Chuvas no Rio Grande do Sul
são apenas um exemplo das consequências da mudança climática no Brasil.
Adaptação urgente é necessária para enfrentar eventos extremos e garantir o
futuro do país.
O estado de calamidade no Sul
e as mudanças climáticas
Os gaúchos estão sofrendo há
mais de um mês as consequências do rastro de destruição provocado por um
extremo climático. Mas esse não é o primeiro caso em nosso país. No ano
passado, para dar um exemplo nem tão distante assim, parte do litoral norte do
estado de São Paulo foi devastada pelo que foi considerado o maior temporal da
história do Brasil. Morros vieram abaixo arrastando toda a vegetação,
provocando um grande mar de lama, derrubando casas, tirando vidas. No Rio
Grande do Sul, o número de mortos já passa de 170, mais de 40 pessoas ainda
seguem desaparecidas, além de 2,3 milhões severamente afetadas e ainda muitas
cidades que estão sob a água ou na iminência de alagamentos.
De acordo com o pesquisador Humberto Barbosa, fundador e coordenador do Laboratório de Processamento de Imagens de Satélite da Universidade Federal de Alagoas (Lapis), em 2024 o Brasil está sujeito a outros eventos extremos climáticos em função das massas de ar provocadas naturalmente e por ação do homem. Isso reforça nosso papel nessas tragédias, visto que enquanto não cessarmos de fato práticas que colaboram potencialmente para a ampliação das mudanças climáticas, episódios como este do Sul se tornarão cada vez mais frequentes.
Cidades enfrentam efeitos da crise climática e buscam adaptação.
Embora existam diversos
acordos e movimentos para descarbonização, transição energética, proteção de
solos e biomas, já vivemos em um estado de emergência que demanda adaptações.
Mas, até mesmo esse período em que deveríamos nos preparar para eventos
inevitáveis como os que presenciamos no Rio Grande do Sul e em São Paulo, está
sendo negligenciado. De acordo com relatório global publicado Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o progresso na adaptação climática
está desacelerando, justamente quando deveríamos estar acelerando e, assim, conseguir
acompanhar os crescentes impactos de mudança climática e seus riscos para a
humanidade, a natureza e a economia mundial. Segundo a ONU, o financiamento da
adaptação às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento registrou uma
queda de 15% em 2021.
Este retrocesso trata-se de
um grande equívoco do ponto de vista ambiental, social e econômico. Para
demonstrar o quanto o investimento em adaptação climática é urgente e
necessário, estudos recentes indicam, por exemplo, que para cada bilhão de
dólares investido na adaptação contra inundações costeiras, a redução em danos
chega a aproximadamente 14 bilhões. Quando olhamos para a produção de
alimentos, 16 bilhões investidos em agricultura sustentável por ano podem
evitar que 78 milhões de pessoas passem fome ou fome crônica devido aos
impactos climáticos.
O que aconteceu no Rio Grande do Sul é apenas uma de várias consequências das mudanças climáticas que testemunharemos nos próximos anos, incluindo tempestades catastróficas, secas intensas, escassez de água potável, incêndios severos, aumento do nível do mar, derretimento do gelo polar e declínio da biodiversidade. Mudanças que afetam a nossa saúde, nossa capacidade de cultivar alimentos, habitação, segurança e economia, entre muitos outros fatores que podem ser facilmente citados. Portanto, precisamos agir.
Como as cidades tentam se adaptar à mudança climática
Ainda que os investimentos
para as necessárias adaptações climáticas sejam realmente significativos, se
não acelerarmos o ritmo de redução de emissões, aliando à adaptação climática,
a conta certamente será muito maior. É preciso mudar o presente para
garantirmos o futuro desta e das próximas gerações. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário