SlideShare,
de Uilson Pereira da Silva, Professor de Educação Básica na Prefeitura
Municipal de Tobias Barreto-SE .
Um
aquífero é uma rocha porosa, de natureza sedimentar, do tipo psamítica,
geralmente um arenito ou conglomerado, que tem grande porosidade, e logo grande
capacidade de armazenamento e transmissão de fluidos de qualquer natureza, água
inclusive. Aquíferos, como indica o próprio radical da expressão, são rochas
com grande possibilidade de armazenarem água.
O
aquífero Alter do Chão é considerado um dos maiores do mundo em volume de água
disponível, se configurando como importante reserva de recursos naturais. Está
localizado no subsolo dos estados do Pará, Amapá e Amazonas, integrando
provável pacote sedimentar de rochas de idade paleozoica. Este aquífero
abastece as cidades de Santarém no Pará e quase a totalidade de Manaus, capital
do estado do Amazonas.
Informações
já divulgadas estimam em cerca de 480.000 km2 a área do aquífero, e
em mais de 500 metros, a espessura dos litotipos integrantes das rochas
sedimentares, com capacidade de armazenamento de água, na estratigrafia
descrita do pacote de sedimentos. Isto tudo, certamente considerando ainda
volume medido ou estimado de capacidade de armazenamento de fluidos ou de água
nos poros das rochas sedimentares, resulta numa estimativa que este possa ser o
maior aquífero do mundo, com o dobro de capacidade do aquífero Guarani, localizado
na região sul do país e já conhecido há bastante tempo.
Este
aquífero não tem grande área de ocorrência, mas sua grande espessura
possibilitaria a acumulação de grandes volumes de água. Aquíferos tem
características e peculiaridades que devem ser ressaltadas. Os solos e as
rochas sobrepostas, tem que apresentarem porosidade e permeabilidade que
permita para as águas circularem livremente, até se depositarem em profundidade
em que se encontram os estratos que conformam os aquíferos.
Este
“caminho” da água realiza um processo de filtragem, uma purificação “física” da
água. Este processo permite a formação de nascentes de água, sempre que o
fluido se depara com a existência de camada estratigráfica de menor
permeabilidade em posição inferior, induzindo que a água pratique um transporte
horizontal predominante, até encontrar uma superfície de relevo que permita o
afloramento de água e a consolidação de nascente.
Interações
complexas com níveis freáticos e regimes fluviais permitem a implantação de
regimes influentes ou efluentes. A alimentação de cursos de água superficiais
ou regimes em que os rios alimentam lençóis freáticos ou subterrâneos. Todo
este conjunto interativo tem grande importância e relevância ambiental em todos
os sentidos. Vida só existe onde houver disponibilidade de água.
Sempre
houve conhecimento sobre a existência de aquífero de grandes proporções na
bacia amazônica, mas somente a partir de 2010, houve a possibilidades de
aquilatar e caracterizar melhor este aquífero. Dados divulgados pela CPRM que
responde pelo serviço geológico nacional do país indicam que este é um aquífero
misto, com uma parte superior livre com cerca de 50 metros de espessura e outra
parte confinada, correspondendo a aproximadamente 430 metros de espessura.
As
rochas descritas são arenitos e argilitos. Como as litologias pelíticas como os
argilitos tem baixa permeabilidade, imagina-se que os mesmos realizem o
“confinamento” sobre os arenitos, estes sim, rochas sedimentares psamíticas,
com verdadeiras características de aquíferos. Pelo que se depreende, a parte
superior livre do aquífero, não origina poços tubulares de grande pressão de
água, mas a parte inferior origina poços tubulares com características de
artesianismo, onde a água é obtida pela pressão obtida no confinamento
associada com adequadas condições gravitacionais de natureza geomorfológicas.
Contaminações
de aquíferos subterrâneos, atribuídas a poços mal acabados ou de outra
natureza, devem ser evitadas para manutenção da qualidade das águas. Ampliação
de áreas de cultivos e usos inadequados de defensivos agrícolas podem
contaminar e comprometer o uso dos aquíferos. A manutenção da sustentabilidade
deste aquífero também depende da preservação da floresta. Boa parte da água que
abastece o aquífero provém da elevada pluviosidade da região que é patrocinada
por elevadas taxas de evapotranspiração florestais.
Poços
de pesquisa realizados pela Petrobras, cruzados com informações provenientes de
poços tubulares, originaram o aprofundamento dos estudos, que fornecem
informações e sustentam as estimativas já apresentadas e que foram compilados
pelo Grupo de Pesquisas em Recursos Hídricos da Universidade Federal do Pará,
em colaboração com docentes da Universidade Federal do Ceará.
A
denominação Alter do Chão é devida à inspiração a uma das mais belas praias do
país, localizada na região de Santarém. A existência deste aquífero na região
amazônica já é referida desde a década de 50 do século passado, mas os dados
que confirmam todas as informações que se compila e se apresenta, são bastante
recentes.
Os
aquíferos que armazenam as águas no interior de camadas de rochas guardam as
águas que são mais protegidas, porque estão muito menos expostas a processos
que possam vir a gerar contaminações das águas.
A
região amazônica que já era muito particular na medida em que abriga uma das
mais importantes áreas florestais do mundo, pela riqueza e diversidade de flora
e fauna, que com rios formam diversos ecossistemas de grande importância e
delicado equilíbrio ecossistêmico, agora ganha uma nova e inestimável riqueza.
Um aquífero, que é considerado o maior do planeta e que poderia dispor de água
potável várias vezes, toda a população existente no planeta. (ecodebate)
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