Em 26 anos, Maranhão
destruiu 24,1 mil km2 de Floresta Amazônica
Dados
são de projeto de monitoramento do desmatamento na Amazônia.
Área
desmatada é equivalente a pouco mais que o território de Sergipe.
Quase
130 mil Maracanãs de Floresta Amazônica foram destruídos nos últimos 26 anos no
Maranhão. Os dados são do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia
Legal (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que faz o
monitoramento da floresta por satélite. São, ao todo, 24.195 km² de área
desmatada no período.
De
1988 a 2014, desde que o projeto monitora o desmatamento na região, foram
407.675 km² de florestas devastadas em toda a Amazônia Legal. No ranking do
período, o Maranhão fica em quarto lugar, atrás de Mato Grosso (138.316 km²),
Pará (137.981 km²) e Rondônia (55.455 km²).
A área desmatada é equivalente a pouco mais que
o território do Estado de Sergipe, que possui 21,9 mil km², como destaca Luis
Eduardo Maurano, tecnologista do Programa de Monitoramento de Queimadas da
Divisão de Processamento de Imagens Programa Amazônia, ligado ao INPE.
Queda
Queda
Pelos
dados dos projetos, é possível verificar uma queda no índice de desmatamento no
Maranhão após 2008 (1.271 km²), com um único pico em 2013 (403 km²). De uma
forma geral, o desmatamento registrou uma queda nos últimos anos em toda a
Amazônia Legal. “Na realidade as taxas começaram a declinar em 2004. Na
Amazônia Legal, em 2014, tivemos a segunda menor taxa da série histórica (5.012
km²)”, afirma Maurano.
O
tecnologista do INPE esclarece que a queda só foi possível após o aumento do
rigor nas fiscalizações e ações de combate do governo federal, em especial do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
“Em
2004, foi instituído pelo governo federal o Plano de Prevenção e Controle do
Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAM), que representou um avanço nas questões
relacionadas à prevenção e combate ao desmatamento. Muito da queda pós-2004 se
deu em virtude deste plano, onde a fiscalização, principalmente do IBAMA, teve
e tem papel preponderante”, conclui.
Parte
da estratégia do IBAMA, agora, é incendiar tratores e caminhões usados na
extração ilegal de madeira.
Nova estratégia do IBAMA é destruir caminhões que transportam madeira ilegal.
Nova estratégia do IBAMA é destruir caminhões que transportam madeira ilegal.
O G1 solicitou do superintendente do IBAMA
no Maranhão, Pedro Leão da Cunha Soares Filho, informações sobre a atuação do
órgão no PPCDAM, mas não houve retorno por parte do Ibama.
Região de conflito no Maranhão
As ações de madeireiros no Maranhão
afetam não só a flora, mas a fauna do Estado. No início do mês de setembro,
policiais federais e agentes do IBAMA encontraram mortos uma mãe e um filhote
de macacos da espécie Guariba-de-Mãos-Ruivas – espécie típica do Maranhão,
Piauí e Ceará e com alto risco de extinção – na Reserva Biológica do Gurupi, no
município de Bom Jardim, a 275 km de São Luís. O IBAMA acredita que os animais
foram mortos por caçadores para consumo. “Eles atiraram na mãe e o filhote, que
estava grudado com ela, morreu na queda”, disse o agente ambiental federal,
Roberto Cabral Borges, ao G1.
A Rebio dos Gurupi é, atualmente, uma
das regiões de maior conflito no Maranhão por causa da disputa de territórios e
a extração ilegal de madeira, considerada pela Polícia Federal como zona
vermelha por causa do risco de emboscadas. Foi nessa região que, em 25 de
agosto, o ambientalista e conselheiro da Rebio, Raimundo Santos Rodrigues, foi
assassinado em uma emboscada.
Tecnologia
contra os madeireiros
Para tentar frear ainda mais o
desmatamento no Maranhão, ao fim de agosto, ativistas da organização não
governamental (ONG) Greenpeace deram orientação a lideranças da etnia indígena
Ka’apor e moradores da Terra Indígena (TI) Alto Turiaçu, na região norte do
Maranhão, em um projeto pioneiro: os índios vão usar equipamentos de alta
tecnologia – com uso de câmeras fotográficas e rastreadores via
satélite – para registrar a atividade dos madeireiros dentro da terra indígena.
O objetivo é fechar o ‘quebra-cabeça’
entre a origem e o destino dos veículos que transportam a madeira obtida de
forma ilegal.
Terra indígena no Maranhão é alvo constante de madeireiros.
Terra indígena no Maranhão é alvo constante de madeireiros.
A TI é alvo de constantes invasões de
madeireiros: segundo dados da ONG, até 2014, 8% (quase 41 mil hectares) dela
foram desmatados. Com a iniciativa, a organização pretende, também, diminuir os
conflitos na região já que, segundo o Conselho Indigenista Missionário (CIMI),
quatro índios Ka’apor foram mortos e outros 15 atentados registrados nos últimos quatro anos.
“A gente faz essas ações porque a
nossa realidade é a floresta. É na floresta que está a nossa vida. Sem a
floresta, nós não somos os Ka’apor. ‘Ka’apor’ significa ‘moradores da floresta’
e por isso nós estamos defendendo ela”, explica Miraté Ka’apor, liderança na TI
em Alto Turiaçu. (amazônia.org)
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