As altas temperaturas trazem
inúmeros problemas de saúde, desde desconforto pelo suor liberado, desidratação
excessiva e até problemas cardíacos como a arritmia. Segundo a Organização
Meteorológica Mundial (OMM), agência parceira da Organização das Nações Unidas
(ONU), este ano é o mais quente em 174 anos. O marco foi atingido pelo 1,4°C
acima da média na temperatura global. As altas temperaturas este ano ocorreram
pelos três principais gases do efeito estufa, dióxido de carbono, metano e
óxido nitroso, que obteve níveis históricos, afirma a OMM.
Maria Gorete ressalta como o
corpo humano reage à exposição de altas fontes de calor. “Quando somos expostos
a um estresse térmico, no caso seriam as altas temperaturas, o organismo vai
reagir imediatamente com uma série de alterações que chamamos de fisiológica,
para que essa temperatura volte para sua média original, fazendo um
resfriamento. A primeira reação que acontece é a perda de calor por meio do
suor, que é o método natural”.
Ela diz que as diferentes
comunidades existentes no vasto território brasileiro reagem de forma diversa.
“Nas áreas da Amazônia, por exemplo, há uma alta umidade do ar, onde o
indivíduo vai ter uma dificuldade de eliminação dessa temperatura. Já em áreas
muito secas, como no Nordeste, as ondas de calor são mais difíceis de ter um
resfriamento. Vamos ter todas essas complicações”.
Nesse cenário, é importante
que portadores de doenças cardiovasculares tenham uma atenção maior nos dias
mais quentes. “Diante de calor extremo, o nosso sangue fica mais espesso, ele
aumenta o risco de coágulos sanguíneos, trazendo uma carga adicional para o
coração, fazendo com que ele bombeie mais rápido para tentar dissipar o calor
desse corpo, só que, ao mesmo tempo, ele vai estar com o sangue mais
concentrado, favorecendo então a formação de coágulos. Por isso, pessoas que
têm insuficiência cardíaca, um coração mais fragilizado, estão com maior risco
de complicações relacionadas ao calor intenso, podem desencadear arritmia, o
coração começa a bater descompassado”.
O quadro pode se agravar
dependendo da umidade do ar. “A questão da umidade do ar vai ter dois
comportamentos extremos que vão trazer consequências a esses indivíduos. Onde
tiver uma grande quantidade de vapor disperso, há dificuldade na eliminação
desse calor através do suor. Já nos lugares extremamente secos, a gente vai ter
um ressecamento importante da mucosa do nariz e boca, ocorrendo a perda de
barreira mucosa”.
Outra dificuldade no calor
excessivo são as doenças contagiosas e a professora faz um alerta. “A gente
ainda tem a preocupação com o aumento de doenças infectocontagiosas porque, nessa
época, quando começarem as chuvas, vamos ter a dengue que, normalmente, não
tinha tantos surtos. Então, imagina que a dengue vai aumentar o risco de
complicações desses indivíduos”.
Como se proteger
Nessas horas de calor
sufocante, é fundamental se prevenir, como explica a professora. “A pessoa
exposta ao sol em temperatura extrema de calor precisa diminuir sua
temperatura, fazendo boa hidratação para poder repor essa perda de água que
temos constante, procurar locais de temperatura menor e saber a disponibilidade
de áreas mais resfriadas”.
Em relação à alimentação, a professora adverte que fazer refeições bem leves, bem espalhadas ao longo do dia em pequenas porções em uma hiper-hidratação. E sugere o consumo de saladas, frutas e comidas frias e evitar ingerir comidas quentes. Caso haja necessidade de sair à rua em dias quentes, a professora explica que é necessário utilizar protetor solar, chapéu, guarda-chuva, óculos escuros e vestir roupas leves. Principalmente evitar horários de pico do sol, como das 11 da manhã até as 17 horas.
Mesmo dentro de casa, os cuidados não podem ser negligenciados. “Não deixar as casas abafadas nem deixar totalmente abertas ao sol. Então, deixe o ar circulando, tome banhos mais frios, evite tomar banho bem quente, porque esse banho vai aumentar a temperatura corpórea, vai deixar a pele mais ressecada, então isso não é interessante. Evitar aglomeração, então, nessa época de Natal e Ano Novo em que muita gente vai viajar, as crianças estarão de férias, o ideal é evitar locais que estão muito cheios de pessoas”. Ela finaliza com a sugestão de dar preferência para viagem ao campo, onde existe maior circulação de ar. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário