Índice de Preço dos Alimentos
bate recorde histórico em fevereiro de 2022.
Historicamente, o aumento do
preço dos alimentos provoca uma elevação do percentual da população mundial
sujeita à fome e à insegurança alimentar.
“De pé ó vítimas da fome; De
pé famélicos da terra” - Hino da Internacional Socialista
O Índice de Preços dos
Alimentos (FFPI) da Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação (FAO) vinha subindo em 2021 e acelerou o aumento em 2022. O FFPI
ficou em 140,7 pontos em fevereiro, 5,3 pontos acima do valor de janeiro/2022.
O preço dos alimentos em fevereiro é o mais alto em cerca de 100 anos, sendo
superado apenas pelo preço dos alimentos na época da 1ª Guerra Mundial e da
pandemia da Influenza, no quinquênio 1915-1920.
O Índice de Preços de Óleos
Vegetais da FAO teve uma média de 201,7 pontos em fevereiro, alta de 15,8
pontos (8,5%) mês a mês e marcando um novo recorde. A força contínua dos preços
resultou principalmente do aumento dos preços do óleo de palma, soja e
girassol. Em fevereiro, os preços internacionais do óleo de palma aumentaram
pelo segundo mês consecutivo devido à demanda global de importação sustentada
que coincidiu com a redução das disponibilidades de exportação da Indonésia, o
maior exportador mundial de óleo de palma. Enquanto isso, os valores mundiais
do óleo de soja continuaram a subir com a deterioração das perspectivas de
produção de soja na América do Sul. Os preços internacionais do óleo de
girassol também aumentaram acentuadamente, sustentados por preocupações com as
perturbações na região do Mar Negro, que poderiam reduzir as exportações.
O Índice de Preços de Lácteos
teve média de 141,1 pontos em fevereiro, alta de 8,5 pontos (6,4%) em relação a
janeiro, marcando o sexto aumento mensal consecutivo e colocando o índice 28,0
pontos (24,8%) acima de seu valor no mês correspondente do ano passado. Em
fevereiro, as cotações internacionais de todos os produtos lácteos
representados no índice se firmaram, sustentadas pelo contínuo aperto dos
mercados globais devido à oferta de leite abaixo do esperado na Europa
Ocidental e Oceania.
O Índice de Preços da Carne teve média de 112,8 pontos em fevereiro, alta de 1,2 pontos (1,1%) em relação ao mês anterior e 15,0 pontos (15,3%) em relação ao nível do ano anterior. Em fevereiro, as cotações internacionais de carne bovina atingiram um novo recorde, impulsionadas pela forte demanda global de importação em meio à oferta restrita de gado pronto para abate no Brasil e alta demanda por reconstrução de rebanho na Austrália. O Índice de Preços do Açúcar teve média de 110,6 pontos em fevereiro, queda de 2,1 pontos (1,9%) em relação a janeiro, marcando a terceira queda mensal consecutiva.
O aumento do preço dos alimentos já vinha subindo em decorrência do rompimento das cadeias produtivas ocorrido na pandemia da covid-19 e, especialmente, em função da crise climática e ambiental que tem dificultado a produção de alimentos devido às secas, enchentes, erosão e acidificação dos solos e das águas, etc. Mas o aumento de fevereiro já reflete o impacto da invasão russa da Ucrânia, embora os efeitos serão mais sentidos em março de 2022.
De fato, a guerra entre
Ucrânia e Rússia ameaça o abastecimento global de alimentos. A Ucrânia e a
Rússia são os principais exportadores de alguns dos alimentos mais básicos do
mundo, representando juntos cerca de 29% das exportações globais de trigo, 19%
da oferta mundial de milho e 80% das exportações mundiais de óleo de girassol.
Mas a Rússia também exporta nutrientes agrícolas, bem como gás natural, que é
fundamental para a produção de fertilizantes à base de nitrogênio. Cerca de 25%
do suprimento europeu dos principais nutrientes das culturas, nitrogênio,
potássio e fosfato, vêm da Rússia.
Portanto, com as condições
geopolíticas desarticuladas, as maiores fontes de matéria-prima para a produção
de alimentos estão sujeitas a limitações e não há alternativas de curto prazo.
Os preços futuros do trigo dispararam nos últimos dias com a interrupção dos
embarques de grãos da região do Mar Negro. Os preços dos fertilizantes
aumentaram acentuadamente nos últimos meses de 2021, acompanhando o aumento dos
custos do gás natural e do petróleo.
Historicamente, o aumento do preço dos alimentos provoca uma elevação do percentual da população mundial sujeita à fome e à insegurança alimentar. O novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) publicado no dia 28/02/2022, mostra que a rapidez das mudanças climática podem inviabilizar a capacidade de adaptação e o colapso ecológico poderá ser inevitável.
Recorde: Índice de Preços de Alimentos da FAO sobe 3,9% em fevereiro/2022.
O conjunto das atividades
antrópicas já superou a capacidade de carga do Planeta, mas os diversos
governos do mundo só pensam no crescimento demoeconômico. O aumento do preço
dos alimentos é apenas um indicador de um conflito cada vez maior entre a
ECOnomia e a ECOlogia e que é agravado pelas disputas econômicas e políticas.
Neste quadro, as perspectivas para o ano de 2022 é a continuidade do aumento do
preço dos alimentos. O sofrimento será maior entre as populações mais pobres e
nos países mais dependentes da importação de alimentos. (ecodebate)
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