O entendimento vem de acordo com o nível cultural e intelectual de cada pessoa. A aprendizagem, o conhecimento e a sabedoria surgem da necessidade, da vontade e da perseverança de agregar novos valores aos antigos já existentes.
sábado, 31 de julho de 2010
Atual desenvolvimento é insustentável
O que é uma Nova Economia Sustentável?
Tempos de insustentabilidade
Insustentabilidade é o que define melhor o estágio que a humanidade alcançou. Enquanto a preocupação rodeava a carência de alimentos para uma população mundial galopante (Malthus foi generoso na época), temos hoje indícios de que o planeta está em colapso.
Talvez a profecia de “2012″ não seja tão alarmante a ponto de frear a ação de seres covardes e canalhas, que nada temem senão o decréscimo de seus lucros e o risco de que seus gozos terrenos sejam socializados por algum presidente de tendência esquerdista.
Podemos acreditar que o ápice da maldade ainda está por alcançar-se antes da guinada vibratória que este planeta sofrerá (súbita ou lentamente?) afim de que sejam expulsos os maus elementos, que obstinam em caminhos funestos. Estiveram enganados os maias?
Muitos deles dirigiram ou ainda gerem, a contragosto dos bem-intencionados, comunidades e países inteiros; inclusive há os que se intrometem noutras nações soberanas como se fossem policiais do mundo. Tentaram convencer, embora anacronicamente, que puderam ser representantes fieis do povo ou autoridades da causa comum.
A história e a razão desmentem estes mitos.
O dinheiro estimula o pecado, mas peca aquele que fraqueja. Caso contrário, não haveria espaço para alguns dos negócios mundiais mais rentáveis: tráfico de armas, de drogas, e exploração sexual e laboral. A maldade verte insaciavelmente. Cabeças rolam por causa do narcotráfico.
Falta bom senso na política, ainda que sua arena desmistifique qualquer tentativa de consenso.
Uma das expressões é a de que líderes sindicais do setor bananeiro protestam no Panamá contra uma nova lei que prejudica esta categoria de trabalhadores e prevê, por exemplo, a suspensão em caso de greve e o recurso à Polícia para proteger a empresa.
A hierarquia social é opressiva. A sensação é de que aumenta a irreversibilidade da pobreza entre aqueles que sonham em abandonar a categoria. Manifestações populares confundem-se com baderna nas cidades latino-americanas. Assim se criminalizam movimentos sociais e passeatas que pretendem somente mostrar que há quem pensa diferentemente.
O laboratório de fenômenos políticos e sociais na Bolívia recebe um novo experimento.
Há vozes discrepantes sobre a participação da USAID na Bolívia: alguns acusam que a agência estadunidense intromete-se na vida política do país, como sustentam o presidente Evo Morales e parlamentares do partido Movimiento al Socialismo (MAS), enquanto outros são favoráveis ao resultado benéfico da transferência vultosa de recursos dos EUA a projetos de desenvolvimento, como de conservação de biodiversidade e promoção da saúde.
Enquanto se grafitam estas linhas, pulula a recordação de quanta coisa poderia ser diferente na organização social, mas não só para agradar a mim ou a você senão ao maior número possível de cidadãos. As decisões mais importantes, no entanto, dependem de “representantes” ensimesmados ou grupos pequeníssimos que pensam de outra forma. Estão convictos de que, se houver mérito, alguns poderão enriquecer a despeito do empobrecimento de outros, que assistem à liquidação das poucas oportunidades com que contavam.
É crença de muitos que o planeta tem-se degradado moralmente como se houvesse regressão do nível evolutivo. Um olhar mais atento deduziria que um número excedente de seres humanos tem tido a oportunidade de mostrar se merece ou não a “vibra” de “2012″ que se avizinha. Portanto, a maldade não piorou, mas há um número maior de humanos praticando-a.
Quando a turma não é legal, procura-se outra. Ou se dispensam seres que não se enquadram.
O planeta Terra é diverso, rico e estupendo. Sua riqueza, contudo, é tão incomensurável que destoa do que se acreditou que estivesse na cana, o ouro, o diamante, o petróleo, o dólar, o entorpecente, ou qualquer outro bem que descarrilou a humanidade.
Cuidem-se aqueles que depositaram toda sua fé nestes bens materiais porque os terão em abundância em planos de existência onde não valem nada. O eco do vazio será ensurdecedor, assim como a visão de um paraíso de que não se pode desfrutar.
O planeta virou um prostíbulo do que há de pior na evolução de qualquer espécie. Contudo, ainda há indivíduos com ideias vivificantes, entre tantos carrapatos da humanidade.
Enquanto se deixa um planeta em frangalhos para a posteridade, não é justo que seus protagonistas colham o que estiveram longe de semear.
Prestemos atenção nos exemplos edificantes que partem de onde menos esperávamos. Há seres bons entre tantos ruins. Você poderá ser um deles. Valorize-se. (EcoDebate)quinta-feira, 29 de julho de 2010
Última década do milênio foi a mais quente
Dez indicadores do aquecimento global
Entramos no 3º milênio com recordes exorbitantes no aumento da temperatura global.
A última década do 2º milênio bateu recorde de temperatura; aquecimento é 'inegável', diz relatório - As últimas três décadas foram as mais quentes já registradas; anos 90 superam os 80 e 2000, os 90.
Cientistas de todo o mundo estão trazendo ainda mais provas de que há um aquecimento global em marcha. “Uma revisão ampla dos principais indicadores climáticos confirma que o mundo está se aquecendo e que a década passada foi a mais quente já registrada”, diz o relatório anual Estado do Clima [BAMS State of the Climate Report / National Oceanic and Atmospheric Administration / National Climatic Data Center].
Compilado por mais de 300 cientistas de 48 países, o relatório diz que análises de dez indicadores que são “todos claramente e diretamente ligados ás temperaturas da superfície contam a mesma história: o aquecimento global é inegável”.
Derel Arndt, do Ramo de Monitoramento Climático do Centro Nacional de Dados Climáticos dos EUA, destaca que a década de 80 tinha sido a mais quente de todos os tempos, mas que cada um dos anos da década de 90 havia sido mais quente que a média dos anos 80, o que fez dos anos 90 os mais quentes já registrados.
Mas agora sabe-se que cada um dos anos de 2000 a 2009 foi mais quente que a média dos anos 90, o que faz dessa década a mais quente.
O relatório, divulgado pela Administração Nacional de Atmosfera e Oceano (NOAA) e publicado como um suplemento do Boletim da Sociedade de Meteorologia dos EUA, focalizou dez indicadores de aquecimento, sete dos quais estão em elevação e três, em queda.
Em elevação encontram-se a temperatura média do ar, a taxa de vapor de água no ar, o conteúdo de calor dos oceanos, a temperatura da superfície do mar, o nível do mar, a temperatura do ar sobre o oceano e a temperatura do ar sobre a terra. Em queda encontram-se a cobertura de neve, as geleiras e o gelo sobre o mar. (EcoDebate) Nordeste é mais vulnerável às mudanças climáticas
Além da expansão da seca, deverá sofrer com alterações nos níveis dos oceanos (Imagem: Nasa)
O Nordeste e as mudanças climáticas
O primeiro quadrimestre de 2010 foi o mais quente já registrado, de acordo com dados de satélite da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), dos Estados Unidos.
No Brasil, a situação não foi diferente. Entre 1980 e 2005, as temperaturas máximas medidas no Estado de Pernambuco, por exemplo, subiram 3ºC. Modelos climáticos apontam que, nesse ritmo, o número de dias ininterruptos de estiagem irá aumentar e envolver uma faixa que vai do norte do Nordeste do país até o Amapá, na região Amazônica.
Os dados foram apresentados pelo pesquisador Paulo Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), durante a 62ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) que começou dia 25/07/10 e vai até 30/07/10, em Natal, no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Além da expansão da seca, o pesquisador frisou que o Nordeste deverá sofrer também com as alterações nos oceanos, cujos níveis vêm subindo devido ao aumento da temperatura do planeta. Isso ocorre não somente pelo derretimento das geleiras, mas também devido à expansão natural da água quando aquecida.
Cidades que possuem relevos mais baixos, como Recife (PE), sentirão mais o aumento do nível dos oceanos. E Nobre alerta que a capital pernambucana já está sofrendo as alterações no clima. “Com o aumento do volume de chuva, Recife tem inundado com mais facilidade, pois não possui uma rede de drenagem pluvial adequada para um volume maior”, disse.
Um dos grandes obstáculos ao desenvolvimento da região Nordeste seria a constante associação entre seca e pobreza. A pobreza, segundo o pesquisador, vem de atividades não apropriadas ao clima local e que vêm sendo praticadas ao longo dos anos na região. Plantações de milho e feijão e outras culturas praticadas no Nordeste não são bem-sucedidas por não serem adequadas à caatinga, segundo Nobre.
“A agricultura de subsistência é difícil hoje e ficará inviável em breve. Para que o sertanejo prospere, teremos que mudar sua atividade econômica”, disse.
O cientista citou um estudo feito na Universidade Federal de Minas Gerais e na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que indicou que o desemprego no Nordeste tenderá a aumentar caso as atividades econômicas praticadas no interior continuem.
Nobre sugere a instalação de usinas de energia solar como alternativa. “A Europa está investindo US$ 495 bilhões em produção de energia captada de raios solares a partir do deserto do Saara, no norte da África. O mercado de energia solar tem o Brasil como um de seus potenciais produtores devido à sua localização geográfica e clima, e o Nordeste é a região mais adequada a receber essas usinas”, indicou.
“Ficar sem chuva durante longos períodos é motivo de comemoração para um produtor de energia solar”, disse Nobre, que ressaltou a importância dessa fonte energética na mitigação do aquecimento, pois, além de não liberar carbono, ainda economiza custos de transmissão por ser produzida localmente.
Mais eventos extremos
O potencial do Nordeste para a geração de energia eólica também foi destacado pelo pesquisador do Inpe. Devido aos ventos alísios que sopram do oceano Atlântico, o Nordeste tem em seu litoral um constante fluxo de vento que poderia alimentar uma vasta rede de turbinas.
Além da economia, Nobre chamou a atenção para as atividades que visam a mitigar os efeitos das mudanças climáticas, que seriam importantes também para o Nordeste. “Os efeitos dessas mudanças são locais e cada lugar as sofre de um modo diferente”, disse.
Um dos efeitos dessas alterações é o aumento dos eventos extremos como tempestades, furacões e tsunamis. Em Pernambuco, as chuvas de volume superior a 100 milímetros em um período de 24 horas aumentaram em quantidade nos últimos anos.
“Isso é terrível, pois as culturas agrícolas precisam de uma precipitação regular. Uma chuva intensa e rápida leva os nutrientes da terra, não alimenta os aquíferos e ainda provoca assoreamento dos rios, reduzindo ainda mais a capacidade de armazenamento dos açudes”, disse.
Nobre propõe que os governos dos Estados do Nordeste poderiam empregar ex-agricultores sertanejos em projetos de reflorestamento da caatinga com espécies nativas. A reconstrução dessa vegetação e das matas ciliares ajudaria a proteger o ecossistema das alterações climáticas e ainda contribuiria para mitigá-las.
O cientista defendeu também o acesso à educação de qualidade a toda a população, uma vez que a porção mais afetada é aquela que menos tem acesso a recursos financeiros e educacionais.
A implantação de uma indústria de fruticultura para exportação é outra sugestão de Nobre para preparar o Nordeste para as mudanças no clima e que poderia fortalecer a sua economia.“A relação seca-pobreza é um ciclo vicioso de escravidão e que precisa ser rompido. Isso se manterá enquanto nossas crianças não souberem ler, não aprenderem inglês ou não conseguirem programar um celular, por exemplo”, disse. (EcoDebate)Aquecimento global transformará sertão nordestino
De sertão a deserto, sinais do aquecimento global no semiárido nordestino transformam políticas de prevenção e adaptação em prioridade.
O sertão nordestino vai virar deserto. Pelo menos esse é o cenário mais pessimista que pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) preveem caso não sejam tomadas medidas contra o aquecimento na região. Nos últimos 40 anos, os termômetros registraram um aumento de mais de 3°C em cidades como Vitória de Santo Antão (PE), enquanto o resto do planeta esquentou em torno de 0,4°C. O fenômeno se deve em parte às mudanças climáticas decorrentes da emissão de gases estufa, mas também à urbanização crescente da região. Ao mesmo tempo, as chuvas estão se tornando raras, mas chegam com intensidade capaz de destruir cidades inteiras.
Os estudos que comprovam o fato, há muito observado pelos moradores locais, serão apresentados na 62ª Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), entre 25 e 30 de julho de 2010, em Natal (RN), e na Segunda Conferência Internacional: Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas, entre 16 e 20 de agosto de 2010, em Fortaleza (CE).
As altas temperaturas prejudicam sobretudo os pequenos produtores rurais. Eles fazem a chamada agricultura de sequeiro, que depende da chuva para manter lavouras de subsistência como feijão e milho. Segundo especialistas, essa prática agrícola – que tem alta demanda do recurso natural – já se tornou inviável em várias regiões do semiárido.
Por outro lado, o aumento da temperatura está fazendo com que a água presente no solo evapore mais rapidamente e forme nuvens maiores e mais carregadas – que resultam em chuvas intensas. “Como as cidades não terem infraestrutura, essas precipitações se transformam em tragédias, como as ocorridas em Alagoas e Pernambuco no mês de junho”, explica José Antônio Marengo, meteorologista e pesquisador do INPE.
Segundo ele, no entanto, a desertificação pode ser contida com o fim dos desmatamentos. “A cobertura vegetal é importante para manter o solo úmido. Se ele ficar totalmente exposto ao sol, a tendência é de que se torne um deserto”, diz. Outro fator responsável pelo fenômeno, o assoreamento dos rios, também pode ser evitado com a manutenção da vegetação.
Os pesquisadores estimam que 31,6 milhões de pessoas, em dez Estados, estejam vulneráveis aos efeitos do aquecimento no Brasil, o que corresponde a 19% da população. Além de prejudicar a agricultura, ele pode gerar uma alta no preço dos alimentos, migração para centros urbanos, desemprego e aumento nos gastos públicos com programas de emergência. Por isso, os cientistas defendem políticas de prevenção. “É preciso fazer um planejamento para quatro, cinco anos, e não as medidas paliativas de sempre”, defende Marengo.
Uma dessas alternativas seria tornar viável aos pequenos agricultores a irrigação por gotejamento. Essa tecnologia, criada em Israel, já é uma realidade para grandes produtores de cidades como Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), exportadoras de manga e uva. O investimento, porém, só tem retorno em três ou quatro anos. “Antes de tudo, é preciso educar as pessoas para que elas entendam que o aquecimento global é uma realidade”, conclui Marengo. (EcoDebate)Quem assa o planeta?
"Se quiser entender a oposição à ação climática, siga o dinheiro"
Nunca diga que os deuses não têm senso de humor. Aposto que eles ainda estão rindo no Olimpo sobre a decisão de tornar o primeiro semestre de 2010 – o ano em que morreu a esperança de uma ação para combater a mudança climática, o período mais quente de que se tem registro.
É claro que não se pode inferir tendências nas temperaturas globais a partir da experiência de um ano. Mas ignorar este fato tem sido há muito um dos truques favoritos dos que negam a mudança no clima: eles apontam um ano incomumente quente no passado e dizem: “Vejam, o planeta tem esfriado, não esquentado, desde 1998!”. Na realidade, 2005, não 1998, foi o ano mais quente até hoje.
Mas acha que algum dos que negam o aquecimento dirão “OK, eu estava errado” e passarão a apoiar uma ação em benefício do clima? Não. E o planeta continuará a cozinhar. Então, por que a legislação sobre mudança climática não passou no Senado? Vamos falar primeiro sobre o que não causou isso, pois tem havido muitas tentativas de jogar a culpa nas pessoas erradas.
Em primeiro lugar, não deixamos de agir devido a dúvidas científicas legítimas.
Todas as evidências válidas, médias de longo prazo de temperaturas, volume de gelo no Ártico, derretimento de geleiras, proporção entre altas e baixas recordes, apontam para um contínuo aumento das temperaturas globais.
Essas evidências tampouco foram maculadas por mau comportamento científico. Você provavelmente soube das acusações contra pesquisadores climáticos, alegações sobre dados fabricados, e-mails comprometedores do “Climagate” e assim por diante. O que você não deve saber, porque recebeu publicidade muito menor, é que todos esses supostos escândalos foram desmascarados como uma fraude tramada por oponentes da ação sobre o clima.
Preocupações razoáveis sobre o impacto econômico da legislação sobre o clima bloquearam a ação? Não. Tem sido engraçado observar conservadores, que enaltecem a flexibilidade e o poder ilimitado dos mercados, e insistir que a economia entraria em colapso se impusermos um preço ao carbono. Todas as estimativas sérias sugerem que poderíamos adotar pouco a pouco limites para emissão de gases-estufa com, no máximo, um pequeno impacto na taxa de crescimento da economia.
Então, se não foi a ciência, os cientistas ou os economistas que abortaram a ação sobre a mudança climática, quem ou o quê foi? Os suspeitos usuais: mesquinharia e covardia.
Se quiser entender a oposição à ação climática, siga o dinheiro. A economia como um todo não seria significativamente atingida se puséssemos um preço no carbono, mas certas indústrias, sobretudo a do carvão e do petróleo seriam. Essas indústrias montaram uma enorme campanha de desinformação para proteger seus negócios.
Olhe os cientistas que questionam o consenso sobre mudança climática; olhe as organizações que proclamam escândalos falsos; olhe os núcleos de estudo para os quais qualquer esforço para limitar as emissões aleijariam a economia. Verá que estão na ponta do recebimento de um duto de dinheiro que começa nas grandes companhias energéticas, como a Exxon Mobil, que gastaram milhões de dólares para promover a negação da mudança climática, ou Koch Industries, que patrocina há duas décadas organizações contrárias ao meio ambiente. Ou olhe os políticos mais vociferantes contra a ação climática. Onde eles obtêm a maior parte do dinheiro gasto em campanhas? Você já sabe a resposta.
Por si só, a mesquinharia não teria triunfado. Precisou da ajuda da covardia, acima de tudo de políticos que sabem quão grande é a ameaça do aquecimento global, que apoiaram a ação no passado, mas desertaram no momento crucial. Cito um, em particular: o senador John McCain.
Houve um tempo em que McCain era considerado amigo do meio ambiente.
Em 2003, ele poliu sua imagem de dissidente ao copatrocinar um projeto que criaria um sistema de limites para as emissões poluentes. Ele reafirmou o apoio a esse sistema em sua campanha presidencial e as coisas poderiam estar diferentes hoje se ele continuasse a fazê-lo.
Mas não o fez e é difícil não ver na mudança o ato de um homem disposto a sacrificar princípios, e o futuro da humanidade, para ganhar alguns anos a mais em sua carreira política. (EcoDebate)Degelo em montanhas aumenta nível dos oceanos
Ao contrário do que muitos imaginam não é o derretimento de gelo da Antártica e da Groenlândia o principal responsável pelo aumento do nível das águas dos oceanos. É o degelo dos topos das montanhas que deve receber atenção, segundo o coordenador-geral do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera, Jefferson Cardia Simões.
O glaciólogo (especialista em gelo e neve) explicou que o descongelamento nas regiões polares está ocorrendo em um ritmo menor por causa do aquecimento global. No topo das montanhas, o cenário é inverso, e o gelo está sumindo rapidamente. De acordo com Simões, é esse gelo derretido que alcançará, em determinado momento, rios e desembocará nos mares, significando o aumento do volume de água.
“No manto de gelo da Antártida, o derretimento é muito pouco, menos de 1% do Continente Antártico e está ocorrendo nas periferias das regiões polares. É nas montanhas onde ocorre a maior parte do derretimento, tanto nas zonas temperadas quanto tropicais. E essa água cedo ou tarde vai para o mar, que contribui para o aumento do nível do mar”, disse Simões, em palestra dia 27/07/10 na 62ª reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Algumas pesquisas preveem um quadro catastrófico: o derretimento total da massa gelada do planeta, equivalente a mais de 28 milhões de Km², levaria a um aumento de 70 metros do nível do mar. Para o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), previsões como essas são exageradas e quase impossíveis de se concretizar em curto prazo.
“Gradativamente, vamos ver eventos abruptos de clima, como enxurradas, enchentes e geadas em lugares que nunca haviam ocorrido antes, e também o aumento do nível do mar. Mas é gradativo, não é para amanhã”, afirmou o pesquisador. (EcoDebate)terça-feira, 27 de julho de 2010
inSustentabilidade! Eis o ‘momentum’
A mídia traz a todo o momento informações sobre aquecimento global, emissão de gases nocivos, exaustão dos recursos naturais, vazamentos de óleo, desmatamentos, conflitos armados. Um cenário áspero. Preservar a vida com alguma dignidade é uma questão de interesse global e envolve o nosso futuro e o das próximas gerações. No entanto as questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável e habitabilidade da terra por serem mais recentes e menos conhecidas pouco ou quase nunca abordadas pela maioria das pessoas. E isto deveria ser diferente. Com o intuito de fomentar a discussão e articular os argumentos necessários à reflexão introduzo um tema que vejo ser um dos mais críticos e complexos quando tratamos de humanidade e dos ecossistemas garantidores de sua existência: o modelo de produção e a forma como consumimos. O esgotamento do atual modelo socioeconômico. O sistema vigente resulta num pesado ônus político e socioambiental. E tende a se agravar em médio e longo prazo comprometendo, sobretudo a qualidade de vida no futuro. A ameaça de exaustão dos recursos naturais por conta da elevada e crescente demanda por alimentos e bens de consumo aliada à deterioração das relações de troca entre trabalho e capital resultou num perverso enriquecimento de minorias relegando à maioria a condição de pobreza. Isto levou ao enorme distanciamento socioeconômico entre classes sociais entre as nações. E nesta cadencia o cenário inexoravelmente se agravará. No âmbito climático rios transbordam na Suíça, no Brasil, nos EUA, na Alemanha e na China com freqüências cada vez maiores. Estudos do IPCC apontam para uma diminuição da quantidade de “dias frios” e aumento dos “dias quentes”. No Ártico, na Cordilheira dos Andes e na Europa central as camadas de gelo e neve estão derretendo. No econômico, o cientista inglês Nicholas Stern relata em seu estudo que cuidar do clima do planeta custaria entre 1 ou 2% do PIB mundial, mas os países ricos, principais poluidores ainda hesitam em agir. O grupo dos “economicamente desenvolvidos” atravessa a pior crise financeira dos últimos 70 anos, com elevados índices de desemprego. Países vão à falência e ameaçam arrastar junto boa parte da zona do euro. Enquanto lemos este artigo centenas de pessoas morrem em decorrência de conflitos armados ou da pobreza extrema na África, Oriente Médio e Ásia. Vetores que tendem a evoluir sem exceção, sejam em países ricos ou pobres. Estudos recentes elaborados por instituições acreditadas apontam que considerando-se os atuais padrões de consumo da população mundial hoje exige 2.5 planetas Terra adicionais para que dê conta de sua demanda por alimento, lazer e conforto.Estamos falando de Pegada Ecológica,assim é conhecido o indicador que aponta o esforço do planeta para sustentar a atual civilização.Procure na web por Footprint ou então no site www.wwf.org.br/pegadaecologica. Para se ter uma boa noção do impacto sobre o planeta é interessante observar que levamos 300 mil anos para nos tornarmos 2.5 bilhões de pessoas em 1950. E desde então até os dias de hoje, aumentamos e somos mais de 6,7 bilhões de seres humanos, consumindo muito de tudo. Portanto em apenas 60 anos a população mundial mais que dobrou e a velocidade do consumo destes recursos também cresceu de forma vertical. Não é a toa que o planeta aqueceu. Vamos considerar que apenas uma parte significativa da população mundial, pertencente aos países conhecidos por “economias emergentes”, formada por chineses, indianos e brasileiros desejem, por exemplo, adquirir um automóvel, uma geladeira, um forno de microondas, viajar de avião, ou ainda comer carne ou pescado. Anseios, originais e meritórios, que representam alguns itens de consumo e conforto no mundo contemporâneo mediano. Discorrendo de modo singular sobre as conseqüências ambientais para atender esta demanda, veja o que poderia acontecer. • Haveria aumento da demanda por combustível fóssil. Maior extração e refino para produzir os combustíveis para viabilizar toda a logística envolvida. Impacto gerado: aumento das emissões de gases efeito estufa (gee) e por conseqüência do aquecimento global, contaminação do solo e dos recursos hídricos. Vazamentos de óleo durante a extração (BP/Golfo do México) ou armazenamento (Petrobras/Baia da Guanabara-2000) acontecem • Crescimento da extração de minério para fabricação do aço necessário para a manufatura dos bens. Impacto gerado: degradação do solo, açoreamento de rios e lagos, desmatamento, demandam adicional de energia e por conseqüência maior emissão de gases efeito estufa além de outros poluentes pesados na atmosfera, nos rios e oceanos. • Intensificação do uso de energia para operação dos equipamentos de produção de bens duráveis e de consumo. Impacto gerado: sobrecarga na temperatura global por conta da queima do combustível fóssil e pelo alagamento de novas áreas, hoje florestadas, para produção de mais energia hidrológica; aumento de resíduos tóxico e nucleares. • Aumento da demanda em toda a cadeia da matéria–prima, mão de obra e insumos secundários para a manufatura, logística de entrega e emprego de componentes agregados como papel, plástico, aço. Impacto gerado: superexploração dos recursos naturais e maior exposição dos biomas ao risco de exaustão e extinção • Aumento na demanda por alimentos. Impacto gerado: intensificação do desmatamento e da degradação da terra pela cadeia do agrobusiness, exaustão dos aqüíferos por conta de métodos inadequados de plantio e irrigação. Só para citarmos alguns. Contudo, para que a exposição não pareça parcial há que se considerar que não se trata apenas de uma cadeia de destruição e ônus que se impõe. Há também uma corrente paralela de construção e de benefícios e isto nos permite uma reflexão comparativa sobre a relação. Infelizmente esta relação é marcada por um profundo desequilíbrio, pois o regime socioeconômico vigente, excludente, não permite que a maior parte das populações possa usufruir de benefícios como alimentos, medicamentos, tecnologia e o que é pior, aqueles que podem, em sua maioria o fazem de forma perdulária. Em 2030 seremos 9 bilhões de habitantes. Seria este o momento da profunda e extensa reavaliação necessária dos princípios e valores vigentes, uma vez que civilização atual se encontra próxima do limite de esgotamento de seus recursos naturais? Grande parte das fronteiras à sobrevivência estão mapeadas. Já sabemos quais são e onde estão. Resta agora o mais complexo que é conceber quais serão os novos fundamentos socioambientais para uma inovadora hegemonia global e quais os paradigmas econômicos viáveis para esta nova era. Como conciliar os anseios de uma sociedade que aprendeu a cultuar e adorar a imagem do excesso de oferta á um cenário de limitação e escassez no futuro? Kant e o Iluminismo A última grande revolução de idéias que efetivamente transformou o mundo foi na primeira metade do século XVIII com o Iluminismo, quando houve uma convergência de tendências filosóficas, sociais, políticas,intelectuais e religiosas. Resultando num vasto conjunto de valores e de novos princípios estruturais e pragmáticos que nos nortearam até os dias de hoje. Nos tornamos a evolução daquele momento e agora nos damos conta de que precisamos de outra grande era de transformação. Como definiu o grande pensador Immanuel Kant: “O Iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutelagem que estes mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles que se encontram incapazes de fazer uso da própria razão independentemente da direção de outrem. É-se culpado da própria tutelagem quando esta resulta não de uma deficiência do entendimento, mas da falta de resolução e coragem para se fazer uso do entendimento independentemente da direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem para fazer uso da tua própria razão! – esse é o lema do Iluminismo”. E é disso que precisamos. (EcoDebate)
Países pedem a redução de gases
Grupo Basic (Brasil, África do Sul, Índia e China) quer que nações ricas assumam maior responsabilidade pelo aquecimento global.
Os países emergentes estudam levar à próxima Conferência do Clima uma proposta única de redução das emissões de gases de efeito estufa. O texto deverá estabelecer critérios que permitam o desenvolvimento sustentável e cobrar que as nações ricas assumam mais responsabilidade pelo aquecimento global.
Durante um encontro realizado em final de julho de 2010 no Rio, ministros do grupo Basic (Brasil, África do Sul, Índia e China) anunciaram a realização de estudos técnicos nos próximos meses para elaborar os parâmetros que serão levados à cúpula da ONU, marcada para novembro e dezembro em Cancún, no México.
"Estamos dialogando para estabelecer posições convergentes, mas ainda precisamos avaliar o impacto das propostas de redução da emissão de gases nas economias domésticas", disse a ministra brasileira do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
As autoridades cobram a adoção de metas diferenciadas de redução das emissões para cada nação, mas ainda não chegaram a um acordo em relação aos critérios que serão usados para estabelecer esses limites.
Segundo a proposta, cada país teria direito a emitir um volume máximo de gases de efeito estufa, para tentar evitar um aumento significativo da temperatura do planeta. Para impedir um aquecimento de mais de 2°C em relação ao período pré-industrial, o Brasil defende o uso de parâmetros históricos, em que os países desenvolvidos estariam sujeitos a restrições maiores. A Índia sugere a adoção de metas de emissão per capita, em que as nações mais populosas teriam direito a limites mais altos.
"Há um longo caminho até que cheguemos a um paradigma comum. De qualquer maneira, um acordo que evite o crescimento dos países emergentes não seria um acordo equitativo", avaliou o ministro indiano Jairam Ramesh. "Não podemos aceitar acordos que estreitem o espaço de desenvolvimento para nossos países", acrescentou.
Representantes das quatro nações se encontrarão novamente em outubro, em Pequim, para acertar os pontos do documento, que será proposto aos países em desenvolvimento do chamado G-77 e levado a Cancún. Os ministros reunidos no Rio, no entanto, reconhecem que as diferenças entre as nações do grupo pode dificultar um acordo.
Plano modesto
Sob a defesa do direito ao desenvolvimento dos países pobres, o Basic pode apresentar em Cancún propostas modestas, mas que evitem impasse semelhante ao da COP-15, no ano passado (mais informações nesta página). "Temos expectativas mais humildes em relação a Cancún, mas que sejam eficazes para mitigar os efeitos das mudanças climáticas", disse o vice-presidente da comissão chinesa para o desenvolvimento, Xie Zhenhua.
PARA ENTENDER
Nações não têm metas A 15.ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-15) terminou em dezembro passado sem metas concretas de redução dos gases-estufa. O acordo firmado é uma declaração política de intenções. O Brasil se comprometeu com um corte voluntário de 36% a 39% das emissões de gases-estufa até 2020.domingo, 25 de julho de 2010
“Máquinas” de absorver CO2
Florestas tropicais são maiores “máquinas” de absorver CO2.
As florestas tropicais, como a Amazônia, são as máquinas de fotossíntese mais eficientes do planeta. Um novo estudo internacional [Terrestrial Gross Carbon Dioxide Uptake: Global Distribution and Covariation with Climate] mostra que elas absorvem um terço de todo o gás carbônico que é retirado da atmosfera pelas plantas a cada ano.
Pela primeira vez, cientistas calcularam a absorção global de CO2 pela vegetação terrestre: são 123 bilhões de toneladas do gás por ano.
“É o dobro da quantidade de CO2 que os oceanos absorvem”, diz Christian Beer, do Instituto Max Planck para Bioquímica, na Alemanha. Ele é coautor do estudo, publicado na revista “Science”.
Selvas tropicais respondem por 34% da captura. As savanas, por 26%, apesar de ocuparem o dobro da área.
Um outro estudo [Global Convergence in the Temperature Sensitivity of Respiration at Ecosystem Level] , publicado na mesma edição da “Science”, mostrou que a temperatura influencia pouco na quantidade de carbono exalado pelas plantas quando elas respiram.
Havia temores de que o aquecimento global pudesse acelerar as taxas de respiração, fazendo com que florestas se convertessem de “ralos” em fontes do gás, agravando mais o problema.
Juntos, esses dados devem ajudar a melhorar os modelos climáticos, que dependem do conhecimento preciso do fluxo de carbono entre plantas, atmosfera, oceanos e fontes humanas do gás.
O trabalho de Beer também ressalta a importância das florestas secundárias na Amazônia como “ralos” para o CO2 em excesso despejado no ar por seres humanos.
Isso porque, apesar de absorverem muito carbono por fotossíntese, as florestas tropicais devolvem outro tanto ao ar quando respiram.
Florestas em regeneração, por outro lado, fixam muito mais carbono do que exalam.
O estudo usou dados de uma rede internacional, a Fluxnet, que reúne centenas de torres que servem como postos de observação pelo mundo, analisando os fluxos de CO2 na vegetação ao redor.
No Brasil há quase uma dezena de torres de fluxo, a maior parte delas instaladas na Amazônia.
“Mas ainda sabemos pouco, por exemplo, sobre pontos de transição abrupta ligados ao clima, como florestas em savanização”, diz o biólogo Antonio Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. “Ainda existem ambientes pouco mapeados, como pântanos e brejos.” (EcoDebate)sexta-feira, 23 de julho de 2010
Destruindo o meio ambiente
Políticas para o Planeta
Desgelo mundial aumentará
Derretimento das geleiras ajudaria o mar a crescer 1 metro em 100 anos.
Em poucos séculos, o homem atingiu algo nunca visto no último milhão de anos: o desaparecimento de 1% do gelo das regiões polares. E este número deve dobrar nos próximos dez anos, segundo Francisco Eliseu Aquino, pesquisador do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A estimativa enterra a hipótese, aventada cinco anos atrás, de que apenas as geleiras de grandes montanhas contribuiriam para o aumento do nível do mar. Hoje, sabe-se que a Antártica e a Groenlândia também farão com que os oceanos cresçam de 60 centímetros a 1 metro nos próximos 100 anos.
- A Groenlândia, que conta com 7% do volume de gelo do planeta, tem um derretimento superficial muito maior do que o esperado – ressalta.
- Chegamos a pensar que a massa de gelo havia se estabilizado, mas nos enganamos. E esta região contribui para o aumento do nível do mar, assim como o norte da Antártica.
Grupo faz perfurações para analisar mudanças glaciais O gelo marinho flutuante do Ártico não contribui para o aumento dos oceanos, porque sua massa já está na água. Mas, como reflete a luz do Sol, ele é fundamental no equilíbrio térmico da região. Se derreter, os termômetros registrarão temperaturas maiores.
Para estudar as consequências das mudanças climáticas e glaciais aqui e no continente gelado, o glaciologista Jefferson Cárdia Simões fundou o Projeto Casa (abreviação, em inglês, para “Clima da Antártica e América do Sul”). Ele apresentará seus novos estudos na reunião da SBPC.
- Fizemos perfurações nos Andes e na Antártica para, através das amostras de gelo, colher dados sobre o clima de até cinco mil anos atrás – explica Aquino, integrante do projeto. – Assim, conseguiremos identificar os ciclos de fenômenos como o El Niño, além da velocidade de outras transformações. Quando elas acontecem há muito tempo, são ciclos naturais. Se tiveram uma aceleração brusca, devemos atribuí-las à ação humana. (EcoDebate)segunda-feira, 19 de julho de 2010
Degelo no Oceano Ártico
Cobertura de gelo do Oceano Ártico em descongelamento.
O Polo Norte está ameaçado: o oceano gelado que o rodeia começou a derreter. O colapso da calota teve início. O explorador alemão Arvel Fuchs calcula que, durante o verão de 2009, os gelos derretidos do Polo Norte equivalem a quatro vezes a área da Alemanha. Dez filmes nos mostraram o sofrimento dos ursos brancos, magros e extraviados, à procura de seus antigos reinos inviolados de gelo. A partir deste verão, é possível que navios pioneiros consigam unir o Canadá à Sibéria.
Esse desaparecimento da calota polar que envolve há milhões de anos o cimo da Terra é um grande movimento da história. A última “terra incógnita” vai desaparecer. O imenso silêncio, os horizontes infinitos, as vastas brancuras do Polo Norte e seu nada vão ser substituídos por regiões às quais os homens, seus barulhos, seus motores a explosão, seus bancos, seus contêineres, terão acesso. Vamos assistir a este fenômeno raro: uma subversão da geografia que se desenrolará diante de nossos olhos.
Semelhante aventura provocará grandes transformações econômicas em escala planetária: de um lado, o mar, quando ficar desimpedido e acessível, poderá ser explorado pelos homens. Ele deixará que engenheiros e operários revolvam suas entranhas até agora interditas. Paralelamente, os navios poderão ligar diretamente a América ou a Europa ao Extremo Oriente, em vez de fazê-lo por enormes e custosos desvios pelo sul da África ou pelo Canal de Suez.
As nações que margeiam o Oceano Ártico já estão na linha de largada: Estados Unidos, Rússia, Canadá, Groenlândia (Dinamarca) e Noruega. Olhos brilham de cobiça à espera da abertura de um cofre-forte cheio de lingotes. Que lingotes? Carvão, cobre, bilhões de barris de petróleo, bilhões de metros cúbicos de gás, cobalto, antimônio, níquel, peixes. Uma caverna de Ali Babá.
Quem é o proprietário? Em 1º de dezembro de 1982, uma Convenção da ONU sobre o Direito do Mar foi assinada em Montego Bay (Jamaica). Ela prescreve que o Polo Norte e seu entorno são “patrimônio da humanidade” e não pertencem a ninguém. Boa coisa. Mas, esse “coração” do Polo, segundo os geólogos é muito pobre em petróleo e minerais. Na verdade, todas as riquezas se concentram na periferia do Oceano Ártico, na direção das terras. O direito internacional de 1982 institui que cada país ribeirinho tem o direito de explorar uma Zona Econômica Exclusiva que avança até 200 milhas marítimas (350 quilômetros) mar adentro. Não há ambiguidade: cada um dos cinco países tem seu domínio delimitado.
Uma cláusula da Convenção de 1982 perturba a ordem: se os países ribeirinhos conseguirem provar que a plataforma continental que se projeta de suas margens prolonga-se além da sua área seus domínios seriam aumentados.
Os geólogos voltaram ao trabalho e descobriram plataformas continentais. A Rússia abriu fogo. Ela desembainhou a “cordilheira” Lomonosov, uma montanha submarina que parte do litoral russo e passa justamente embaixo do Polo Norte.
Os outros ribeirinhos chiaram. Os geólogos canadenses provaram que a cordilheira Lomonosov não tem origem na Rússia e sim no norte do Canadá. E os geólogos dinamarqueses demonstraram que ela nasce na Groenlândia. Sem perda de tempo, em 2007, os russos desceram um minissubmarino que plantou na vertical do Polo Norte, a 4.264 metros de profundidade, uma bandeira de titânio com as cores russas.
O certo é que, num prazo de dez, vinte anos, o Polo Norte vai cair nas garras da história, isto é, da indústria. A última terra virgem do planeta se tornará a fábrica do mundo. O silêncio, o belo silêncio sobrenatural será violado. Em seu lugar estrondeará o burburinho dos homens. Uma das últimas reservas da beleza das coisas chegará ao fim.
Segunda consequência: o Oceano Ártico, desonerado de seus gelos, se tornará uma “autoestrada do mar”. Esse é um velho sonho. Desde que Colombo descobriu a América, capitães destemidos tentaram abrir um caminho através das banquisas para criar caminhos diretos para a outra metade do globo, para a Ásia.
Esses caminhos foram batizados de “Passagem Noroeste” (pelo norte do Canadá) e “Passagem Nordeste” (ao longo das costas da Sibéria. Essas duas passagens continuaram bloqueadas, mas, durante quatro séculos, fascinaram o mundo. Mas eis que a terra consuma hoje, ela própria, a metamorfose que o gênio do homem não conseguiu obter em quatro séculos de explorações heroicas.
A partir deste ano, um carregamento de ferro partirá de Kirkenes, no norte da Noruega, para a China. Um petroleiro russo zarpará do porto de Varandey, no grande norte siberiano, para entregar sua carga no Sudeste Asiático. Do lado canadense e americano, espera-se para mais adiante a abertura da passagem noroeste.
Será preciso esperar alguns anos para esses dois itinerários se tornarem operacionais. Mas, a menos que um novo capricho do clima nos reenvie a uma improvável era glacial, as duas rotas deverão se tornar navegáveis dentro de alguns anos .
Os benefícios serão consideráveis. Hoje, entre Londres e Tóquio, os navios cobrem 21 mil quilômetros. Pelo Ártico, as duas cidades se encontrariam a 14 mil quilômetros de distância apenas. Entre Noruega e a China, a passagem do noroeste faria ganhar entre 15 e 20 dias de navegação.
Em 1498, o Doge de Veneza convocou seus conselheiros. Naquela manhã, ele recebera um despacho e esse despacho era lamentável. Um navegador português, Vasco da Gama, conseguira dobrar o sul da África pelo Cabo das Tormentas, rapidamente rebatizado de Cabo da Boa Esperança. Até então, Veneza controlava a totalidade do comércio entre o Ocidente e o Oriente. Veneza era a porta que permitia à Europa se comunicar com a Ásia. A única porta entre os dois continentes. Veneza foi privada de seu privilégio. Assim caminha a história: bastou uma nova rota ser inventada por um marinheiro português e toda a geografia do mundo entrou em transe, vacilou, e a história pôs-se a girar, como num imenso picadeiro das dimensões do universo.
O Doge entendeu isso num estalo: Veneza morria. Veneza ia morrer. No futuro, ela seria apenas uma princesa esplêndida, inconsolável, enlutada por si mesma, moribunda e bela como uma lembrança perene agora que as rotas que ela outrora controlava eram desfeitas em favor de rotas novas e de uma nova “modernidade”. Começou então a longa e esplêndida letargia de Veneza, à beira de suas lagunas desamparadas. (EcoDebate)Um século quente e desastrado demais
O aquecimento global desperta alerta. Diante da possibilidade de eventos climáticos extremos, não são apenas as cidades que estão vulneráveis
Previsões do tempo são vistas com certo ceticismo. Contudo, o quadro climático que se transforma e as provas que nos são apresentadas de que algo está fora do eixo da normalidade são cada vez mais evidentes. Especialistas alertam que as cenas de destruição que acompanhamos recentemente em Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e Santa Catarina podem se tornar mais frequentes e mais catastróficas nas próximas décadas. “Cada região será atingida por desastres que não aconteciam no passado e cada comunidade terá de se adaptar a novos tipos de desastres”, explica o geólogo Renato Lima, diretor do Centro de Desastres da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Os impactos ambientais para daqui a 50 anos não devem ficar restritos a desmoronamentos de terra e abalos estruturais provocados por tempestades e inundações. Além de fortes enxurradas, as previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, da Organização das Nações Unidas (ONU), aponta para o aumento de cenários com extremos climáticos, como invernos mais rigorosos, mais ondas de calor, maior incidência de ciclones tropicais, períodos de seca mais extensos e mais ressacas no litoral. Diante disso, a agricultura e a saúde pública também estarão mais vulneráveis às alterações climáticas.
São previsões e cenários traçados por especialistas diante do desenfreado aumento de temperatura, que tem relação direta com a ação humana no meio ambiente. O climatologista José Marengo, integrante do Centro de Ciência do Sistema Terrestre, grupo do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), explica que a temperatura do planeta tem aumentado desde a Revolução Industrial. “O aquecimento global é um processo natural. O problema é que as atividades humanas têm acelerado o processo. Os desastres que temos visto são indicadores de que estamos mudando o clima.”
Não são apenas os gases poluentes que lançamos na atmosfera que provocam esse estrago (estima-se que são cerca de 7,1 bilhões de toneladas de gás carbônico emitidas todos os anos). A ocupação irregular em áreas de risco – encostas de morros e nas margens dos rios –, o desmatamento e a transformação de grandes centros urbanos em ilhas de calor, sem preocupação com a sustentabilidade da região, também fazem com que a temperatura aumente e contribuem com a vulnerabilidade das cidades e populações.
Previsões do IPCC apontam que, nos próximos 50 anos, a temperatura média global pode aumentar de 1ºC a 5,8ºC, podendo chegar a 6,4ºC até 2100. A variação dependerá da forma como nós estaremos lidando com o meio ambiente nos próximos anos. Os cenários traçados a partir dessa margem termométrica mostram que o volume de chuvas na região Sul do Brasil aumentaria entre 6% e 24%. Enquanto a umidade prevaleceria por aqui, partes da Amazônia entrariam em processo de desertificação e a seca no Nordeste ficaria mais rigorosa, com a queda de até 33% do volume de chuvas.
Adaptação
Por menor que pareça o aumento da temperatura, o resultado pode ser catastrófico. Trata-se de uma preocupação imediata de preservação e da capacidade de nos adaptarmos para o que está por vir. “O clima sempre variou e vai continuar variando. Mas as mudanças, hoje, estão muito rápidas. Os fenômenos perigosos vão ficando com maior magnitude. O homem é responsável. Estamos acelerando essas mudanças”, alerta Lima. “Não tem nada que podemos fazer para diminuir a temperatura, mas podemos adotar medidas para minimizar o aquecimento”, complementa Marengo.
Lima explica que há dois tipos de medidas a serem adotados pela sociedade para enfrentar as mudanças. A preventiva está voltada a medidas que buscam minimizar o impacto do homem na natureza para que as variações de clima sejam menores que o esperado. Já a forma adaptativa caminha em direção a ações que prezem pela segurança da população.
“O clima é um fator, mas ele não gera o problema. A população deve estar preparada e adaptada para o que acontecer”, alerta Marengo. O climatologista defende que essa adaptação seja regulamentada por leis estabelecidas pelo Estado para que não se dependa de ações domésticas e isoladas de cada cidadão. “A maioria das pessoas não faz se não for por lei. É algo que deve ser estabelecido em comum para todos. Diante das mudanças climáticas, a única alternativa é se adaptar”, resume.
Sul do Brasil e países de clima temperado enfrentarão a dengue
O aumento da temperatura global deixará o Sul do Brasil e outros países de clima temperado vulneráveis a uma doença bastante conhecida em outras regiões brasileiras: a dengue. A proliferação do mosquito Aedes aegypti, assim como de outros insetos, torna-se favorável em ambientes mais quentes e úmidos. Com isso, populações que nunca tiveram de enfrentar algum tipo de surto poderão sofrer com essa mudança. “A prevalência das doenças vai mudar”, alerta o geólogo Renato Lima, diretor do Centro de Desastres da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Entretanto, o secretário estadual da saúde, Carlos Augusto Moreira Junior, reforça que, além do aumento da temperatura, existe o alerta para a adaptação do mosquito da dengue ao frio. “Estamos atentos a isso e preocupados com a dengue como um todo”, afirma. Diante do problema, a experiência que outros estados brasileiros têm no combate à doença é vista como um fator positivo, que pode ser usada em outras áreas de risco.
Além da dengue, a malária e a leptospirose são outras preocupações de Lima. “Há relação direta ao cruzar dados de chuvas com o aumento da incidência de casos de leptospirose”, conta o especialista. “Com relação à leptospirose, não temos nada preventivo eficiente. Não é uma coisa tão fácil”, comenta o secretário. Ele defende investimentos na área de saneamento e escoamento da água da chuva para evitar esse problema. Moreira Junior conta que a secretaria trabalha com períodos mais curtos, o que torna difícil apontar um cenário para daqui 50 anos. “As coisas não serão de um dia para o outro. As pessoas têm de procurar prevenir isso. O melhor remédio é a prevenção para evitar o aumento das temperaturas.” (EcoDebate) Geleira retrai 1,6 km² em uma noite
sábado, 17 de julho de 2010
Novas necessidades da economia verde
Principais selos ecológicos no mercado
O que é: FSC (Forest Stewardship Council) sigla em inglês – Conselho de Manejo Florestal
O que certifica: áreas e produtos florestais, como toras de madeira, móveis, lenha, papel, nozes e sementes, assim como a madeira utilizada pela construção, móveis, artefatos, papel e óleos.
Como é: atesta que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado, socialmente justo e economicamente viável. Dez princípios devem ser atendidos, entre eles a obediência às leis ambientais, o respeito aos direitos dos povos indígenas e a regularização fundiária.
Garantia: produto vem de florestas plantadas ou de floresta com manejo controlado.
O que é: ISO 14001
O que certifica: sistema de gestão ambiental de empresas e empreendimentos de qualquer setor.
Como é: em sua operação, a empresa deve levar em conta o uso racional de recursos naturais, a proteção de florestas e a preservação da biodiversidade, entre outros quesitos. No Brasil, quem confere essa certificação é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Ao contrário das demais certificações, não há um selo visível em produtos. Para saber se uma empresa tem o ISO 14001, deve-se consultar seu site ou centro de atendimento ao cliente.
O que é: LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental) sigla em inglês.
O que certifica: prédios e outras edificações.
Como é: concedido a edificações que minimizam impactos ambientais, tanto na fase de construção quanto na de uso. Materiais renováveis, implantação de sistemas que economizem energia elétrica, água e gás e controle da poluição durante a construção são alguns dos critérios.
Garantia: Construções que reduzem impactos ambientais e utilizam sistemas que economizam energia, água e gás.
www.usgbc.org/leed
O que é: Rainforest Alliance Certified (sigla em inglês). Selo agrícola de boas práticas socioambientais.
O que certifica: produtos agrícolas, como frutas, café, cacau e chás. Como é: trata-se de uma certificação socioambiental. Comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo. Com grande aceitação na Europa e nos EUA, é auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).
Garantia: Produção agrícola foi feita em harmonia com a natureza e respeita os direitos trabalhistas no campo.
http://www.imaflora.org/
Outros selos dessa categoria: UTZ Kapeh e Max Havelaar.
O que é: ECOCERT – Selo de produção orgânica, sem adubos e pesticidas químicos.
O que certifica: alimentos orgânicos e cosméticos naturais ou orgânicos.
Como: os alimentos processados devem conter um mínimo de 95% de ingredientes orgânicos para serem certificados. Para ganhar um selo de cosmético orgânico, um produto deve ter ao menos 95% de ingredientes vegetais e 95% destes ingredientes devem ser orgânicos certificados, no caso de cosméticos naturais, 50% dos insumos vegetais devem ser orgânicos. O selo Ecocert é um só (este ao lado). Mas, por contrato com a certificadora, o fabricante é obrigado a identificar no rótulo se o produto é orgânico ou natural.
Garantia: Alimentos industrializados devem conter 95% de ingredientes orgânicos e cosméticos, 50%.
http://www.ecocert.com.br/
O que é: IBD (Instituto Biodinâmico). Produção orgânica.
O que certifica: alimentos, cosméticos e algodão orgânicos.
Como é: além de cumprir os requisitos básicos para a produção orgânica (como fazer rotação de culturas e não usar agrotóxicos), garante que a fabricação daquele produto obedece ao Código Florestal Brasileiro e às leis trabalhistas. Os produtos industrializados devem ter ao menos 95% de ingredientes orgânicos certificados, a água e o sal são desconsiderados nesse cálculo tanto para cosméticos quanto para alimentos.
Garantia: Produção agrícola é orgânica. Os produtos industrializados devem ter ao menos 95% de ingredientes orgânicos.
http://www.ibd.com.br/
Outros selos dessa categoria: Ecocert (leia acima), Demeter, CMO (Certificadora Mokiti Okada) e IMO (Institute for Marketecology).
O que é: Procel é o selo de eficiência energética (Ministério das Minas e Energia)
O que certifica: equipamentos eletrônicos e eletrodomésticos, tais como: lâmpadas, ar-condicionado, motores.
Como é: o selo do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica indica os produtos que apresentam os melhores níveis de eficiência energética dentro de cada categoria. Os equipamentos passam por rigorosos testes feitos em laboratórios credenciados no programa.
Garantia: Equipamentos apresentam consumo de energia reduzido.Pesquisa identifica microplásticos em 70% das amostras de frutos do mar
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