Pessoas desempregadas há muito tempo, ao não
encontrar emprego, buscam outras formas de ocupação.
O
número de catadores informais de material reciclável cresceu 48% no Brasil
entre dezembro de 2014 e igual mês de 2018. Somente no ano passado, houve alta
de 21% na quantidade de pessoas que recorrem ao lixo como fonte de renda, em
mais uma evidência de que a tímida melhora recente da ocupação está se dando em
vagas de baixa qualidade e remuneração.
A
entrada dos novos catadores aumenta a competição no mercado de reciclagem, e
trabalhadores mais antigos observam que menos material chega às cooperativas
via coleta municipal, o que reduz o faturamento distribuído aos cooperados.
Além da maior competição entre catadores, a queda do consumo devido à recessão
reduziu a geração de resíduos recicláveis.
Os
catadores informais de material reciclável somavam 268 mil em dezembro de 2018,
ante 180,5 mil no último mês de 2014, segundo dados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, compilados por Daniel Duque, do
Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), a
pedido do Valor. Os catadores informais tinham renda mensal de R$ 690 em 2018,
cerca de 30% da renda média nacional (R$ 2.243).
Ocupação
A
maioria (67%) é negra, 72% são homens e 74% têm apenas o ensino fundamental
incompleto ou nenhuma instrução. O levantamento soma as categorias de
"catadores de lixo e material reciclável" e "classificadores de
resíduos", conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas
(CNAE). "Em 2017 e 2018, houve uma recuperação do mercado de trabalho, com
aumento da população ocupada via informais e trabalhadores por conta
própria", lembra Duque.
"O
movimento dos catadores está em linha com essa tendência geral, em que pessoas
desempregadas há muito tempo, ao não encontrar emprego, buscam outras formas de
ocupação de menor rendimento, mas que são uma maneira de aumentar a renda da
família num momento de crise".
Reciclar
é bom, mas reduzir o volume de resíduos é ainda melhor. (vermelho)
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