segunda-feira, 9 de junho de 2014

Crise zera volume útil do ‘coração’ do Cantareira

Volume útil do 'coração' do Cantareira chega a zero pela primeira vez
Represas Jaguari-Jacareí, na região de Bragança Paulista, possuem agora como reserva disponível para abastecimento apenas 104,3 bilhões de litros do 'volume morto'
Responsáveis por cerca de 80% da capacidade máxima do Sistema Cantareira, as represas Jaguari-Jacareí, na região de Bragança Paulista, atingiram em 03/06/14 o limite mínimo de captação de água por gravidade pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), ou seja, 0% do volume útil armazenado.
Isso significa que, a partir de agora, a retirada de água dos dois principais reservatórios do Cantareira só pode ser feita através do bombeamento do "volume morto", que fica represado abaixo do nível das comportas da Sabesp. A operação, que custou cerca de R$ 80 milhões, teve início no dia 15 de maio.
Em 03/06 as represas Jaguari-Jacareí possuem 104,3 bilhões de litros da reserva profunda disponível para a Sabesp. Consideradas o "coração" do Cantareira, elas têm capacidade total para 1,04 trilhão de litros, dos quais 808 bilhões ficavam acima do nível das comportas e acabaram com a crise histórica.
Vista da represa de Jaguari, em Bragança Paulista
Ao todo, o Cantareira possui hoje 240,9 bilhões de litros, já considerando o "volume morto" que será utilizado e a quantidade de água que resta nos outros três reservatórios que compõem o sistema: Cachoeira, em Atibaia, Atibainha, em Nazaré Paulista, e Paiva Castro, em Mairiporã.
O volume disponível hoje representa 24,6% da capacidade do Cantareira, segundo a Sabesp. Na estimativa mais pessimista feita pela companhia, a pedido do comitê anticrise que monitora o manancial, a reserva atual pode acabar no dia 27 de outubro, um dia após o segundo turno das eleições do governo paulista. Sem considerar a reserva profunda, o nível atual estaria em 6% da capacidade.
O cálculo da Sabesp considerou uma vazão afluente (água que chega aos reservatórios) 50% abaixo da mínima histórica e uma retirada para abastecimento da Grande São Paulo de 21,5 mil litros por segundo. Só em maio, contudo, a vazão registrada foi igual a 39% do pior índice registrado para aquele mês, ou seja, abaixo da projeção da Sabesp.
Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), a concessionária paulista já solicitou autorização para captar mais 100 bilhões de litros do "volume morto" para tentar evitar o racionamento de água generalizado. O presidente da agência, Vicente Andreu, já se manifestou contrário à medida.  
Em nota, a Sabesp informou que as projeções com cenários mais desfavoráveis foram solicitadas pelo comitê anticrise liderado pela ANA e pelo Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), do governo paulista. "Mas esta não é a posição da Sabesp", afirma a empresa, que disse manter as projeções "inicialmente apresentadas". Segundo ela, a reserva atual é suficiente para garantir o abastecimento de água e pode não ser utilizada integralmente. (OESP)

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