Crise generalizada fez prefeito Jonas Donizete (PSB) ligar
para Alckmin (PSDB), pedindo que liberasse volume do Cantareira determinado
pela ANA e pelo DAEE.
Responsável pela operação do
Sistema Cantareira, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
(Sabesp) descumpriu uma determinação dos órgãos reguladores do manancial para
aumentar em 25% o volume de água liberado para atender a região de Campinas,
que há quatro dias pratica rodízio no abastecimento de 1,1 milhão de
habitantes, por causa da seca no Rio Atibaia.
O aumento de 4 mil para 5 mil
litros por segundo da vazão de água do Cantareira para o interior foi
determinado em 10/10 pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento
de Águas e Energia Elétrica (DAEE), a pedido do Comitê da Bacia dos Rios
Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), onde 5,5 milhões de pessoas dependem do
Cantareira, incluindo Campinas.
O acréscimo de água para a região
deveria sair exclusivamente da Represa Cachoeira, em Nazaré Paulista, que é a
terceira maior do manancial e apresenta hoje o melhor nível de armazenamento:
24,9%. A Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) de Campinas
capta 95% da água que abastece o município do Rio Atibaia, que é formado pelos
Rios Cachoeira e Atibainha.
Esquema de 12 horas sem água vai
durar pelo menos mais 7 dias
Na prática, contudo, o aumento não
ocorreu. A baixa vazão do Rio Atibaia reduziu a oxigenação nas águas e aumentou
o nível de poluição, fazendo a Sanasa só conseguir captar e tratar 60% da
demanda por água na cidade em pleno fim de semana de calor intenso, quando o
consumo cresce.
As queixas de falta d’água se
espalharam pelo município, em especial nas regiões mais altas e afastadas do
centro, como os bairros Campo Grande, Jardim Londres e Ouro Verde.
Pedido
A crise generalizada fez o prefeito
de Campinas, Jonas Donizete (PSB), ligar na segunda-feira à noite para o
governador Geraldo Alckmin (PSDB), pedindo que liberasse para a região os 25%
adicionais determinados pela ANA e pelo DAEE.
Segundo o Estado apurou, Alckmin
relutou em atender o apelo do aliado, mas, após uma reunião com técnicos da
área, decidiu liberar metade do aprovado pelos órgãos reguladores, ou seja, 500
litros por segundo.
Segundo a Sanasa, esse volume
adicional pode levar até sete dias para chegar ao ponto de captação de
Campinas. Enquanto isso, a empresa continuará operando em esquema de rodízio de
12 horas com água e de 12 horas sem água, sem decretar racionamento oficial,
sob a justificativa de que a norma técnica determina que os imóveis devam ter
caixas d’água suficientes para garantir 24 horas de abastecimento.
Previsão feita pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostra que as chuvas só devem voltar com
certa intensidade à região do Cantareira a partir do dia 21.
Revisão
Em nota oficial, a Secretaria de
Saneamento e Recursos Hídricos afirmou que “após revisão técnica, a vazão
autorizada pelo DAEE e ANA foi de 0,5m³/s (500 litros por segundo), solução
adequada diante da atual escassez hídrica”. Já a ANA informou que não foi
procurada para alterar a decisão inicial e a determinação para liberar mil
litros por segundo já deveria ter sido atendida.
A reportagem ainda procurou o DAEE,
além das assessorias do prefeito Donizete e do governador Alckmin, que não se
manifestaram até as 22 horas de 14/10/14. (OESP)
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