gelo é menos espesso, mais jovem e
cobre uma parte menor do oceano. O gelo antigo, ou seja, de mais de quatro
anos, diminuiu 95% nos últimos 33 anos.
É
um círculo vicioso: o gelo mais jovem é mais frágil e derrete no início da
primavera boreal. E menos gelo significa menos reflexo solar: o oceano absorve
mais energia e aquece um pouco mais.
Os
últimos 12 anos foram os de cobertura de gelo mais frágil.
Por
exemplo, nunca houve tão pouco gelo invernal no Mar de Bering entre a Rússia e
o Alasca quanto em 2017-2018. Em geral, o inverno mais forte chega em
fevereiro, mas este ano o gelo derreteu nesse mês. Só restava um quarto do
normal.
"É
informação importante este ano", disse Donald Perovich, professor em
Dartmouth College, "a perda de uma área do tamanho de Idaho",
aproximadamente 215.000 km² em duas semanas em fevereiro.
Os
últimos 12 anos foram os de cobertura de gelo mais frágil.
Menos
gelo
O
fenômeno do aquecimento global nesta zona do Ártico provavelmente causou o
degelo prematuro de verão nos mares de Beaufort e Chukchi.
Por
outro lado, a aceleração do degelo da cobertura glacial da Groenlândia se
estabilizou, segundo a NOAA.
A
agência americana tem dados consideráveis. Seus satélites viajam 28 vezes por
dia sobre o Ártico e proporcionam as leituras mais precisas sobre o gelo e os
oceanos. Também se baseia em uma rede de cientistas, sensores e boias.
Segundo
esta agência, os seis rios da Eurásia que desembocavam no Oceano Ártico
derramaram 25% a mais de água no verão boreal passado em comparação com os anos
1980.
Estas
mudanças climáticas têm um efeito dramático no ecossistema.
"O
aquecimento contínuo da atmosfera e do oceano árticos está causando grandes
mudanças no sistema ambiental", resumiu a agência.
As
populações de renas selvagens da tundra diminuíram desde meados dos anos 1990.
Só
duas das 22 manadas monitoradas não diminuíram. Cinco perderam mais de 90% de
seus membros na região do Alasca e Canadá e "não mostram sinais de
recuperação".
"Algumas
manadas têm populações no nível mais baixo já registrado", adverte a
agência. A maioria está classificada oficialmente como raras ou em perigo de
extinção.
A
causa provável é o alargamento do verão e seus males para os animais, bem
equipados para o inverno mas não para a estação quente devido aos parasitas,
pulgas e doenças.
Por
outro lado, o aquecimento ajuda as algas vermelhas tóxicas (plâncton
microscópico ou algas maiores) a conquistarem novos territórios, conforme
penetram nas águas cada vez menos frias do Ártico, onde os peixes e os mariscos
podem se envenenar.
"Os
dados reunidos na última década mostram claramente que existem múltiplas
espécies de algas tóxicas na cadeia alimentar do Ártico em níveis perigosos, e
é muito provável que este problema persista e piore no futuro", segundo a
NOAA.
O
aquecimento do Ártico também está mudando a corrente de jato que tem
consequências em latitudes médias, muito abaixo do polo. Esta corrente rápida
de ventos fortes rodeia e contém o ar frio do Ártico.
Mas
se essa barreira se "suaviza", as massas de ar frio descem e fazem o
ar quente subir. Segundo o informe, isto contribui para a multiplicação de
fenômenos meteorológicos extremos, como as ondas de calor no oeste dos Estados
Unidos e as tempestades. (uol)
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