Entulho é reciclado em uma a cada
cinco obras no Brasil
Quase tudo o que
sobra das construções brasileiras é jogado fora.
Só 17 milhões
dos 84 milhões m3 são aproveitados.
O entulho produzido em qualquer
construção costuma ser um problema, mas poderia ser uma solução. Isso, se o
material fosse reciclado, o que só acontece em uma de cada cinco obras no Brasil.
Quase tudo o que sobra das
construções brasileiras é jogado na rua ou despejado num aterro. Material
suficiente para construir quase 4 milhões de casas populares ou pavimentar 168
mil quilômetros de estradas. Daria pra dar quatro voltas na Terra.
Tudo isso é tratado como entulho,
mas numa usina de reciclagem vira material perfeitamente adequado para novos
projetos.
As obras de construção civil no
Brasil geram 84 milhões m3 de resíduos todos os anos e só 17 milhões
m3 são aproveitados. As usinas de reciclagem poderiam fazer muito
mais para diminuir essas montanhas de entulho. O que falta não é tecnologia nem
aplicação pra todo esse material. Mas o Brasil ainda precisa quebrar algumas
barreiras. Uma delas é cultural.
"Existe o preconceito porque
acha que é resto de obra. No é resto de obra, é um material muito rico",
diz Benedito Oliveira Júnior, professor de Engenharia.
O professor de engenharia explica
que o produto reciclado não pode ser usado na estrutura de prédios, mas é
perfeito para casas, pisos, ruas e estradas: “Tudo o que eu posso fazer com
material natural eu posso fazer com material reciclado desde que ele seja
devidamente trabalhado, estudado para que a gente faça uma dosagem perfeita pra
que esse uso seja semelhante”.
O Brasil tem 310 usinas de
reciclagem. Há espaço para muito mais, mas os empresários reclamam que não
podem investir se as prefeituras não incentivarem o uso do material agregado.
"Somente 36% dos municípios
que têm um plano efetivamente, tem previsto o uso preferencial do agregado,
esse é um dos grandes gargalos que a usina tem", diz Hewerton Bartoli,
presidente da Associação Brasileira de Resíduos da Construção.
Por enquanto, o aproveitamento fica
por conta de algumas construtoras e de pequenas empresas, como a de Valdemar e
Renata. Eles faturam R$ 25 mil mês com a fabricação de 60 mil tijolos feitos
com areia reciclada, que custa a metade do preço da nova.
“Ele se torna mais barato
justamente por você não agregar mais material a sua obra. Você economiza no
material de construção e economiza até na retirada de entulho, porque não gera
resíduo na obra. É uma obra limpa”, afirma Valdemar Prado, fabricante de
tijolos. (g1)
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